Terça-feira, 10 de maio de 2011 - 10h29
Por William Haverly Martins
Como seria o instrumento capaz de medir a sabedoria humana? O famoso Livro dos Recordes teria parâmetros para conferir o titulo de “O Mais Sábio do Mundo”, em que universidade teria estudado, que doutorados teria feito, seria um filósofo, um alquimista, seria um especialista da alma humana, um poliglota, um neurologista, seria um mago das palavras, um escritor, um físico, um astrônomo, enfim qual seria a fórmula mágica para se chegar ao homem mais sábio do mundo, sem as alegorias da religião, sem o construtivismo do Mito?
Sabedoria, sem a menor sombra de dúvida, pelo peso da amplitude semântica da palavra, pelo que ela carrega em si de simbolismo, jamais poderia estar condicionada a um único ser humano. Não é fácil ultrapassar as muralhas de conceitos e raciocínios capazes de identificar o maior sábio, eu diria impossível, se assim incorrêssemos, estaríamos definindo Deus com toda a carga mística e mítica que acompanha o conceito de divindade.
A singularidade não consegue a somatória conceitual da sabedoria, mas é possível a decomposição do conceito em áreas de atuação, como faz, por exemplo, o Prêmio Nobel, neste caso estamos identificando e propagando, pelos princípios da contemplação, da reverência e da remuneração, os atributos de um gênio.
Os estudiosos costumam traçar a historia evolutiva das idéias e das ciências para se chegar aos gênios de determinados seguimentos da sabedoria, em épocas distintas. Ainda assim teríamos que separar o Oriente, onde o pensamento nunca rompeu definitivamente com a prática religiosa – Confucionismo – Taoísmo – Budismo – do Ocidente, com sua filosofia ligada a uma aventura única de tentar compreender o mundo dos homens mediante uma perspectiva antropocêntrica.
Mas sábio e gênio nem sempre se acomodam na mesma definição, geralmente se excluem, na medida em que se interpõe entre os conceitos, a dialética da felicidade. Gênio é Stephen Hawking, sábio é quem sabe viver, “quem deixa a noite perdoar os enganos do dia”, na busca por uma paz interior, síntese de todas os métodos de quem consegue saborear plenamente os instantes da vida. Na grande maioria das vezes estes momentos são construídos a partir do outro, na via do retorno.
Quatrocentos anos antes de Cristo, Confúcio definia o “ren” que permeia a essência do seu pensamento, como “benevolência” ou “humanismo”, e respondia aos seus discípulos, quando indagado sobre o significado da palavrinha: “a principal virtude está em amar os homens”. Simples assim, mas neste caminho do amor incondicional o homem construiu para si mesmo armadilhas comportamentais vincadas na vaidade, na arrogância, na inveja, na hipocrisia, no Talião, dificultando sensivelmente o relacionamento, consequentemente o esplendor da felicidade.
A filosofia de Confúcio, mais voltada para o sentido prático da vida, e a de Lao-tsé, centrada na metafísica, contribuíram muito com a construção do pensamento ocidental, se complementam, mas nem sempre os conselhos dos mestres são seguidos. Confúcio dizia, por exemplo, que somente cavalheiros que possuíssem qualidades morais e éticas, alcançadas por meio de uma rígida educação, poderiam exercer o poder. Desta forma, nem dinheiro, tampouco conchavos partidários e muito menos berço seriam passaportes para cargos políticos.
Porto Velho trafega na contramão do confucionismo: nem sabedoria, nem genialidade, as pinceladas públicas dadas no nosso quadro carecem de qualidade, por mais que se faça propaganda com o dinheiro do povo, muito ainda precisa ser feito. O povo não é cego. No caso dos buracos nas ruas: começaram a ser tapados, mas o serviço está sendo feito sem o mínimo de planejamento. Na estrada de Santo Antônio, acesso de carretas, ônibus e carros ao pátio da obra do PAC, taparam apenas metade dos buracos e é bom que se lembre, o Consórcio das empresas que constroem a Hidrelétrica destinou milhões de reais de contrapartida para a prefeitura usar em beneficio da cidade.
Até o momento nenhuma atitude foi tomada quanto à restauração dos escombros da velha Prefeitura e velha Câmara Municipal na Ladeira Comendador Centeno, esta é a sexta vez que lembro da necessidade de se restaurar e conservar nosso Patrimônio Histórico Cultural. O mandato está acabando, a gestão dupla do Prefeito não registrou uma única obra de expressão em prol da cidade. Perdeu a vez de deixar seu nome à posteridade.
O homem mais sábio é o que sabe colher os frutos de uma boa semeadura, o que recebe de volta a energia do amor incondicional. São poucos, se muitos, a travessia seria plena.
williamhaverly@gmail.com
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, membro efetivo da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e ocupa a cadeira 31 da ACLER – Academia de Letras de Rondônia.
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