Sexta-feira, 6 de março de 2020 - 14h19
Elas ainda são minoria em Rondônia, mas se destacam nos quartéis, nas ruas, no ar, e na floresta. Esforços no combate à violência doméstica, socorro a pessoas e até a animais poderão conduzi-las a postos maiores na carreira.
Duas bonitas mulheres, inspiradoras relatam experiências como bombeiras militares. Às meninas que pretendem um dia imitá-las, elas recomendam estudo, determinação, foco, disciplina e muito amor ao próximo. Ser bombeiro é servir a sociedade.
Durante três anos de serviços prestados ao 2º Grupamento dos Bombeiros em Ji-Paraná, cabo Andreana Torres Ferreira diminuía a saudade da família, viajando nas folgas para Porto Velho, a 367 quilômetros de distância.
“Lá, o bombeiro é tudo, e aprende de verdade”, ela comenta.
Classificada para trabalhar na segunda cidade mais populosa (132,6 mil habitantes no cômputo de 2017) do Estado de Rondônia, ela saiu dos limites do quartel e das vistorias técnicas, para ajudar a apagar incêndios, socorrer vítimas do trânsito e se enfiar no meio de carros, caminhões e vítimas de acidentes graves na BR-364
Há quase um ano no setor administrativo do Grupamento de Operações Aéreas (GOA), essa porto-velhense moradora no bairro Aponiã, sente vontade de prosperar na carreira de bombeiro militar.
“Fiz teste de aptidão física para tripulante operacional e um dia espero ocupar uma vaga”, diz cabo Andreana.
Atualmente, o governo estadual supre as necessidades do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBM-RO), patrocinando a formação de tripulantes em Brasília (DF), Goiânia e Florianópolis (SC).
Na sua rotina, ela desfruta do clima tranquilo e da paz reinantes na base situada perto de uma floresta nativa ao lado da rodovia Expresso Porto.
Em 2017, quando voltou do interior, cabo Andreana passou dois anos no setor financeiro do comando geral, e desde o ano passado trabalha no controle de combustíveis e manutenção de aeronaves. Estão sob a sua responsabilidade três aviões e um helicóptero.
“Meu sonho? Bem, sou formada em educação física (pela Faculdade Metropolitana), quem sabe eu tenha no GOA a oportunidade de unir minhas experiências e demonstrá-las na prática”, projeta.
Andreana tem seis anos na corporação. Nascida no bairro Olaria, concluiu o ensino fundamental na Escola Branca de Neve (Arigolândia).
Era vizinha do quartel do comando geral, ela conta: “Do quintal de casa, eu dizia pra minha mãe (dona Maria de Nazaré): qualquer dia eu vou pra lá”.
Ela demonstrou boa vontade e querer: em 2008 fez o concurso público e sua turma foi a última a ser chamada, em 2013, quando estava gestante de João, 8, primeiro e único filho.
João, estudante do 4º ano no Colégio Laura Vicuña reconhece o trabalho dela: “Minha mãe apaga o fogo e salva vidas”.
“Em nosso ambiente predominantemente masculino, a mulher faz a diferença e aos poucos ocupa seu espaço”, opina.
Incorporada ao 1º Grupamento na Capital, há pouco mais de um ano, soldada Regiane Babetto Padia, 30, viveu até os sete anos em sua terra natal, Nova Brasilândia d’Oeste, de 20,4 mil habitantes, a 484 quilômetros de Porto Velho.
O primeiro emprego lhe sorriu em Pimenta Bueno, em uma loja de calçados, mas ela já projetava seu futuro: estudar Direito para mais tarde ocupar o posto de oficial.
“Desde criança eu quis ser bombeira, passei no concurso da PM, mas não fiquei, e só vim ingressar no 1º Grupamento de Bombeiros em fevereiro de 2019, depois de cursar a academia, em agosto de 2018”, conta.
Na selva do Rio das Garças, ela marchou 25 quilômetros, chegando ao destino com os pés calejados. “Foi uma ralação de três dias, mais dois de sobrevivência na selva”, descreve. Apesar do isolamento, não encontrou bichos grandes, porém, conheceu de perto alguns tipos de aranha.
O preparo técnico seguiu-se no quartel, onde o treinamento é diário e cada um aprende o que fazer em seu setor.
Tão logo estreou em trabalhos externos, soldada Regiane saiu à 1h30 da madrugada para o primeiro desafio. Com a guarnição de incêndio, foi combater o incêndio numa loja de tintas na Avenida Amazonas, na zona leste de Porto Velho.
“Olha, eu saí do local às 11h30 da manhã, e os soldados ainda estavam dando conta da missão, porque o fogo reacendia”, lembra-se.
Anteriormente, ela havia trabalhado nas vistorias realizadas regularmente pela Divisão de Atividades Técnicas do CBM-RO. É no momento a única mulher dentre os 30 homens que trabalham com cinco caminhões e uma ambulância. “Éramos quatro, ela explica, mas uma engravidou, outra foi atuar na vistoria, e outra entrou em licença médica”.
“O principal combate não está na ponta da mangueira, mas na prevenção”, diz já vencendo novas barreiras.
”O resgate do cachorro no bueiro, o curto-circuito, o cabo derretendo no fogo, tudo é experiência única, e o mais gratificante é sentir a gratidão das pessoas e a admiração das crianças”, acrescenta Regiane.
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