Sábado, 6 de julho de 2024 - 11h48
No Desafio da Vida os
diferentes Ritos completam-se
Nos campos verdejantes de
futebol e nos magníficos templos, a humanidade encontra as suas almas num
espetáculo divino e secular. O torneio de futebol e o culto religioso
compartilham mais semelhanças do que se pode imaginar à primeira vista nos
rituais religiosos e nos rituais seculares ou em eventos culturais. São arenas
sagradas onde corações pulsantes e fervorosos de diferentes devotos se reúnem,
não só para celebrar a vida, mas para expressarem em comunidade, de maneira
aberta e digna, as suas esperanças, receios e alegrias.
Imagine-se os estádios lotados
como templos modernos, onde os fiéis se vestem com seus trajes rituais, não de
túnicas e mantos, mas de vestimentas e cachecóis vibrantes, cada cor
representando sua devoção inabalável a uma equipa, a um santo secular. Estes
devotos fazem peregrinações de longas distâncias, enfrentando jornadas de fé,
com o coração pulsante de expectativa, na esperança de testemunhar milagres de
chuteiras. Eles ostentam não rosários, mas bandeiras, e em vez de velas, acendem
as suas paixões com gritos e cânticos que ressoam como trovões, elevando-se aos
céus num clamor que busca a graça da vitória.
Os cantores iniciadores de
coros, os líderes dos adeptos, orientam os adeptos fiéis em hinos de louvor e
devoção, transformando o estádio em um coro celestial. A multidão responde com
interjeições de alegria e também gritos de arrependimento, num rito tão antigo
como a própria civilização.
Os jovens acólitos (crianças),
com olhares cheios de sonhos, acompanham, de mãos dadas, os seus ídolos até ao
centro do altar verde onde, de alma e coração se apregoa o hino nacional.
Assim, jogadores com “camisas” próprias, adeptos e crianças acompanhantes,
expressam de maneira simbólica que em campo e em jogo se encontra toda a
comunidade de vida. Ali, sob os olhos atentos do árbitro-sacerdote, o
ritual começa. Cada passe, cada finta, é uma oferenda; cada golo expressa uma
epifania: aquele acto tão esperado de consumação e exaltação libertadora como
se de teofania se tratasse onde ecoam os sons de trombetas de anjos e arcanjos
arqueados em torno da baliza a dar ao golo um sentido superior.
Nos cultos religiosos, um Deus
omnipresente recebe a adoração. No campo sagrado do futebol, os ídolos de carne
e osso encarnam as esperanças de milhares. Mas em ambos os casos, há um
elemento comum: a busca por sentido, a necessidade de um lar emocional-mental
onde as almas possam expressar seus desejos e medos, onde possam mostrar sua
veneração de forma palpável e, assim, libertar as diferentes energias que se
acumulam nas vidas do seu dia-a-dia.
A beleza desses rituais, sejam
eles em igrejas ou estádios, está na celebração da comunidade e na experiência
coletiva da alegria. Há algo de profundamente humano que nos junta a todos para
celebrar a festa da vida, numa de superar as intrigas mesquinhas, e nos reunir
para cantar, rezar, gritar e apoiar juntos. Também a fé no pequeno David que
desafia o grande Golias se manifesta em cada jogo onde a pequena equipe pode,
contra todas as probabilidades, revelar-se vitoriosa. É a esperança que mantém
os fiéis em ambos os domínios – a esperança de que, mesmo perante desafios
gigantescos, o espírito humano pode triunfar. A esperança de que o humano deixe
de ser mero rival e mesquinho para se tornar verdadeiramente humano.
O melhor rito é aquele que
celebra toda a vida, no reconhecimento que cada acto e momento, seja religioso
ou secular, contribui para o grande mosaico da existência. A vida é, afinal, um
jogo, e a soma dos seus momentos é o que dá sentido à nossa jornada. Cada um de
nós é o catalisador da sua própria vida, e nenhum momento deve desviar-nos do
campo onde se joga a verdadeira partida: esse campo encontra-se dentro de cada
um de nós e expressa-se numa vivência de comunidade.
Vamos todos celebrar, nos
templos e nos estádios, nos cantos sagrados e nos gritos dos adeptos, a
maravilhosa tapeçaria da vida. Ideal seria que cada um de nós encontrasse, na
sua própria arena, a alegria e o sentido que buscamos e nos transcende numa de
pensarmos e agirmos a partir do nós descoberto na nossa singularidade, o centro
onde se realiza encarnação e ressurreição no mistério do encontro do divino com
toda a humanidade.
