Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024 - 15h24
O Instituto de Defesa
da Coletividade, Escudo Coletivo, peticionou na 2ª Vara da Fazenda Pública de
Porto Velho/RO um pedido de habilitação na ação civil pública que o Município
de Porto Velho move contra as empresas aéreas pelo “isolamento” imposto à
Rondônia. Com a manifestação, o Escudo Coletivo passa a somar na busca de
soluções efetivas, já trazendo uma análise minuciosa de dados e provas do
processo, bem como reforçando a urgência da liminar que está para ser apreciada
há mais de um ano.
A entidade que nasceu
há poucos meses para ser a voz da sociedade rondoniense na defesa dos direitos
alertou o Judiciário sobre a gravidade que aflige os cidadãos do estado, que
continuam sofrendo os impactos da pouca oferta de voos e valores
incompatíveis.
Risco à vida dos
rondonienses
Na petição, o Escudo
explica que as dificuldades para o acesso ao transporte aéreo em Rondônia vem
causando um grave impacto às pessoas que necessitam de atendimentos urgentes de
saúde, seja por Tratamento Fora de Domicílio (TFD) ou por meios próprios. Além
disso, a negligência das empresas aéreas obriga muitos rondonienses a buscarem
alternativas terrestres para acessar o transporte aéreo nas capitais vizinhas,
em razão dos valores menores.
Um registro
lamentável dessa busca pelo transporte aéreo mais acessível resultou no trágico
acidente de uma família inteira de Vilhena/RO, no dia 30 de outubro de 2024,
por ocasião do deslocamento na BR-364/174 até o Aeroporto de Cuiabá/MT, onde
iriam pegar um voo com destino a São Paulo/SP.
Tratamento
discriminatório continua
O Instituto realça ainda
que os dados fornecidos no processo há pouco mais de 100 dias pela Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC) reforçam de maneira contundente o que tem sido
reiterado tanto pelo Município como pelo Ministério Público: o transporte aéreo
em Rondônia está sendo negligenciado pelas companhias aéreas.
No período de janeiro
a junho de 2024, por exemplo, os voos com origem em Porto Velho/RO apresentaram
índices de atraso 235,29% superiores à média nacional. Tal discrepância não é
apenas estatística, mas reflete diretamente na vida dos rondonienses que
dependem do transporte aéreo para necessidades básicas, como saúde e trabalho.
Já no período de
julho a setembro de 2024, a situação dos cancelamentos é ainda mais alarmante:
enquanto a média nacional de voos cancelados ficou em 2,70%, os voos com origem
e destino em Porto Velho/RO registraram um índice de 7,51%. Isso representa
quase o triplo da média nacional e beira os 10% dos voos programados.
Ainda que as
alegações pelas empresas de ajustes de malha possam ser admissíveis em
situações sazonais ou específicas, o Escudo afirma que a desproporcionalidade
das interrupções em Rondônia, em comparação com a média nacional, evidencia uma
conduta discriminatória e incompatível com os padrões regulatórios
estabelecidos pela ANAC.
“Esses números
escancaram o descaso das rés, que continuam a tratar Rondônia como uma
prioridade secundária, apesar de a aviação civil ser essencial para a
mobilidade, a saúde e o desenvolvimento econômico da região. O impacto dessas
práticas é profundo, comprometendo direitos fundamentais, agravando
desigualdades e ampliando o isolamento aéreo de uma população já vulnerável”,
evidenciou o presidente do Escudo Coletivo, Gabriel Tomasete.
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