Terça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Opinião: Por que me ufano do meu país


 
João Baptista Herkenhoff


Os mais velhos hão de se lembrar de um livro que nos fazia ter orgulho da condição de brasileiro: “Por que me ufano do meu país”.

Afonso Celso, o autor, começava por realçar nossa grandeza territorial, este Brasil imenso que nós falávamos que ia do Oiapoque ao Xuí.

Depois Afonso Celso exaltava a beleza do Brasil: o Rio Amazonas, a Cachoeira de Paulo Afonso, a Baía da Guanabara, a Floresta Tropical na sua pujança inigualável. Mesmo quem não tinha visitado esses lugares ficava com os olhos marejados de encantamento com a descrição que o escritor fazia de nossas plagas. Então Afonso Celso começava a falar de nossas riquezas naturais, do subsolo ainda inexplorado, do Brasil como celeiro do mundo. Ele não se esquecia de timbrar na amenidade e variedade do nosso clima. Quase de joelhos agradecia a Deus o fato de estar nosso país livre de vulcões, terremotos e outras catástrofes. E vinha depois o elogio da miscenação, raças que se fundiram – índios, negros e portugueses – cada uma com suas virtudes, gerando o mestiço brasileiro. Refutando a versão de que degredados povoaram o Brasil, disse Afonso Celso que vieram para este solo heróis expulsos de outras terras pelos sonhos de liberdade. Também exaltou o nosso Afonso, como característica nacional, o procedimento cavalheiroso para com outros povos. Não se esqueceu de reverenciar os fastos de nossa História – os Bandeirantes, Palmares, a Independência, a missão civilizatória dos jesuítas, o grande monarca que foi Dom Pedro II.

Com tanta injeção de civismo, outro não podia ser o resultado: éramos todos patriotas, cantávamos com a alma o Hino Nacional, estávamos dispostos a qualquer sacrifício que a Pátria nos pedisse, preferiríamos morrer antes de algum dia nos tornarmos corruptos.

Depois Afonso Celso foi ridicularizado. Criou-se, a partir do título do seu livro, a palavra ufanismo com o sentido pejorativo que Aurélio e Houiss registram: vanglória desmedida, patriotismo excessivo.

Será que Afonso Celso exagerou? Será que a dose de intensa brasilidade, que seu livro infundiu, trouxe prejuízo ao país?

Não partilho da visão negativa que se oponha a Afonso Celso. Abundância de brasilidade não causa dano. Ausência de brasilidade, isto sim é uma lástima.

Houvesse brasilidade sincera, não teríamos falcatruas, compra e venda de votos, traição aos interesses nacionais.

Resgatemos o ufanismo de Afonso Celso: “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza.” (Jorge Ben Jor).


 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Falar bem de Rondônia só por causa de um prato de comida de 2 reais?

Falar bem de Rondônia só por causa de um prato de comida de 2 reais?

Se não me engano, a propaganda oficial orienta a falar bem de Rondônia só porque o governo, em parceria com restaurantes credenciados, implantou um

Guedes deixa PSDB após perder espaço

Guedes deixa PSDB após perder espaço

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em Rondônia perdeu uma de suas principais lideranças políticas. Após décadas empunhando a bandeira

O Papel Fundamental do Egrégio Tribunal de Contas da União, na Moralização dos Conselhos de Fiscalização Profissional, inclusive a OAB

O Papel Fundamental do Egrégio Tribunal de Contas da União, na Moralização dos Conselhos de Fiscalização Profissional, inclusive a OAB

Criado em de novembro de 1890, através do Decreto 966-A, por iniciativa do então ministro da Fazenda Rui Barbosa, o Egrégio Tribunal de Contas da Un

Parabéns aos voluntários!

Parabéns aos voluntários!

Existe uma atividade humana, entre outras, que muito admiro e respeito. Trata-se do trabalho voluntário. Não importa a área de atuação. Pode ser na

Gente de Opinião Terça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)