Terça-feira, 15 de novembro de 2011 - 09h10
Professor Nazareno*
A Marcha contra a Corrupção, edição Rondônia, terminou em “beiju de caco”. O dia 14 de novembro, mais um feriado segundo os padrões rondonienses, seria o marco histórico dos protestos que mudariam o Estado e o país. Cento e quatro pessoas contadas a dedo, a maioria estudantes e professores da Unir que estão em greve há exatos dois meses. Não fosse isso, teríamos não mais do que duas ou três dezenas de manifestantes que enfrentaram o sol escaldante e um calor muito superior aos 40 graus para gritar palavras de ordem no meio da rua. À medida que o tempo passava, alguns bêbados, desocupados e moradores de rua se juntaram à manifestação que chegou ao final a somar pelo menos umas 140 pessoas. Isso mesmo: exatos 0,1 por cento do total que a banda-do-vai-quem-quer coloca nas ruas em fevereiro para pular o carnaval.
Provavelmente nenhum dos muitos primatas que brincam o carnaval estava ali para se manifestar contra a roubalheira na política. Cheguei às três e meia da tarde e não vi distribuírem cachaça, maconha ou qualquer outra droga para animar as pessoas como costumeiramente fazem em outras ocasiões. Só água mineral mesmo. Ironicamente o trajeto percorreu em sentido contrário o caminho da famosa banda e de outras comemorações inúteis. O trânsito fluía normalmente e as pessoas, que olhavam perplexas “aquela deprimente passeata”, estavam todas espantadas como galinhas quando vêem cobra. “É uma procissão? Cadê o santo? Hoje é dia de quê mesmo, maninha?”. Perguntavam atônitas algumas senhoras que se protegiam do sol embaixo das marquises das lojas nas avenidas Sete de Setembro e Carlos Gomes no centro.
Participei de um espetáculo horrendo, maçante, deprimente, vazio e pífio. Tentei me comparar aos 300 de Esparta que há mais de 25 séculos enfrentaram 120 mil combatentes dos exércitos persas de Xerxes na famosa batalha das Termópilas. Mas parece que ninguém se incomodava com aquela patetice explícita. Batendo em bumbos e latinhas, parecíamos zumbis lutando pela causa dos outros. Os nossos gritos de guerra não eram ouvidos por ninguém. Parecíamos São João Batista pregando no deserto. A corrupção parece que não atinge aquelas espantadas pessoas que nos olhavam. Não vi nenhum político participando daquilo. Nem o professor Pantera do PC do B estava presente. Até porque os comunistas não se envolvem em corrupção e são exemplos para o resto do país. Roberto Sobrinho, um vereador, um deputado, um senador, ninguém.
O aparato de segurança do Estado nem se fez presente. Também não havia a menor necessidade. Como eram poucos os manifestantes, bastava meia dúzia de “coianos” com a sua famosa truculência para resolver qualquer imbróglio. Não me arrependi de ter ido marchar contra a corrupção, pois fiz a minha parte, porém percebi que muitos revolucionários de hoje estão sentados em frente a um computador fazendo a revolução dos teclados e das redes sociais. Já o povo, motivo maior das lutas sociais, está entretido em seus afazeres e se preparando para pular feito macaco nos carnavais que acontecerão naquelas mesmas ruas daqui a menos de três meses. O irônico de tudo isto é que a maioria daqueles manifestantes não precisa de um João Paulo Segundo ou do Estado. Só que é exatamente a corrupção que produz as excrescências públicas.
Mas o Brasil é assim mesmo. É a Pátria do futebol, do carnaval, dos feriados que não existem, do Luan Santana, da Banda Calixo, do sertanejo universitário, da esquadrilha da fumaça e da pouca ou nenhuma consciência política. Os gigolôs da alienação geral também não estavam por lá. Deviam estar “pensando” em como entreter o povão ignaro com mais circo. A mídia praticamente também não se fez presente. Poucos sites eletrônicos noticiaram o evento. Somente aqueles que ainda não se venderam para a corrupção e para o dinheiro fácil dos donos do poder. Os brasileiros, com a síndrome de galinha (levando no traseiro e cantando), vão às urnas no próximo ano eleger mais uma penca de políticos desonestos que surrupiarão ainda mais seus minguados recursos. A corrupção é um ciclo sem fim. Um dos panfletos da marcha dizia: “você faz toda a diferença neste movimento de cidadania, seja para melhorar ou para piorar”. Mesmo sendo a semente, o começo da luta pela conscientização política deste povão broco e com um princípio de insolação, desta vez foi para piorar mesmo.
*É Professor em Porto Velho.
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