Quinta-feira, 23 de setembro de 2010 - 19h02
O texto abaixo foi escrito em julho/2005 e publicado em alguns jornais de Porto Velho.
Por Sérgio Ramos
Remexendo o meu arquivo virtual "morto" encontrei-o, reli e decidi compartilhar com vocês da forma como foi concebido há cinco anos, pois continuo pensando da mesma forma e, acreditem, crendo nas atitudes cidadãs sugeridas no final do texto.
Sei que o texto é longo, mas acredite, não dá para expor e aprofundar uma idéia por meio de textos curtos. Estou procurando os motivos por que fizeram-nos acreditar nisso, no contrário. Ah, se você souber, por favor compartilhe comigo enviado para o e-mail sergioramos@enter-net.com.br.
À leitura.
Esta palavra não existe no dicionário. Também não encontrei nenhum documento na internet através do ‘buscador google’.com.br. Em compensação, o ‘buscador’ me respondeu: "Você quis dizer: ‘Isocracia’". Voltei ao dicionário. Também não encontrei "isocracia". Em compensação encontrei isócrono, que significa: "que se realiza em tempos iguais; isocrônico (Michaelis)." Não satisfeito voltei ao ‘buscador’ e procurei por isocracia. Eis os resultados: "Durante o ‘Século de Ouro’ de Atenas (V a.C.) foi garantida a plena participação do cidadão (entendido como todo aquele que dispunha de direitos políticos, ou seja, homens livres, adultos, nascidos em Atenas e filhos de pai e mãe ateniense), por meio da igualdade de: direito de todos perante a lei (isonomia), direito de acesso à palavra na Assembléia e nos negócios (isegoria) e participação no poder (isocracia). Portanto a democracia ateniense era direta, enquanto a atual é representativa" (www.uol.com.br).
Confesso que descobri que Isocracia e Democracia são a mesma coisa, ou seja, não existem. Daí, pensei em "Ilusiocracia", que é uma junção das palavras ilusão, que segundo o Michaelis significa "Engano dos sentidos ou da inteligência. Errada interpretação de um fato ou de uma sensação. O que dura pouco. Dolo, fraude. Traição. E da palavra – no início pensei em democracia – isocracia que significa, segundo Péricles, participação direta do povo no poder.
Creio que vivemos numa Ilusiocracia, ou seja, numa democracia que não existe.
Não sei como funcionava na Grécia, mas sei que não funciona no Brasil. Achei (esse é o problema) que elegíamos representantes dos nossos anseios. Como pude acreditar que um vereador, um prefeito, um deputado estadual, um governador, um deputado federal, um senador e um presidente, fossem realmente se importar com os meus anseios? Relembrando. Anseios, segundo o Michaelis, quer dizer "Ato de padecer ânsias. Desejo veemente. Ambição."
Representantes em todos, ou em quase todos, níveis políticos. Até representação internacional. Já pensou, ter um representante para assuntos internacionais? Só mesmo numa "Ilusiocracia" como a nossa.
Eu acreditava que alguém pudesse representar os ansei
os de outra pessoa. Um exemplo muito comum são pais que querem que seus filhos se realizem em coisas que ele, o pai ou a mãe, não conseguiram. Ou seja, frustrados, exigem que filhos também sejam frustrados. Afinal, vão realizar algo que não é anseio, deles, dos filhos.
Caiu a ficha, ou melhor, o cartão. Até então, sentia-me orgulhoso. Afinal, não é todo mundo que tem tantos representantes ilustres. São oito. Considerando que só devemos votar em um de cada naipe político, mesmo assim, temos uma equipe que nos representa, que trabalha, pelos menos deveria, em nosso favor. Por exemplo: tendo em vista que moro em Rondônia, meus representantes legítimos empossados no contexto da "ilusiocracia" são: 16 vereadores, 1 prefeito, 24 deputados estaduais, 8 deputados federais, 3 senadores e um presidente da república. São 54 representantes legítimos dos meios anseios. Isso sem contar todas as máquinas que colocamos a disposição desses legítimos representantes para que eles possam realizar todos os nossos sonhos. Afinal, estamos no poder, ou não estamos? Não somos nós que pagamos seus altíssimos salários e suas mordomias exageradas?
