Segunda-feira, 27 de agosto de 2007 - 06h23
Apesar das condições sempre adversas para o desenvolvimento da cultura de Porto Velho as manifestações continuam acontecendo e é visível a tendência de crescimento.
É visível a carência de equipamentos para o fazer cultural. É visível, também, a falta de condições plenas para manifestações populares, como o carnaval. Que condições mínimas são essas? Iluminação pública adequada, ou seja, pelo menos uma lâmpada em cada poste no trajeto dos blocos. Antes de servir aos blocos, servem a população durante todo o ano, por direito, pois pagam, além de impostos, a taxa de iluminação pública. Agora, compromisso mesmo, seria iluminação reforçada. Isso sim, seria uma demonstração de apoio à cultura.
Tenho uma mania de fechar ciclos. Reconheço que há algum apoio do município e do governo. Mas não adianta apoiar pela metade. Além de contribuir com a organização dos grupos culturais, tem, por obrigação, propiciar as condições de segurança, transporte e saúde. Senão não tem sentido.
Em 2007, as tragédias andaram afastadas do período do carnaval. Sorte? Talvez. Mas é sabido que houve uma maior efetividade dos órgãos de segurança pública nos eventos momescos, que não foram poucos. Quem se deu mal foi Salvador, na Bahia. O que terá acontecido por lá? Fala-se em reforçar a segurança. Bingo!
Na verdade quero falar do desfile das Escolas de Samba de Porto Velho, que mudou de lugar muitas vezes, e neste ano está na Av. Costa e Silva. Assisti aos dois dias de desfile e constatei, salvo melhor juízo, que ali é o lugar ideal para a construção do SAMBUQUADRÓDOMO.
Fala-se muito em sambódromo, bumbódromo. Mas não é só de samba e boi bumbá que vive o folclore, a cultura de Porto Velho. Há também as quadrilhas. Essas, em plena evolução. Portanto, seja o que for construído, deverá ser projetada considerando estas três mais importantes manifestações populares: desfile das escolas de samba, apresentações de bumbás e das quadrilhas. Portanto deverá chamar-se SAMBUQUADRÓDOMO.
Ficou evidente a necessidade da construção de um local apropriado. Um equipamento de fazer cultural. Isso é obrigação dos governos municipal e estadual. Ambos, anualmente, desembolsam quantias consideráveis, que ultrapassam meio milhão de reais em estruturas para que as coisas aconteçam. E convenhamos, muito dinheiro, para muita precariedade.
Na verdade, gasta-se muito dinheiro e as condições continuam indignas para o público, que assistem às apresentações com considerável desconforto e para os grupos culturais, no que se refere itens como iluminação e local para concentração.
É claro que a grana anda curta. Mas é possível sim a construção de um local desses. Conversei com algumas pessoas que participam ativamente de movimentos culturais que estariam dispostos a sacrificar um ano de apresentações, para que toda a grana fosse investida na construção do SAMBUQUADRÓDOMO. É o sacrifício de quem sente falta de um lugar digno para o momento máximo de revelar os resultados de esforços sempre muito além de suas posses.
No dia 20/02/2007, dia do desfiles das Escolas de Samba do grupo especial, faltou acomodações para tanta gente. Havia, sem medo de errar, o dobro de pessoas em pé, em relação ao número de acomodações precárias das arquibancadas. O povo gosta de carnaval e prestigia. O povo gosta de bumbás e prestigia. O povo gosta de quadrilhas e prestigia. O que falta, portanto, é um lugar decente para o povo e para os participantes dos grupos culturais. Porto Velho precisa de um SAMBUQUADRÓDOMO.
Além do mais, com a construção desse importante equipamento para disseminação da cultura, além de reduzir os custos nos anos seguintes para o prefeitura e o estado, possibilitarão que os grupos, juntos, espero, utilizem o espaço para promoção de eventos que objetivem arrecadação de recursos financeiros para financiar seus desfiles, suas apresentações.
Em Manaus, no Amazonas é assim. A cultura transcendeu ao aspecto mecenato da prefeitura e estado, para parceria, uma vez que os grandes eventos populares estão sob a responsabilidade das secretarias de Turismo da prefeitura e do estado. Quer dizer, os grupos saíram da "esmola" e foram para a parceria. É claro que Manaus ainda deve conviver com problemas dessa ordem, mas já evoluiu bastante e não se encontra na inércia que se encontra a cultura de Porto Velho.
Outro aspecto importante é a melhoria das apresentações das escolas. Sambem por quê? Simples. Em 2005 e 2006, mas, mais em 2005, a prefeitura juntamente com os grupos culturais de Porto Velho, contrataram instrutores de artesanato para ministrarem aulas de construção de carros alegóricos. Veio gente de Parintins e do Rio de Janeiro. Veio porta bandeira e mestre sala do Rio de Janeiro.
Os resultados, pelo menos nos carros e nas fantasias apareceram este ano. E o povo reconheceu. Aplaudiu. Imagine quando o SAMBUQUADRÓDOMO for construído e o dinheiro que sobrar nos próximos anos for investido em oficinas de construção de instrumentos, utilizando materiais alternativos, oficinas de construção de carros alegóricos, oficinas de mestre-sala e porta bandeira, oficina de elaboração de enredo, oficina de planejamento de desfiles, oficina para jurados, oficina de iluminação adequada para esse tipo de evento, oficina para sonorização, para evitar os micos consecutivos de todos os anos, oficina para comissão de frente, oficina para governantes, para entenderem a importância da cultura para o povo, e assim por diante.
Custo baixíssimo, pois trata-se de contratar uma ou duas pessoas para ensinar dezenas, para que sejam multiplicadoras. E onde seriam as aulas? No SAMBUQUARÓDOMO. Onde seriam os ensaios? No SAMBUQUARÓDOMO. E, sem medo de errar, em menos de cinco anos o festival folclórico de Porto Velho e o carnaval teriam outra cara. Seria sim atração turística. Sairia do orçamento das secretarias de cultura para as secretarias de turismo. E os carnavais fora de época? E o São João fora de época? Tudo isso é despesa em estrutura que poderia ser economizada e ainda se transformar em investimento com retorno garantido através de ações de turismo. O que mais ouço é que turismo é o segmento que mais dá retorno, o que mais emprega. Será que não tem ninguém que enxergue o potencial turístico cultural que Porto Velho tem? Será que só vêem (será que vêem mesmo) potencial ecoturístico em Porto Velho?
Bom, as soluções não são complexas. O retorno parece ser garantido. O potencial turístico cultural de Porto Velho é evidente. Qual o problema então?
Os governos respondem sempre a reivindicações bem fundamentadas. A parte do setor cultural seria se organizarem e fazer pressão em bloco para que essas coisas acontecessem. Todos sairiam ganhando.
Todas as instituições devidamente constituídas como as federações, associações, os blocos profissionais, todos terão que se unir, para, juntos, fazerem as reivindicações junto aos poderes competentes para que seja construído o SAMBUQUADRÓDOMO.
Por fim, a máxima SÓ A UNIÃO CONSTRÓI, é verdadeira e recorrente. A união organizada dos criadores de cultura (será?) juntamente com a união da prefeitura e o estado (será?) e juntos - as duas uniões -, só não construirão o SAMBUQUADRÓNOMO como também consolidação a identidade cultural de Porto Velho se continuarem desunidas, egoístas e atrás de votos.
E aí? Vão encarar? Está em Vossas limpas mãos.
Fonte: Sérgio Ramos - O autor é administrador de empresas e agitador cultural
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