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Opinião: Siglas e nomes errados em Rondônia


 Opinião: Siglas e nomes errados em Rondônia - Gente de Opinião

Professor Nazareno*

Já ouvi muita gente de respeito dizer que o Acre, o nosso querido Estado vizinho, não existe e que já deu muito prejuízo ao Brasil, pois fora trocado com os bolivianos por um pangaré reumático e desdentado. Seguindo esta lógica maluca, tenho certeza de que Rondônia também não existe. E se de fato existe, é uma espécie de “segunda pessoa do quase nada” dentro da realidade brasileira. Sou rondoniano há 32 longos anos e tenho observado sem nenhum interesse, apenas pela curiosidade, que coisas muito estranhas acontecem por aqui na hora de se colocar nomes nos lugares, pessoas, eventos ou instituições. Parece que essa falta de lógica é um mal verificado no Brasil inteiro, porém com traços muito característicos nestas terras que muitos insistem em dizer que são de Rondon. Contradições e esquisitices são observadas em quase tudo. Sempre reclamei do nome estranho e às vezes engraçado de muitos dos meus alunos. Alguns parecem que retirados de latas de goiabadas ou mesmo de bulas de remédios.

Rondônia tem 52 municípios e não 53 como acreditam muitos moradores de Extrema, dois anos após a desnecessária votação para emancipar aquele charmoso distrito. E Cacoal é um deles. Uma linda cidade, mas com um nome errado. Cacaual seria o correto, assim consta em todos os dicionários da Língua Portuguesa. O nome equivocado também está escrito no brasão e na bandeira municipal. “Uma plantação considerável de cacaueiros, dispostos proximamente entre si” não é e nunca foi um Cacoal. Cacau para aqui, cacau para lá e o progressista município é a “Capital do Café”. Cafezal, então. Outro caso bisonho de erro acontece com Candeias do Jamari. Como quase todo mundo sabe Jamari é um rio, só que está a mais de 20 quilômetros distante do centro desta belíssima cidade que é cortada e margeada, aí sim, pelo rio Candeias. Por que Candeias é do Jamari se está ali bem ao lado do formoso rio Candeias? Alguém sabe explicar? Conclusão: essa bela cidade não é do Jamari, mas do Candeias mesmo.

Na área cultural, também é um desastre quando se deseja nomear algo em Rondônia. A sigla ou o nome da Universidade Federal de Rondônia, única universidade pública do Estado, é ironicamente, Unir. Não aparece a letra “F”, mas é federal, pois todos juram. Naquele ambiente que se diz “superior”, além de faltar uma letra, falta também muita união e competência. Desmandos, sujeiras, lixos, monturos, ratazanas, roubalheiras, brigas e outros afins é tudo o que se observa. Dizem que essa Unir é tão suja que mais se parece com a cidade de Porto Velho. Na (a) Fundação Rio Mar, onde dizem haver muitos “outros tipos” de sujeira, detectamos também sérios problemas com a sigla e o próprio nome desta imponente instituição. Fala-se que o correto é Fundação Rio Madeira. Não entendi mais nada. Por que Rio Mar se este é o apelido do rio Amazonas e não do Madeira? O ideal, para se evitar mais confusão, seria Universidade Federal de Rondônia, UFRO e pronto. E com ou sem sujeira, Fundação Rio Madeira.

Já a Caerd, que ninguém sabe para que serve, uma vez que em Porto Velho não existe nem água tratada nem esgoto, deveria ser rebatizada para Caero já que a sigla de Rondônia é Ro e não Rd. No comércio da capital a confusão continua: uma  conhecida loja de eletrodomésticos se chama Romera. Nada a ver com romaria nem com Roma. Esse nome também não consta em nenhum dicionário que se conheça. Mas se algum fazendeiro ou agropecuarista quiser comprar algo para a sua fazenda ou o seu rebanho, não adianta ir a uma famosa loja chamada Agroboi. Lá só se vendem materiais de construção. Sem ter um único pé de cacto ou de maracujá na cidade, as duas maiores festas folclóricas daqui foram batizadas com estes nomes exóticos. A Catedral Metropolitana de Porto Velho, que em 2005 encenou o “Terror na Catedral”, se chama Sagrado Coração de Jesus, mas a padroeira é Nossa Senhora Auxiliadora. O marco inicial da cidade de Porto Velho está isolado, quase dentro do mato mesmo, entre um cemitério e uma barragem e num raio de sete quilômetros dele não há cidade alguma.

Uma das mais importantes ruas da cidade, que foi doada ao Governo Federal, se chama Migrantes, Imigrantes ou Avenida dos Imigrantes. A atual BR-319 era Avenida Jorge Teixeira e que já foi Avenida Kennedy. Como muitos porto-velhenses têm mania de grandeza, bairro Alphaville tem uns três na cidade, mesmo com muita lama e sujeira. O teatro estadual, que ninguém sabe quando vai terminar, deveria se chamar Rafinha Bastos. Idaron, embora pareça masculino e inicie com a letra “I” é uma agência e está no feminino. A nova sede administrativa do Estado, que tem prédios construídos na forma das letras I e C de Ivo Cassol, o do Império da Roça, duvido que seja chamada de C.P.A.  Aqui ninguém sabe onde começa nem onde termina um bairro. A famosíssima  e badalada danceteria Papo de Esquina não se localiza em uma esquina. A bucólica localidade de Calama tem seu nome que ninguém sabe de onde se originou nem o que significa. Deve ser por tudo isso que muitos brasileiros confundem Rondônia com Roraima. E já que o politicamente correto agora é chamar toda e qualquer favela de comunidade, entende-se por que o único nome adequado nesta confusão toda é o da nossa cidade: um porto muito velho mesmo situado num barranco sujo e fedorento que dá nome ao lugar. Estou confuso: será que o meu nome é mesmo Professor Nazareno?

*É Professor em Porto Velho.

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