Quando voto, acredito em que o candidato disse em campanha. É incrível como coincidem os anseios dos candidatos com os meus. Tudo igual, ou quase. É impressionante como pensamos parecidos. Também não podia ser igual. Aí seria muita coincidência. Eles, os representantes, prometem em campanha, que a saúde, a educação, desenvolvimento, segurança, infraestrutura, os nossos direitos serão garantidos. Garantem asfalto, sinalização, praças, equipamentos para o desenvolvimento cultural da população, e muitos, muitos e muitos empregos. E não é só isso (referência às propagandas dos produtos "Tabajara"). Prometem devassa na administração anterior. Corrupção? Nunca mais. Nepotismo é um absurdo. Condições de trabalho dos funcionários públicos e os salários baixos? Tudo será coisa do passado.
No dia primeiro de janeiro, ou seja, no primeiro dia de administração dos meus novos empregados, será iniciada uma nova era. Coisa para esquecer todas as desgraças realizadas, com maestria, pelos meus empregados anteriores. Afinal, fiz a coisa certa: demiti os incompetentes. E como um administrador moderno, ao invés de trazer gente de fora, oportunizo a prata da casa. Gente minha. Que mora na minha Cidade, Estado e País. Gente da gente que reclamava, assim como eu, de todos os desmandos realizados pelos nossos empregados anteriores. Gente com as melhores soluções para todos os meus problemas.
Chega o dia primeiro de janeiro. Até aí, tudo bem. Reafirmação de todas as promessas feitas em campanha. Foguetes, festas, tudo como deve realmente ser iniciada uma nova era. Um novo tempo. Esperanças renovadas. Estou mais tranqüilo. Enfim, tem alguém que pode cuidar dos meus interesses.
Como ninguém é perfeito, os meus representantes esqueceram que para cumprir todas os meus desejos, que eram semelhantes aos deles, precisava de muito, mas muito dinheiro e de pessoas preparadas para realizá-los de forma consistente, sólida. Descobriram que os empregados demitidos não tinham deixado nada no caixa. E o pior. Deixaram muitas dívidas além da casa desarrumada. É lógico que terei que ter paciência. Darei o tempo necessário para tudo se ajustar e a tão sonhada mudança ser, finalmente, iniciada.
O resto dessa história ou estória, como queira, você conhece.
O problema é que sou apenas um dos 120 milhões de acionistas, ou seja, eleitores do Brasil. Esqueci que os meus representantes não são escolhidos só por mim. Que eles estão lá, bem empregados, apenas por vontade da parte maior dos proprietários do Brasil. Que somos eu e você e mais uns cento e oitenta e dois milhões de brasileiros. Ou seja, nunca escolhemos os nossos empregados de forma unânime, isto é, cem por cento. Trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta por cento concordam em admitir os mesmos representantes.
Isto me leva a crer que apenas uma parte quis que os problemas fossem resolvidos da forma como foram apresentados por nossos heróis. A outra parte fará tudo para não dar certo. Até provar que estavam certo. Que a forma deles para resolver os nossos problemas poderia ser melhor. Não descansarão enquanto não for dada a oportunidade de mostrar suas capacidades. E assim, é consolidada a democracia brasileira, que a partir de hoje, rebatizada de "ilusiocracia". Pelos menos para mim. E me considero um otimista.
As câmaras municipais, assembléias legislativas, câmaras federais e o senado, constituem uma massa de interesses diferenciados do povo. O dono do poder. São os representantes das mais variadas expectativas, que vão votar para aprovar soluções de acordo com os desejos de quem lhes financiou, isto é, de quem lhes deram, além de voto, muito dinheiro. E os meus desejos, que eram iguais aos dos candidatos a serem meus empregados, que me representariam no fórum adequado para realizá-los, não são mais tão iguais assim. Por ser democráticos, nossos candidatos fazem acordo comigo, que apenas voto, e com outros, que além do voto, doam dinheiro em espécie para não deixar rastros. A partir de primeiro de janeiro, os interesses passam a ser os dos meus empregados. Afinal, todos nós temos nossos próprios desejos. Ninguém se realizará através do outro. Esses casos são exceções.
