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Rondônia me dá medo - Professor Nazareno



Coisas muito estranhas não andam acontecendo em Rondônia como muitos pensam. Essas “coisas estranhas” infelizmente sempre aconteceram por aqui. Atraso, preconceito, xenofobismo, roubo, ambição, descaso, corrupção, pistolagem, censura, intolerância, violência social, violência no campo, violência política. Os males e os vícios desta maldita província atrasada são quase os mesmos dos verificados na “República Federativa do Bandido”. Dessa vez um assessor do prefeito de Porto Velho simplesmente invadiu de forma furiosa a redação de um site de notícias, o newsrondonia.com, e com socos e pontapés agrediu diante das câmaras um jornalista. Raimundinho Bike Som se estivesse armado, certamente teria praticado um assassinato ao vivo. Cenas dantescas que dificilmente seriam vistas em lugares mais civilizados.

Noticiada em alguns poucos órgãos da imprensa local, a selvageria parece que não causou muita repercussão. Alguns internautas acharam normal o tenebroso fato e até aplaudiram o agressor sem levar em conta a liberdade de expressão e a violação do direito de opinar. Estado sem nenhum prestígio, Rondônia já está acostumada ao ronco do trabuco, infelizmente. Aqui, na década de 90 do século passado, um Senador da República foi metralhado no meio da rua sem que providências sérias tivessem sido tomadas até agora para se descobrir os mandantes daquele atentado. Dependendo da profissão, viver em Rondônia é estar sob o risco constante de ser morto a qualquer momento. A pistolagem é uma constante e o Vale do Jamari é uma das regiões mais violentas do país.  Pouco se espera de um lugar que pariu o Massacre de Corumbiara.

As disputas políticas no Estado de Rondônia geralmente são resolvidas no braço mesmo, como no lamentável caso do assessor da prefeitura da capital. A Assembleia Legislativa do Estado, por exemplo, é um antro de coisas erradas e há muito tempo tem se comportado como um ambiente totalmente fora da lei. Ali, alguns deputados roubam, delinquem, estorcem, desviam dinheiro público, mentem, fazem conchavos e tramam golpe. E tudo praticamente tem ficado por isso mesmo. Dos presidentes do Poder Legislativo de Rondônia, quase todos já foram condenados ou estão cumprindo penas. Na política, esta província não tem muita coisa boa a ensinar ao resto do país muito menos ao mundo civilizado. Agora, alguns parlamentares urdiram na calada da noite um golpe contra o governador com direito até a ameaça de morte ao chefe do Executivo.

As agressões covardes a jornalistas ou a quem tem opiniões diferentes já viraram rotina. Eu mesmo quando publico um texto, sinto que posso levar um tiro a qualquer instante ou até “sofrer um acidente”. O cangaço rondoniano impõe medo e terror. Por isso, apelo outra vez: “TENHAM VERGONHA, NÃO LEIAM OS MEUS TEXTOS SE NÃO QUISEREM SE INCOMODAR. LEIAM O QUE PRESTA. LEIAM MACHADO, FOUCOULT, CLARICE, LIMA BARRETO, NIETZSCHE, DRUMMOND”. O clima de Velho Oeste pode ser sentido em qualquer cidadezinha do interior e até mesmo na capital. O contraditório por aqui é um 38 cheio de balas. Paulo Andreoli, Rubens Coutinho, Carlos Caldeira, Luciana Oliveira e tantos outros comunicadores e jornalistas são testemunhas ainda vivas da dificuldade de se exercer o trabalho de informar algo. E muitos já foram mortos por terem escolhido tal faina. Síria e Afeganistão são fichinhas.

*É Professor em Porto Velho.

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