Sexta-feira, 20 de agosto de 2010 - 15h08
Acir Gurgacz*
Os resultados insatisfatórios da educação brasileira em avaliações nacionais e internacionais costumam provocar reações apaixonadas. Muita gente faz críticas a governos, aos salários baixos, a técnicas de ensino. A mídia corre atrás de referências europeias de educação em países de cultura milenar e população menor que o Estado de São Paulo e começa a fazer comparações com a nossa realidade, ressaltando a nossa incapacidade de igualarmos os resultados da Finlândia ou da Noruega. Ou seja, a impressão que tenho e de que apesar do assunto ser extremamente sério, falta seriedade para tratá-lo.
Não sou educador, mas sou empreendedor e gestor de pessoas desde o início de minha vida adulta e reconheço a importância da educação, da formação da mão de obra. Já tive experiências suficientes para compreender o quanto pode influenciar o desempenho de um empreendimento a capacidade do pessoal envolvido. Desta forma, não posso pensar de outra maneira, hoje no Senado, quando tenho a possibilidade de contribuir para criar meios de melhorar o processo de formação da mão de obra no Brasil.
Não acredito que seja correto afirmar que o modelo educacional brasileiro precisa ser mudado como um todo porque não existe apenas um único modelo. O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) está aí para mostrar que existem tanto resultados insuficientes quanto os resultados suficientes. Julgo que um dos grandes problemas esteja realmente na incapacidade do país adotar em todo o seu território os modelos vencedores.
Mas por que ocorre essa limitação? Devido a falta de recursos? Por razões políticas? Devido à falta de material humano? Não acredito que tenhamos hoje uma resposta clara para essa pergunta. Recentemente, após a divulgação do IDEB, não foram poucos os analistas e profissionais da educação que fizeram exatamente essa crítica, da forma como escolas resultados positivos convivem, às vezes até mesmo no âmbito de um mesmo bairro, com escolas que apresentam resultados insatisfatórios. Por que não há uma troca de informações, experiências, exemplos, que contribuam para a melhoria do sistema educacional de até mesmo unidades vizinhas, do mesmo município, do mesmo Estado?
É por isso que estou propondo no Senado Federal a formação de uma comissão para fazer a avaliação de modelos que funcionam no Brasil e no Exterior para, depois, criar meios de reproduzi-lo em escala nacional. Essa comissão deverá ser formada por gente que entende de educação, que trabalha na área, que vive e respira educação. Deve contar com professores, diretores, gestores de secretarias municipais e estaduais, pais de estudantes e estudantes.
Com uma comissão assim, será possível apontar soluções avaliadas por quem realmente entende de educação, de diferentes pontos de vista: de quem produz, de quem recebe, de quem vê o resultado, de quem busca resultados. Os paradigmas a ser avaliados estarão dentro e fora do Brasil. Precisaremos descobri-los, analisá-los de todas as formas e prepará-los para uma aplicação nacional hegemonizante. Porque o Brasil dos dias de hoje não tem mais desculpas para não crescer por inteiro.
O autor é Senador da República por Rondônia e empresário
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