E o ciclo democrático se repetirá. Novamente com as mesmas regras e com as mesmas incertezas. Ainda não aprendemos a contratar. Ainda não sabemos avaliar. Ainda não sabemos fazer as perguntas corretas para certificarmos que as nossas ordens serão cumpridas. Ainda não adquirimos o faro de reconhecer um bom empregado. A pessoa certa para o cargo certo. Ainda não conseguimos identificar as características de um bom vereador, prefeito, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e presidente. Aliás, se não sabemos exatamente quais as verdadeiras atribuições de cada um desses nossos empregados, como poderemos identificar corretamente suas reais características? Qual o perfil ideal? Quais as habilidades? E as competências? Os resultados esperados? Quais são? Quando? Como? Quem? Quanto? Por quê? Onde? O que? Devemos estudar melhor estas interrogações. Eles, os políticos sabem. Por isso têm o poder.
De uma coisa eu tenho certeza: para escolher um bom representante do povo nos vários níveis hierárquicos de uma federação como é o Brasil, primeiro precisamos conhecer mais e melhor nós mesmos, a nossa cidade, estado e Brasil e as pessoas que pretendemos eleger. E depois desenvolvermos um bom plano de acompanhamento, avaliação e cobrança para esses empregados.
Estou quase que me convencendo que as coisas funcionam melhor do lado deles porque são em menor quantidade. Por isso, eles se entendem rapidamente. Tem o poder por terem maior capacidade de mobilização. Enquanto nós, "o verdadeiro poder", não conseguimos nos entender. Somos desorganizados, individualistas. Sempre estamos querendo que cuidem de nós. Temos medo dos nossos próprios empregados. Mesmo sendo em menor quantidade. Mas eles têm o poder. Isso é quem importa. Nós, a maioria (mais de 180 milhões), somos controlados pelos monstros que criamos. O mais engraçado que estamos esperando ser invadidos por extraterrestres. Estamos com medo que os estrangeiros devastem a floresta Amazônica. Que os estrangeiros poluam a nossa preciosa água.
O poder não está na quantidade. O poder está na qualidade, na inteligência. Eles conseguem nos enganar. Eles são os políticos que têm como sinônimo, "serem espertos". Têm jogo de cintura. São bons de conversa. Elogiamos quando são capazes de se sair de verdadeiras "sinucas de bico". São altamente preparados para nos convencer a dar-lhes legitimidade democrática para executar seu plano de melhorias pessoais e de sócios que o apóiam com dinheiro vivo. Nossos representantes são altamente preparados para utilizar instrumentos constitucionalizados (afinal, uso em grande escala passa a ser legítimo) como o nepotismo, acordo, negociata, transferência, apoio, troca, diversionismo, pressão, chantagem, vídeo-tape, retórica, etc, com maestria. Quando na verdade, deveriam se utilizar de instrumentos sociais como honestidade, probridade, técnicas de administração válidas, soluções coletivas, obediência ao "poder desorganizado", chegando até ser "inocente" que somos nós, o povo. Cumprimento de Leis, justiça, igualdade, etc, esses instrumentos constam na Constituição Federal, porém, são utilizados em favor dos nosso empregados e quando esta mesma Constituição não os atendem, são alteradas, adequadas em conformidade à suas necessidades, que não são as mesmas que as nossas. Bem aventuradas as PEC’s - Proposta de Emenda Constitucional. Pelo menos a maior parte delas.
Bom. Dizem que a democracia atende apenas uma parte da população, ou seja, a população que contribui. Na Grécia, existiam os escravos, mas estes não faziam parte do povo, ou seja, do poder. Para entendermos melhor, no geral, existiam e ainda existem três classes sociais. A primeira, no topo da pirâmide social, os poderosos, ou seja, políticos e empresários, enfim, os donos do capital e do poder. Poder e capital, uma mistura perfeita, um depende do outro sempre. No meio da pirâmide, existem nós, que temos empregos que sustentamos empresários e damos poder aos políticos. E na base da pirâmide, existem o excedente social, ou seja, os pobres e miseráveis, enfim, o motivador de ações sociais com seguro retorno financeiros para os nossos representantes. Esta jamais deve acabar. Como vão justificar tantos projetos? Como poderão justificar tanto dinheiro para matar a fome? A base estratégica para os nossos representantes defendem "emocionados". A democracia funciona muito bem no topo da pirâmide. Funciona com alguma tolerância no meio, até não interferir no topo e não existe na base.
