Domingo, 20 de maio de 2018 - 06h59
TV 247 - Coordenador da Pastoral do Povo de Rua, em São Paulo, o padre Júlio Lancellotti concedeu uma entrevista emocionante à TV 247, na qual contou diversas histórias e condenou o aumento da pobreza que afeta a população mais carente. O sacerdote, que tem uma histórica contribuição em defesa dos direitos humanos e da população de rua, aponta que o aumento da miséria no País é fruto do golpe de Estado e suas medidas de austeridade.
Recentemente, Lancellotti sofreu ameaças de morte por sua defesa os moradores de rua, incluindo mensagens de ódio nas redes sociais que estão sendo investigadas pela Polícia. Indagado se tem medo de perder sua vida, ele afirma que não pode se entregar ao pânico e lembra já ter passado por situações de muito risco ao longo de sua vida. “A vida é assim, ou a gente enfrenta ou enfrenta”, diz. "Quem se entrega ao pânico, sofre mais", avalia.
No último período, o padre vem denunciando todas as atrocidades sob qual o povo palestino é vitima. “Fico muito comovido com a situação da Palestina", diz emocionando. "Gostaria de estar com um estilingue nas mãos na Faixa de Gaza. É uma gente que sabe que vai morrer, mas mesmo sem possuir nenhum armamento, resiste. Os palestinos são o paradigma da luta dos fracos, o mundo não pode se calar ou ficar omisso”, denuncia.
Ele destaca que é importante diferenciar a autoria dos atentados. “Temos que ter a clareza que não é a maioria do povo judeu que apoia esse sionismo dos que governam Israel”, esclarece Lancellotti.
Indagado sobre o motivo do ódio aos miseráveis, o sacerdote explica que a população de rua são os novos refugiados urbanos. “Eles são considerados os que enfeiam e chamam à realidade, há um consenso em que atacar a população de rua é correto, são sempre vistos como suspeitos, vivem numa completa situação se refúgio. A rua é uma grande Faixa de Gaza”, condena.
Padre Lancellotti considera que Luiza Erundina foi a melhor prefeita de São Paulo, porém, a mais perseguida e injustiçada. "Sem dúvidas, foi a mais sensível aos pobres. Lembro-me da prefeita abrindo os espaços públicos para acolher a população da rua nas noites frias de São Paulo. Ela dizia: É apenas um colchonete, um prato de comida, essas pessoas precisam de tão pouco, para que tanto ódio?”, relatou emocionado.
Ele condena as políticas que levaram o Brasil ao caos social. “O empobrecimento da população está a níveis acelerados. Tem pessoas no centro de São Paulo que estão cozinhando à lenha, com etanol, um verdadeiro veneno. O golpe não está é apenas político, ele está golpeando o povo com o desemprego”, alerta padre Lancellotti.
A respeito dos governos Lula, Padre Júlio Lancellotti considera que o leque da governabilidade era muito aberto e isso gerou graves problemas. “A realidade que vivemos hoje é reflexo disso”, aponta.
Padre Júlio Lancellotti finaliza a entrevista dizendo que tem orado pelo ex-presidente. “Temos que olhar para as pessoas no sentido humano, imaginem Lula preso naquele local isolado, recém-viúvo. Espero um dia rezar ao seu lado novamente”, conclui.
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