Quarta-feira, 4 de maio de 2022 - 17h16
Uma boa Ocasião para os Media começarem a ser mais objectivos nas Informações
Na entrevista ao jornal Corriere della Sera (03.05.2022), o Papa Francisco disse que estava pronto para ir a Moscovo e que quem começou propriamente a guerra foi a NATO: "Penso que antes de ir a Kiev, tenho de ir a Moscovo". Disse que o encontro não serviria exactamente para condenar Putin, porque o verdadeiro "escândalo" da guerra de Putin era "o ladrar da NATO às portas da Rússia", fazendo com que o Kremlin "reagisse erradamente e desencadeasse o conflito"(1).
A viagem de um papa tem sempre um caracter simbólico e como tal o Santo Padre prefere ir primeiro a Moscovo e só depois dar resposta ao convite da Ucrânia! Francisco considera que uma visita a Kiev neste momento é de pouca utilidade para a paz. "Sinto que não devo ir. Primeiro tenho de ir a Moscovo, primeiro tenho de me encontrar com Putin. Mas também sou padre, o que posso fazer? Eu faço o que eu posso. Se Putin abrir a porta." O Santo Padre já várias vezes tinha condenado claramente a guerra de intervenção.
O chefe da Igreja também culpou a guerra do "comércio" de armas, um "escândalo" com o qual poucos discordariam. E acrescenta: "Era evidente que as armas estavam a ser testadas ali. Os russos sabem agora que os seus veículos blindados são pouco úteis "e já estão a pensar noutras coisas". As guerras são travadas para testar armas que tenham sido produzidas. Outras citações do Papa no Corriere della Sera em nota (2):
O vaticano já iniciou diligência e enviou a Putin a mensagem de que o Papa estava disposto a ir a Moscou (3).
À pergunta sobre a conversa vídeo que teve com o Patriarca Kirill, Francisco disse ter-lhe respondido: “Irmão, não somos clérigos do estado; não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus. Somos pastores do mesmo povo santo de Deus.”
Esta intervenção do Papa poderia tornar-se em motivo para que a imprensa passasse a ter mais interesse em livros e investigação do que em armas e propaganda!
De facto, teremos de concluir que nesta guerra, além da dignidade humana, quem mais perderá será a Europa que vai de Lisboa aos Urais. A estratégia militar russa está a falhar, a estratégia dos USA/NATO de construirem um mundo unipolar falhará porque obrigaria a Rússia a unir-se à China e a China terá então oportunidade de invadir também Taiwan! Este medo de virmos a ter uma guerra mundial com dois epicentros (um na Europa e outro na Ásia, poderá levar os USA a não intervirem directamente mas a tentarem prolongar a guerra na Ucrânia para enfraquecerem mais a Rússia à custa da Europa e a aniquilação da Ucrânia. Ainda bem que a NATO não tem folgo para manter uma guerra com dois epicentros porque desta maneira talvez se evite uma guerra nuclear (4).
António da Cunha Duarte Justo
Notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=
UM SOCO NA CARA!
Nesta guerra plurifacetada parece assistirmos a um jogo de ping-pong!
Moscovo está a considerar confiscar os bens de empresários de "países hostis" como resposta ao anúncio dos EUA de que irão transferir para a Ucrânia os bens confiscados aos oligarcas russos, escreveu o presidente do Parlamento, Vyacheslav Volodin.
Encontramo-nos em desespero pacífico e comportamo-nos todos como se estivéssemos sob anestesia com uma autoconfiança infundada. A propaganda de ambos os lados sofre de bloqueio de pensamento sem considerar a realidade dos interesses polares para possibilitar identificação num dos polos mentais com se houvesse um mundo sem polos, uma realidade unipolar.
Esta guerra não é entre a ideologia da esquerda ou da direita, é uma guerra a favor de imperialistas que se querem afirmar.
Há uma perda de realidade e por isso é difícil estar plenamente informado, porque a guerra polariza os jornais e as pessoas. Vai-se tendo a impressão que o melhor é evitar especialmente debates conduzidos por políticos ou pelos principais meios de comunicação. Por isso os que se concentram apenas em coisas que podem influenciar pessoal e diretamente podem ser um exemplo para todos nós.
Há um ditado de clubes de boxe (Mike Tyson) que diz "Todo mundo tem um plano - até levar um soco na cara!". É natural que lançar tons pacifistas é bom até para se ir criando consciência no sentido da paz. A realidade política económica e militar é bem diferente como se pode verificar pela declaração do Ministério da Defesa alemã: "Não vendemos armas para países em conflito"…
Apesar de tudo, depois de se apanhar um soco na cara poderemos estar certos que passaremos a reagir intuitivamente de maneira certa. Quando penso em tudo isto, vem-me, por vezes, à ideia que desperdiço preciosas horas de vida, ao constatar a realidade que rege o mundo e que nele há muita gente exclusivamente interessada em ideologia, domínio e violência!
A História ensina-nos que a razão permanece do lado de quem luta e deixa de lado os peões e os pacifistas! Não quero vencer, apenas quero lutar pela vida porque a vida é o prémio da luta!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=
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