Terça-feira, 25 de outubro de 2022 - 18h05
A democracia é um dos temas mais fascinantes no
terreno político da sociedade contemporânea, razão pela qual, é lembrada quando
os valores como igualdade e liberdade são colocados em risco sob o prisma da
representatividade.
Maquiavel acreditava ainda que as guerras eram inevitáveis,
pois elas seriam responsáveis pelo surgimento de boas leis. A guerra era
inevitável e a virtude de governar estava em saber conduzir a desordem para
restabelecer o status de paz.
As decisões públicas tiveram que partir não
mais diretamente do povo, mas de um representante. Surge um novo modelo de
democracia, a representativa, através da qual a vontade do povo passaria a ser
confiada a uma instituição política, que pudesse expressar o interesse geral.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, vendo os
prejuízos verificados após 1945 fortificaram esse sentimento popular de ter que
prevalecer e ser respeitada os interesses do povo. A trajetória constitucional
brasileira após 1967 foi marcada por um período de governos militares. Em 1969
toma posse o presidente Médici com mandato até março de 1974. Depois, de 1974 a
1979, Geisel e, de março de 1979 a março de 1985, Figueiredo. Antes do final do
mandato de Figueiredo, em abril de 1983, o Deputado Dante de Oliveira apresenta
uma PEC para propor eleições diretas para os cargos de Presidente e
Vice-Presidente, mas, um ano depois, a proposta é rejeitada e, em janeiro de
1985, o Colégio Eleitoral elege indiretamente Tancredo Neves a Presidente da
República.
A posse de Tancredo seria em 1985, mas, perto
do ato, ele adoeceu e chegou a óbito. À época, José Sarney era seu vice e
assumiu então a presidência do Brasil, inaugurando um novo marco no
constitucionalismo brasileiro, pois o país não tinha, desde 1964, um governo
civil. Sarney dá continuidade ao projeto de uma constituinte que Tancredo
vislumbrava e envia uma emenda de convocação à Assembleia Nacional Constituinte
em junho de 1986, a qual foi eleita. O trabalho da Constituinte foi longo e o
projeto final foi aprovado com 250 artigos do corpo central e 97 artigos dos
Atos das Disposições Constitucionais Transitórias. A Constituição de 1988,
também conhecida como Constituição Cidadã, foi resultado do esforço político
pela redemocratização e símbolo do fim do autoritarismo dos militares.
Desde o século XX o mundo se depara com uma
grave crise das instituições da democracia. O atual contexto ilustra bem esta
crise. A baixa qualidade da educação pública básica; as condições da saúde;
assistência; o rombo da previdência; os esquemas de corrupção, entre outros
assuntos que se relacionam com os políticos brasileiros, representantes do
povo. Com a internet, o cidadão sentiu-se como parte do processo democrático,
pois não precisava ser político para criticar ações governamentais.
Proponho uma reflexão sobre o processo
eleitoral, destacando o papel de sua excelência, o eleitor. No próximo domingo,
30/10, será dia da festa da democracia, enfim, cujo protagonista, é o eleitor,
que, com o título nas mãos, consciência e informação, pode, sim, pela sua
soberana vontade, decidir os destinos de Rondônia e do Brasil. Escolher o
melhor candidato, depois de avaliar com apuro as suas propostas - sem descurar
da sua história, claro -, pode, sim, fazer a diferença na medida em que, das
nossas escolhas resultam consequências - boas ou más - para o conjunto da
sociedade, inclusive quanto ao enfrentamento da nossa maior chaga – a
corrupção.
A história registra que quando erramos nas
nossas escolhas, quando não temos a dimensão do que representa o voto, todos
pagamos, indistintamente, pelos equívocos cometidos. Daí a necessidade de que
façamos um juízo crítico na hora de votar, sem nos deixar contaminar por falsas
promessas e muito menos pela paixão política que oblitera a capacidade de
discernimento do eleitor.
O voto é uma arma poderosa, deve ser usada com
equilíbrio e sensatez, mirando, sempre, o interesse público. É, sim, um direito
do cidadão, uma manifestação de vontade que não pode ser afrontada, pois é a
partir dele que escolhemos os nossos mandatários.
É preciso ter presente, nesse momento tão
relevante da vida do nosso país, que, numa democracia, a soberania é do povo,
que apenas delega parte dela aos seus representantes, os quais, ante a outorga,
devem se esmerar no cumprimento de suas promessas de campanha, para que não se
desvirtue o sentido da representatividade.
Na condição de advogado e vereador almejo que o
próximo domingo, 30/10, seja um marco para a nossa democracia e que o
Governador e o Presidente eleitos tenham plena consciência e dimensão da
representatividade conferida, em tributo à confiança depositada por sua
excelência, o eleitor!
* Por Paulo Henrique Silva
Jornalista, Advogado e Vereador em Cacoal/RO.
Cacoal, 25 de outubro de 2022
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