Terça-feira, 2 de julho de 2024 - 09h44
Participei da reunião
do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (COSENP) da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), comandado pelo ex-presidente Michel
Temer, que teve como conferencista Germano Rigotto(ex-governador do Rio Grande
do Sul).
Conversamos
muito, durante os debates que tivemos, e concluímos que o presidente Lula tem
que falar pouco. Cada vez que ele fala, prejudica a economia, o mercado, a
Bolsa de Valores e, ainda, faz com que os investimentos se afastem do país.
Tudo isso por causa dos preconceitos que ele tem contra o mercado, os
investidores e contra aqueles a quem ele chama de elite empresarial.
Praticamente todo o Conselho concordou.
O
presidente Lula atrapalha o Ministro Haddad, que se esforça para ter um
controle maior da economia e do arcabouço fiscal, que há muito os conhecedores
entendem que dificilmente poderá ser cumprido. O certo é que cada vez que o
presidente da República fala sobre economia, demonstra um profundo desconhecimento
do que representa a política monetária, o que termina prejudicando o Brasil.
Ora, quase
todos os analistas dizem que a recente queda na Bolsa e o aumento do dólar
decorreu das reiteradas manifestações do Presidente Lula, absolutamente
contrárias às regras mínimas da economia, o que tem prejudicado o país.
O
desempenho do Brasil em relação ao dólar e à Bolsa de Valores, tem sido o pior
possível. Em relação às ações, todos os países, dos mais importantes do mundo
aos denominados países emergentes, tiveram um crescimento na Bolsa. O Japão,
15,98%; os Estados Unidos, 13,87%; a Índia, 7,97%; a China, 1,93%; a Alemanha,
7,46%; a Itália, 7,62%. Enquanto todos os países do mundo cresceram, nós
tivemos, no Brasil, uma queda no mesmo período de 10,50%.
Todos os
países onde as Bolsas tiveram um desempenho positivo são aqueles nos quais, por
causa de suas políticas, os investidores podem confiar. No Brasil tal
confiabilidade cai porque os investidores têm grande preocupação em decorrência
de frases como: “o que se tem que fazer é aumentar a tributação, elevar a
arrecadação, reduzir juros”; deixando nosso presidente de perceber que sem
política fiscal só resta o instrumento da política monetária.
Vamos
examinar agora o comportamento do dólar. Em relação a todos os países do mundo,
houve uma queda muito pequena. O rand sul-africano desvalorizou 0,17%, a
libra esterlina, 0,34%, Singapura, 2,42%, o dólar australiano, 2,88%. Então,
todas elas tiveram uma pequena desvalorização. O dólar de Taiwan, 5,6%. Já o
Real desvalorizou 9,94%.
Ao
avaliarmos, portanto, o desempenho das principais moedas, a nossa é a que teve
o pior desempenho. Desvaloriza-se o real perante o dólar, o dólar sobe, a Bolsa
cai e o presidente Lula continua fazendo manifestações que preocupam.
Após reunião
com Fernando Haddad e Simone Tebet, na qual foi solicitada revisão de gastos,
nada foi feito. Somente o corte de gastos fará com que o governo, por fim,
reconheça que não é aumentando a tributação e reduzindo os juros que se combate
à inflação; que não é deixando de fazer política fiscal e pretendendo destruir
a política monetária que se consegue atrair investimentos. Vale destacar: só se
consegue atrair investimentos quando se tem estabilidade e segurança.
Ronald
Coase e Douglas North foram dois prêmios Nobel de Economia. Eles diziam que é a
estabilidade das instituições que garante o crescimento de um país através da
economia de mercado. Essa estabilidade é o que o povo brasileiro quer.
O
presidente Lula deveria saber, por ser presidente da República, que cada
palavra sua influência todos que a ouvem. E por essa razão não deveria falar de
improviso, pois fala mal. Em segundo lugar, deveria realmente consultar os seus
assessores que entendem de economia, para só depois manifestar-se, a fim de não
termos esses desastrosos resultados que os números da economia indicam.
Ives
Gandra da Silva Martins é professor emérito das
universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo,
das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra
(ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor
honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e
Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de
Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho
(Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP,
ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados
de São Paulo (Iasp).
[1
Wilkipedia]Frase
dita pelo rei Juan Carlos I de Espanha ao
presidente venezuelano Hugo Chávez durante a
XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do
Chile, em 10 de novembro de 2007. O motivo da declaração do monarca
espanhol foram as constantes interrupções do presidente Hugo Chávez na
resposta do primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez
Zapatero em defesa do ex-primeiro-ministro José María Aznar, a qual
Chávez criticou duramente devido ao suposto apoio de Aznar ao fracassado golpe
de estado contra o presidente venezuelano em 2002.
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