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SEIVA DE ASSACU – Por Luciana Oliveira


Nada como uma reles máxima popular para resumir algumas atitudes que se mostram complexas. Escolho uma para começar este artigo que uso comumente e considero uma das mais eficazes: “Pimenta no rabo dos outros é refresco”. Ao retrucar as críticas mordazes que o escritor Matias Mendes fez a meu pai e à sua obra “Enganos da Nossa História”, ganhei um inimigo, embora não tenha sido essa minha intenção. Prova disso é a conclusão do texto que fiz e pelo qual fui duramente agredida.
Em seus artigos aquele que se diz matuto guaporeano burilado por castelhanos e franceses perdeu a compostura e disparou sua metralhadora de festim.
Todos por sinal com o habitual tom presunçoso, medíocre e sem qualquer vestígio da tão alardeada educação sofisticada que teria recebido. Teve ainda o descaramento de dizer que o artigo que fiz possuía linguagem lupanar de quinta categoria. Bom, se quisesse utilizar esse linguajar não poderia simplesmente porque nunca frequentei ambientes que o pratiquem. Mas o que dizer de um escritor que alega ler atualmente 50 livros por ano e 100 outrora? Alguém que arrota tantos feitos deve também ter esmiuçado a linguagem lupanar, por que não? Ele inclusive afirmou em um de seus monótonos artigos que a maior obra latino-americana dos últimos tempos seria “Memórias de Minhas Putas Tristes”, do renomado escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez. Particularmente, como não sou muito chegada à linguagem lupanar concordo com os que analisam que ele escreveu obras muito mais valiosas.
Ao escritor Matias Mendes que se gaba de engolir livros como quem toma água digo que pra mim a cultura dos letrados, a cultura da elite, da minoria, não é nunca foi sinônimo de sabedoria. Os valores morais que possuo aprendi com atitudes bem simples e dentro de casa. Um universo pequeno, humilde, mas de uma grandeza que se sobrepõe a todos os conceitos filosóficos e literários. A leitura, indiscutivelmente, ampliou muito meu horizonte, meu conhecimento, mas foram pessoas sem diploma e sem livros que me inspiraram a lutar contra injustiças. Foram pequenos e ao mesmo tempo grandes exemplos de pessoas humildes que me incentivaram a seguir o caminho do jornalismo e agora também o do Direito.
Eu li 12 livros este ano, uma média que considero excelente, já que a maioria dos brasileiros lê somente um no mesmo período. Mas o que aprendo todos os dias dentro de casa não tem comparação.
Meu pai, por exemplo, nunca precisou alardear seus feitos e muito menos justificar por meio de artigos vaidosos sua credibilidade na sociedade. “É muito feio ficar contando vantagem”, dizia ele a mim quando pequena. Mas isso é ensinamento bíblico, nada tem a ver com Rousseau, Simone de Beauvoir, Balzac, enfim...
Sou realmente muito jovem perto do escritor Matias Mendes, o que não implica em admitir que ele é extremamente mais sábio que eu e por isso lhe deva reverências. Talvez ele seja só alguém que leu mais do que eu e que viveu mais do que eu.
Como eu não quero jamais parecer um burro carregado de livros, me rendo sempre à sabedoria popular. Como descrever a genialidade de Cora Coralina que aos 14 anos já escrevia seus primeiros poemas sem estudo e apenas a partir da observação sensível e detalhada das coisas simples da vida?
O fato é que a pendenga foi levada ao palco do Seminário “Porto Velho, Um Século de História”, na qual o escritor com uma “mãozinha” da professora Yêda Borzacov tentou lavar a roupa suja. Perdi a compostura e exigi que o debate se mantivesse em torno da divergência histórica.
Se tem uma coisa que não abro mão é do meu direito de espernear e o exerci naquele momento sem titubear.
Na ocasião perguntei a professora Yêda sobre o livro que ela autorizou a publicação enquanto secretária executiva da Funcer, no qual havia um capítulo estarrecedor sobre a suposta homossexualidade do marechal Cândido Rondon. Quis saber por que o capítulo foi extraído após a publicação, se por flagrante preconceito ou por reconhecerem que haviam autorizado a publicação de uma inverdade. Claro que não houve resposta. Quem quiser cópia do capítulo do livro original é só pedir que envio. Recomendo cuidado, pois o texto é extremamente grosseiro e possui linguagem lupanar de quinta categoria.
Uma coisa é certa o seminário cumpre a sua finalidade, trazer à tona a discussão que por anos se mostra divergente em relação aos fatos históricos de Porto Velho.
A crítica que virou pendenga entre jornalistas é assunto para se tratar fora do evento. Ninguém deve ser obrigado a ouvir Matias Mendes arrotando seus feitos literários. Não estivesse como diz o escritor, “postado no alto da copa de um frondoso Assacu”, árvore que pode atingir 40 metros de altura, onde apoiaria tão imensurável ego?
Para concluir, nada mais apropriado do que uma máxima bem chique: “O homem vale tanto quanto o valor que dá a si próprio”, (François Rabelais).
Matias Mendes me retruca de forma grosseira há mais de duas semanas por um único artigo que fiz e me contive até ser provocada em público.
Já que o ilustre escritor se gaba tanto de ter devorado clássicos como os de Rousseau, que aplique a máxima de que “na juventude deve se acumular o saber e na velhice fazer uso dele”.
Fonte: lucianadepvh@yahoo.com.br
 

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