Vale a pena recordar os conceitos de pobre e miserável. De acordo com o Michaelis. Pobre é: " Desprovido ou mal provido do necessário. Que tem poucas posses. Que tem pouco dinheiro. Relativo à pobreza ou caracterizado por ela. Que indica pobreza. Pouco fértil, pouco produtivo. De pouco valor, de baixo teor da substância ou qualidade. Mal dotado, pouco favorecido. Desprotegido, digno de compaixão; infeliz. Pobríssimo e paupérrimo. Pessoa pobre. Mendigo, pedinte. Miserável: "Miserando. Abjeto, desprezível. Pobre, sem recursos. Mesquinho, sem valor. Malvado, perverso. Pessoa infeliz, desgraçada. Quem está na miséria. Pessoa vil, infame, canalha.
"Abaixo da linha da miséria". Esta frase é muito comum nas estatísticas sociais. Referem-se a pessoas que superam os pobres em escassez. Porém, pensando melhor, o conceito de miserável pode ser aplicado, pelos fatos passados, atuais e perspectivos criados por nossos empregados, representantes legítimos, mais conhecidos como políticos. Afinal, são eles que são perversos, vis, infames e canalhas. Pode até ser que esteja cometendo alguma injustiça com algum político, porém, sou um resultado do meio e estou contaminado por este. As evidências são claras. Como eles têm o poder, que nós pensamos que temos, fazem-nos pensar até que não existimos, face à capacidade de argumentação, mobilização e da manipulação dos poderes, incluindo aqui, a imprensa.
Voltando ao assunto da democracia. É melhor começarmos a nos organizar também e sermos realmente o poder. Sob pena da pirâmide social do Brasil ter apenas duas classes: poderosos e ricos e pobres, em pouco tempo.
E como fazemos isto? Simples, pois depende apenas de atitude pessoal individual. Assim como participamos desse processo democrático legítimo (o processo é realmente legítimo), votando, podemos também participar do controle telefonando, enviando e-mails (estamos na era informação) e até participar de manifestações pacíficas apenas com o nosso corpo, ou seja, comparecendo, fazendo volume, assim como participamos com o voto que também resulta num grande volume que dá poder aos nossos empregados, representantes.
O que temos que fazer é muito pouco, como votar, exigir, perguntar, acompanhar, pesquisar, o político que ajudamos na delegação dos seus poderes. O que faz a diferença é a quantidade de voto, de telefonemas, de e-mails e de pessoas. Isto faz a diferença. Isto faz pressão. Isto dar poder. Isto tira poder. Isto somos nós. O poder. Aliás, você sabe o que é poder? Eu também não. Então vamos saber juntos. Poder, segundo o Michaelis, significa: "Ter a faculdade ou possibilidade de. Ter autoridade, domínio ou influência para. Ter força ou influência. Ter permissão ou autorização para. Haver possibilidade; ser possível: Tudo pode acontecer. Usa-se interrogativamente para pedir a alguém que faça alguma coisa: Pode-me dizer onde é o mercado?"
Vamos conjugar o verbo poder: Presente do indicativo: eu posso, tu podes, ele pode... Viu? Nós temos o poder. Nós somos quem dar o poder. Nós que avalizamos todas as ações, as boas e más. Nós temos o poder, mas não exercemos o poder. Pois para exercer o poder é preciso organização e só com organização, conseguiremos administrar o Brasil e administrar é poder.
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Viver em democracia é participar de uma organização que escolhe , dá poder, administra seus empregados ou seja, políticos. Pensar e agir neste sentido é MUDAR PARA VIVER MELHOR.
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