Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Religião fora da política já!


Antônio Tavernard - servidor público - Gente de Opinião
Antônio Tavernard - servidor público

A religião é parte importante da vida de muitas pessoas. Ela fornece orientação moral, conforto espiritual e senso de comunidade. A política, por sua vez, envolve o processo de tomada de decisões que afeta a vida de todos. A mistura entre religião e política é perigosa, na medida em que as crenças religiosas têm sido usadas para justificar políticas públicas que levam à discriminação, à intolerância e à violência.

No Brasil, o Estado é laico. Isso significa que a religião não pode influenciar as decisões governamentais. No entanto, na prática, a religião tem adquirido um papel central na política brasileira. As bancadas evangélicas, por exemplo, têm crescido bastante, e as crenças religiosas de seus parlamentares têm sido utilizadas para justificar determinadas posições políticas. Isso leva a conflitos entre diferentes grupos religiosos, uma vez que não há e nunca houve consenso entre as religiões a respeito de vários temas nevrálgicos de nossa sociedade, tais como a legalização do aborto e o uso da Cannabis medicinal, para citar apenas dois entre tantos outros exemplos. Alie-se a isso o fato de que a mistura entre religião e política pode levar à violação dos direitos humanos, quando a propositura de leis que promovem a discriminação contra determinadas minorias é justificada com base em argumentos religiosos.

É importante que a religião e a política sejam bem separadas para garantir que todos tenham a oportunidade de participar do processo político, independentemente da crença religiosa que professam. Essa salutar separação protege os direitos humanos e permite que os cidadãos sejam tratados de forma igualitária, inclusive ajudando a prevenir a discriminação e a intolerância contra minorias religiosas. Manter as decisões políticas apartadas de questões religiosas e dogmáticas é, por isso, princípio basilar de uma sociedade democrática.

Sendo assim, a ideia de criar capelanias nas escolas de Rondônia, proposta pelos deputados da nossa Assembleia Legislativa, afronta o Estado laico e a democracia. Como todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, conforme determina a Magna Carta, resta saber se em cada escola haverá também um pastor, um padre, um umbandista e um espírita para aconselhar nossas crianças.


*Antônio Tavernard - servidor público

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Um governo sob pressão

Um governo sob pressão

O governo Marcos Rocha tornou-se alvo preferencial de críticas as mais variadas. Algumas, justificáveis, pois carregam na sua essência o bem-estar d

A questão da ética na politica

A questão da ética na politica

Tenho sustentado neste espaço, até com certa insistência, a importância da ética na política, principalmente quando começam a surgir nomes nos mais

O exemplo do rei Canuto dos Vândalos  O exemplo do rei Canuto dos Vândalos

O exemplo do rei Canuto dos Vândalos O exemplo do rei Canuto dos Vândalos

Houve uma época em que ao roubo e ao furto se aplicava a pena de morte. Eram tempos de barbárie, onde a punição, por mais desproporcional e cruel, n

Mutirão de Saúde: a melhor solução

Mutirão de Saúde: a melhor solução

De todas as tentativas feitas por este e outros governos locais para resolver o grave problema de desassistência à saúde em Rondônia, os mutirões re

Gente de Opinião Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)