Sábado, 25 de janeiro de 2014 - 14h15
“Esse tal Chópis Cêntis
É muicho legalzinho
Pra levar as namoradas
E dar uns rolezinhos”
(Mamonas Assassinas, Séc. XX)
O ato denominado "rolezinho" me é simpático e interessante por ser um fenômeno de transgressão social a um território eminentemente capitalista – os shoppings. Estes jovens, interessantemente, construíram uma maneira de ocupar um espaço financeiro de forma não econômica. Uma ação parsonianamente social. Talvez um dos poucos atos de transgressão a um ambiente capitalista com características opressoras e deteriorantes socialmente. Afinal, quem são os que se contrapõe aos rolezinhos? Os detentores do capital . Os excludentes. Aqueles que não querem se misturar, por acreditarem ser, hitlelianamente, de raça ou espécie superior. São aqueles que querem criar seus filhos sem mostrar-lhes as mazelas que lhes são tão próximas, dentre elas a pobreza econômica da sociedade, que não é pior do que a pobreza social de seus pais. Pouco sabem eles que seus filhos já estão em contato com estas pessoas. Seja com o guarda de sua escola particular, seja com o vendedor de pipoca do parque de lazer, seja com o jardineiro ou o segurança de seu condomínio fechado ou com o limpador de suas grandes e límpidas piscinas. Impedir que estes jovens desafortunados financeiramente frequentem este território segregado por sua natureza é negar-lhes direitos básicos e è também um processo de terreritorizaliação excludente e de apropriação indevida de espaço público. Os excludentes são ofuscados pelo valor simbólico do dinheiro e não conseguem enxergar que o rolezinho pode ser rico na produção de uma sociedade mais rizomática e que também oportuniza a produção e compartilhamento de conhecimentos para ambos os grupos. Uma pausa para um desabafo declarado - é um absurdo ter que escrever este texto, afinal não estamos mais na idade média, mais nos comportamos, em discussões como esta, como se estivéssemos. Continuando - me faço e espero que o leitor reflita sobre a seguinte pergunta: onde estão os movimentos contrários a invasão da sociedade abastarda financeiramente aos morros do Rio de Janeiro ou a periferia de São Paulo para se privilegiarem de sua cultura musical, de seus espaços de lazer, de seus conhecimentos locais e de outras atividades que só são encontradas lá, neste espaço de excluídos? Talvez seja por não haver movimentos contrários a esta invasão, o motivo pelo qual, é comum observar nas ruas da zona sul das grandes cidades carros importados com sons à todo volume difundido o Funk da favela. Talvez seja por falta de movimento contra, os meninos do asfalto, subir ao morro, que o cinema brasileiro produz tantos filmes de sucesso nacional e internacional em cenários e sobre o cotidiano da periferia brasileira. Talvez, quem sabe, por isto também que é recorrente ver as vitrines das lojas do shoppings com roupas que mimetizam os farrapos (vestes) dos favelados com suas cuecas a mostra, calças rasgadas e frouxas e com aspectos sujos. AH! Esta cultura é porcaria então pode ser usurpada para a produção do bem estar dos mais avantajados financeiros. Vá, Vá, Vá, Vá... Vamos parar com isto, deixemos de ser tão hipócritas e com tanta inferioridade social. Apropriamo-nos indevidamente de sua cultura e não queremos lhes dar acesso à nossa. Interessante notar que, de uma forma ou de outra, somos todos gênesis de uma mistura de raças, classes e cor. Muitos destes que se opunham aos rolezinhos de hoje já se beneficiaram dele num passado, muitas vezes, não muito distante. Eu já o fiz, meus irmãos já o fizeram. Minhas filhas não o fazem hoje por que lhes ofereço condições econômicas para se inserirem nesta sociedade de consumo (mesmo contrariado). Porém quando as acompanho ao shopping (território que me causa náuseas) faço o meu rolezinho subjetivo.
Erasmo M. Carvalho
Ex-aluno e Prof. da Universidade Federal de Rondônia
Consultor e Prof. de MBA FUNDACE -Fundação Pesquisa FEA/USP-RP
1º e 2º Grau - Escola Pública Getúlio Vargas – RO (grifo proposital)
Mestrado em Ciências Contábeis pela USP
Doutorando em Administração pela UFRGS
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