Quinta-feira, 10 de janeiro de 2019 - 11h48
Carlos Alberto
Bezerra de Freitas ou simplesmente professor Carlos do colégio Classe A é uma dessas pessoas que
passam pela nossa vida e deixam não só saudades, mas principalmente muitos
ensinamentos. Professor de Química formado em Campina Grande, interior da
Paraíba, o professor Carlos chegou a Rondônia ainda na década de 1980 e começou
a lecionar no colégio Orlando Freire em Porto Velho. Junto com outros colegas
professores acreditou na ideia de uma educação de qualidade e por isso fundaram
o Classe A, colégio que se tornou
uma referência na educação de Rondônia nos últimos tempos. Durante 12 anos
consecutivos, o colégio do professor Carlos liderou o ENEM, Exame Nacional do
Ensino Médio, em todo o Estado de Rondônia. O Classe A também é líder absoluto nas aprovações do ITA e em várias
outras escolas.
Tive o prazer de trabalhar com o
professor Carlos no Classe A. Entre
2004 e 2013 prestei serviços àquela escola de renome e lá aprendi muitas coisas
com o jovem e dedicado mestre. Disciplina, organização pedagógica e competência
formavam o tripé de sua visão escolar. E isso ele implantou com maestria no seu
estabelecimento de ensino durante quase três décadas. Ser “aluno Classe A” não era
para qualquer um. Estar morando em Rondônia e estudar em uma das 200 melhores
escolas do Brasil sempre foi um privilégio, um grande orgulho. Carlos sempre
soube como ninguém escolher a sua equipe de professores e colaboradores. Incentivava
a todos e sempre sincero e acolhedor, não media esforços para ajudar os que
mais necessitavam. Do servente ao mais graduado professor, ele tratava a todos
com igualdade e muito respeito.
Da Páscoa
Solidária aos mais incríveis projetos sociais e educacionais. Assim era a
rotina de uma das melhores escolas de Rondônia e do Brasil. Muito diferente de
minhas posições, o professor Carlos sempre acreditou em Rondônia e nas
potencialidades de sua gente. “Devo tudo
o que tenho a este brilhante Estado”, costumava me dizer sem arrodeio,
quando “chateado” lia alguns dos meus
textos. Tentei, sem sucesso, várias vezes convencê-lo a não gostar de um lugar
tão atrasado, sujo e inóspito. “É preciso
ter gratidão, Babaloo!”. Guardadas as devidas proporções, a Educação de
Rondônia se divide em duas partes bem distintas: antes e depois do Colégio Classe A. Impossível para muitos
médicos, advogados, engenheiros, e tantos outros profissionais liberais não se
lembrarem dos ensinamentos deste grande homem.
Suas lições de
honestidade, competência, humildade, reconhecimento e acima de tudo humanidade
nunca serão esquecidas pelas novas gerações. O professor Carlos do colégio Classe A nos deixará muitas saudades, é
verdade. Sua ida precoce nos entristece como se tivéssemos perdido alguém da
nossa família. E perdemos mesmo: a família Classe
A está de luto por esta irreparável e insubstituível perda. A educação de
Rondônia perdeu um dos seus maiores baluartes e um dos seus maiores
incentivadores. Carlos engrandeceu o nome de Rondônia dentre as melhores
escolas do país. Eu fico um pouco mais pobre agora que meu amigo “resolveu” nos deixar. Mas todos nós
temos de nos conformar. São as regras já estabelecidas e que não podemos e
nunca vamos mudar. Aos familiares, minhas mais sinceras condolências. Carlos se
foi, mas nos deixou sua marca indelével. Seu sonho se transformou em realidade.
E o Classe A nos será eterno.
*É Professor em Porto Velho.
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