Segunda-feira, 25 de março de 2024 - 09h04
As mulheres ganham 20,3% a menos do que os homens no estado de Rondônia. É o que aponta o 1º Relatório de Transparência Salarial já publicado no país com recorte de gênero. O documento, apresentado nesta segunda-feira, 25 de março, pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), contém os principais dados extraídos das informações enviadas pelas empresas com 100 ou mais funcionários – perfil exigido por lei para apresentar os dados para o Governo Federal.
No total, 268 empresas rondonienses responderam ao questionário. Juntas, elas
somam 67,4 mil empregados. A exigência do envio de dados atende à Lei nº
14.611, que dispõe sobre a Igualdade Salarial e Critérios Remuneratórios entre
Mulheres e Homens, sancionada pelo presidente Lula em julho de 2023.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres varia de acordo com o grande grupo ocupacional. Em Rondônia, no recorte por raça, o relatório aponta que, embora as mulheres negras estejam em maior número no mercado de trabalho, recebem menos do que as mulheres brancas. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 2.478,29, a da não negra é de R$ 2.591,45. No caso dos homens, os negros recebem em média R$ 3.052,33 e os não negros, R$ 3.383,24.
O Relatório também contém informações que indicam se as empresas têm políticas
efetivas de incentivo à contratação de mulheres, como flexibilização do regime
de trabalho para apoio à parentalidade, entre outros critérios vistos como de
incentivo à entrada, permanência e ascensão profissional das mulheres.
No caso de Rondônia, o relatório registrou que 51,9% das empresas
possuem planos de cargos e salários; 29,2% adotam políticas para promoção de
mulheres a cargos de direção e gerência; 40,3% têm políticas de apoio à
contratação de mulheres; e 34,4% adotam incentivos para contratação de mulheres
negras.
Apenas 13,6% possuem políticas de incentivo à contratação de
mulheres LGBTQIAP+, 30,5% incentivam o ingresso de mulheres com deficiência, e
somente 2,6% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres
vítimas de violência.
Poucas empresas ainda adotam políticas como licença maternidade/paternidade estendida (11,7%) e auxílio-creche (10,4%).
NACIONAL –
No Brasil, as mulheres ganham 19,4% a menos do que os homens, de acordo com o
1º Relatório de Transparência Salarial. No total, 49.587 empresas responderam
ao questionário – quase 100% do universo de companhias com 100 ou mais
funcionários no Brasil. Destas, 73% têm 10 anos ou mais de existência. Juntas,
elas somam quase 17,7 milhões de empregados.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres varia de acordo
com o grande grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por
exemplo, chega a 25,2%.
No recorte por raça, o relatório aponta que as mulheres negras,
além de estarem em menor número no mercado de trabalho, também recebem menos do
que as mulheres brancas. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89,
a da não negra é de R$ 4.552,45, diferença de 49,7%. No caso dos homens, os negros
recebem em média R$ 3.843,74 e os não negros, R$ 5.718,40, o equivalente a 48,77%.
POLÍTICAS DE INCENTIVO — O relatório registrou que, em todo o país, 51,6% das empresas possuem planos de cargos e salários, políticas de incentivos às mulheres; 38,3% adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência; 32,6% têm políticas de apoio à contratação de mulheres; e 26,4% adotam incentivos para contratação de mulheres negras.
Apenas 20,6% possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres
LGBTQIAP+, 23,3% incentivam o ingresso de mulheres com deficiência, e apenas
5,4% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres vítimas
de violência.
Poucas empresas ainda adotam
políticas como flexibilização de regime de trabalho, como licença maternidade/paternidade
estendida (17,7%) e auxílio-creche (21,4%).
ESTADOS — Os dados mostram diferenças significativas por Unidade da Federação. O estado do Piauí, por exemplo, tem a menor desigualdade salarial entre homens e mulheres: elas recebem 6,3% a menos do que eles, em um universo de 323 empresas, que totalizam 96.817 ocupados. A remuneração média é de R$ 2.845,85.
Na sequência das UFs com menor desigualdade salarial entre homens e mulheres aparecem Sergipe e Distrito Federal, com elas recebendo 7,1% e 8% menos do que os homens, respectivamente. Em Sergipe, a remuneração média é de 2.975,77. No DF é a maior do país: R$ 6.326,24.
A maior desigualdade salarial no Brasil ocorre no Espírito Santo, onde as
mulheres recebem 35,1% menos do que os homens. Na sequência dos estados mais
desiguais, aparecem Paraná (66,2%), Mato Grosso do Sul (67,4%) e Mato Grosso
(68,6%).
São Paulo é o estado com maior
número de empresas participantes, um total de 16.536, e maior diversidade de
situações. As mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, praticamente
espelhando a desigualdade média nacional. A remuneração média é de R$ 5.387.
ONDE ACESSAR — Todos os dados estão
disponíveis para consulta no site Portal Emprega Brasil - Empregador. As
empresas têm até 31 de março para publicar o seu relatório individual no portal
ou em suas redes sociais, sempre em local visível, garantindo a ampla divulgação
para seus empregados, trabalhadores e público em geral. Aquelas que não
tornarem públicas as informações do relatório serão multadas em 3% do valor da
folha.
As empresas terão o prazo de 90 dias para apresentarem um plano de
mitigação, ou seja, para reduzir as diferenças apontadas pelo relatório.
Funcionários que quiserem denunciar desigualdades podem acessar o site Link.
INSTRUMENTO PARA A IGUALDADE —
Tanto o Relatório de Transparência Salarial quanto o Plano Nacional de
Igualdade Salarial, que ainda será lançado, são frutos da Lei nº 14.611,
sancionada pelo presidente Lula em 3 de julho de 2023. Ela aborda a igualdade
salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres no ambiente de
trabalho, modificando o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Por força da lei, empresas com 100 ou mais empregados devem adotar
medidas para garantir essa igualdade, incluindo transparência salarial,
fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade
e inclusão, e apoio à capacitação de mulheres. A lei foi a primeira iniciativa
do Executivo no primeiro ano do governo Lula, encaminhada ao Congresso Nacional
em março do ano passado e aprovada no mês de junho.
Para saber mais sobre a Lei de Igualdade Salarial, clique aqui.
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