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Indústria em Porto Velho une pesquisa e sustentabilidade para desenvolver cimento com menor pegada ambiental

Em Porto Velho, pozolana natural calcinada é alternativa sustentável e eficiente para reduzir as emissões de CO2 na produção do cimento


Unidade reduziu em 50% as emissões de CO2, 40% de água, 25% da energia elétrica e 10% na geração de resíduos. - Gente de Opinião
Unidade reduziu em 50% as emissões de CO2, 40% de água, 25% da energia elétrica e 10% na geração de resíduos.

A indústria do cimento é responsável por 7% de todo o CO2 gerado pela ação humana no mundo, segundo a IEA (sigla em inglês de Agência Internacional de Energia). No Brasil, em função de várias ações que vêm sendo implementadas há anos e à qualidade de nossa matriz energética, essa participação é praticamente um terço da média mundial, ou 2,6%, segundo o Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa. Grande parte dessa emissão é causada no processo de calcinação de calcário e argila para produzir o clínquer, principal matéria-prima do cimento. Com o intuito de reduzir esse impacto, o setor tem desenvolvido pesquisas para encontrar novas soluções que ajudem a diminuir a pegada ambiental.

Nesse sentido, a Votorantim Cimentos, empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis, conta com um time de especialistas da área de Pesquisa & Desenvolvimento que atua pautada por pilares estratégicos de descarbonização, entre os quais está o uso de cimentícios para substituir parte do clínquer e, assim, produzir um cimento com menor pegada ambiental. O trabalho contribuiu para a companhia ser pioneira na implantação, em 2009, no Brasil e no mundo, da primeira fábrica projetada para produzir cimento com pozolana calcinada, em Porto Velho (RO). A iniciativa foi fundamental para atender ao mercado que demandava um cimento de alta durabilidade para obras de infraestrutura, como a construção de usinas hidrelétricas.

Segundo a gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Votorantim Cimentos, Sílvia Vieira, o cimento fornecido em Porto Velho inibe reações que podem prejudicar o desempenho do concreto a longo prazo. “Em contato com a água, o cimento libera calor. Nesse processo, o material se expande e depois se contrai e é aí que ocorre a fissura da estrutura. Por isso, em obras como as de hidrelétrica e barragens, o cimento tem que gerar um baixo calor de hidratação e foi assim que percebemos a oportunidade de produzir a pozolana calcinada. Esse é um caso de sucesso pois continuamos produzindo esse cimento na região, que hoje atende ao mercado consumidor em geral”, afirma.

Além da inovação para suprir às necessidades do mercado regional, com o uso da pozolana calcinada a unidade de Porto Velho opera de forma sustentável, atuando em sintonia com os seus Compromissos de Sustentabilidade para 2030, que tem como meta reduzir para 475 kg a emissão de CO2 por tonelada de cimento, além de entregar para a sociedade um concreto com zero emissão até 2050. Com a adição de pozolana na fabricação de cimento, a unidade de Porto Velho reduziu em 50% as emissões de CO2, 40% de água, 25% da energia elétrica e 10% na geração de resíduos.

“A pozolana proporciona ainda um benefício adicional importante do ponto de vista ambiental, já que quase 50% do material natural extraído hoje em todo o planeta é para a fabricação de cimento e argamassa. Como esse cimentício garante mais resistência à obra, evita-se a reparação ou demolição da estrutura a longo prazo e, dessa maneira, deixamos de extrair mais materiais da natureza para produzir cimento”, disse Sílvia.

Fábrica em Porto Velho foi a primeira no mundo a produzir com pozolana calcinada para reduzir as emissões. - Gente de Opinião
Fábrica em Porto Velho foi a primeira no mundo a produzir com pozolana calcinada para reduzir as emissões.

Experiência semelhante à da fábrica de Porto Velho ocorre em Cuiabá (MT). Em ambas as unidades, a utilização da pozolana e de outros cimentícios para substituir o clínquer seguem a NBR 16697, que estabelece parâmetros de desempenho para o cimento com adições. Em Cuiabá, o time de Pesquisa & Desenvolvimento da Votorantim Cimentos identificou pozolanas não convencionais, como o xisto calcossilicato, uma rocha encontrada na fábrica da capital matogrossense que pode ser utilizada para substituir o clínquer. A utilização do xisto calcossilicato combinado com um filito traz ainda mais benefícios, pois como é um estéril da mina de calcário esse material não era aproveitado economicamente e se tornava um rejeito. Assim, combinado com um filito, sua utilização como cimentício contribui com o meio ambiente, evitando também o descarte no aterro.

Jornada de descarbonização – Nos últimos anos, a Votorantim Cimentos tem avançado em suas metas de descarbonização com a redução de 24% as emissões de CO2 por tonelada de cimento produzido no mundo, entre 1990 e 2022. Ano passado, a Votorantim Cimentos registrou resultado global de emissões de 579 kg de CO2 por tonelada de cimento produzido, uma redução de 3% na comparação com 2021. Já a taxa de substituição de clínquer passou de 74,9% em 2021 para 73,9% em 2022. Nossa meta para 2030 é chegar ao índice de 68% de fator clínquer, explorando cada vez mais alternativas em economia circular.

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