Moral da narrativa e ideias
inovativas: Qualquer pessoa que oponha os rituais naturais das pessoas uns
contra os outros compreende mal o mundo, a humanidade e as pessoas e ainda não
chegou a abranger os moventes mais profundos de todas as agremiações e
instituições. Enquanto não superarmos o ciclo vicioso de afirmação e
contra-afirmação, continuaremos a afirmar uma cultura da guerra sem notarmos
que seria possível iniciar uma cultura da paz na complementaridade e na
aceitação do erro como momento de superação; para isso haveria que sublimar a
guerra e a agressividade humana em jogos, tal com acontece modelarmente no
futebol (1). O futebol espelha a nossa vida natural.
A pressão do desempenho, o
medo do fracasso, as imagens de masculinidade e, por outro lado, a paixão e a
devoção absolutas são moventes bem presentes na arte do trabalho em campo. Tudo
isto eleva os jogos a um lugar de ação e de culto. O futebol torna-se num
catalisador onde se dissolve a tensão de energias positivas e negativas. Na
esfera olímpica, porém, o deus futebol ameaça tornar-se demasiadamente
absorvente, exigindo-se, por isso, cada vez mais capacidades de discernimento
na maneira de determinar as prioridades orientadoras da própria vida.
O Campeonato Futebol (UEFA -
FIFA) é também o exemplo de desfile e a expressão cultivada de uma sociedade
dominada pelos homens que, com este tipo de ritual, exalta a matriz masculina
que ordena o mundo segundo as características masculinas e ao mesmo tempo
enfatiza os objectivos internos e os métodos de afirmação da natureza.
Não chega criar campeonatos de
Futebol para mulheres no intuito de mitigar a matriz masculina do nosso modelo
de sociedade.
Se nos rituais de futebol se
sobrevaloriza a masculinidade secular nos rituais religiosos valoriza-se a
feminidade em geral. Para se criar uma cultura humana de paz haverá que
conceber pontes entre os polos das energias femininas e das energias
masculinas, de maneira a que umas e outras entrem num diálogo de olhos nos
olhos; isto para paulatinamente se ir elaborando uma nova matriz de
equivalência entre características femininas e masculinas sem se cair no
erro de um igualitarismo superficial e masculino hoje dominante - pacote
enganoso – que pretende masculinizar a feminilidade tornando-a apenas funcional
e deste modo masculinizam ainda mais a agressiva matriz masculina que
domina a nossa sociedade a nível sociológico, antropológico e
político-económico numa estratégia militarista.
Se partirmos da natureza
humana e da observação da história dos povos, será de concluir que as
sociedades continuarão a seguir a mesma matriz continuando a humanidade a ser
uma oficina de reparação. Neste sentido a sociedade irá continuar a
enganar-se a si mesma; no palco humano prosseguirá a aliança de um mercado de
transferências a nível desportivo, religioso, político, comercial, económico e
da arte.
“Fomos, somos e seremos sempre
todos nós. Acredita, Portugal”, apela Cristiano Ronaldo, de olhar no
firmamento. De facto, quem pretende chegar à victória tem de aceitar com
esperança o desafio da vida, consentindo também a prova de exercícios do erro
para poder avançar numa sociedade feita de vencedores e vencidos!
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e Pedagogo
Nota em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9459
VIKTOR ORBÁN FEZ UMA VISITA A
MOSCOVO PARA DESCONSOLO DE BRUXELAS E DA NATO
Mais um Contributo político
para Conversas fiadas nos Media
A União Europeia não está contente com Orban, chefe de governo da
Hungria e Presidente rotativo do Conselho da UE por seis meses, que fez uma
visita a Moscovo (5.07.2024) encontrando-se com Vladimir Putin.
Orban opôs-se sempre a sanções económicas da UE contra a Rússia porque,
segundo ele, quem seria prejudicado eram os cidadãos europeus; também várias
vezes se opôs a ajuda da EU à Ucrânia. Principalmente os EUA, Alemanha e a
França, que investem muito na indústria da guerra e no armamento militar
criticaram a visita de Orban a Moscovo e que a visita de Orban a Moscovo não
tem mandato da EU.
Orban afirmou que a Hungria é o único país da União Europeia capaz de
dialogar com Moscovo e com o Ocidente. A Hungria teria potencialidades para
assumir o papel de intermediária.
Orban argumenta que “a Europa precisa de paz” e a paz não vem por ela
mesma e deve ser desenvolvida por todos os lados porque a "a paz não será
alcançada sem diplomacia “.
O problema desta guerra geopolítica parece sem solução porque a NATO, a
UE e a Ucrânia querem a vitória absoluta sobre Moscovo e Putin exige a
“retirada completa de todos os soldados ucranianos das Repúblicas Populares de
Donetsk e Luhansk e das regiões de Zaporizhzhia e Cheron”.
No palco da política os diferentes discursos completam-se!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9469
O FENÓMENO DE JOGADORES MAIS
VELHOS NO DESPORTO PROFISSIONAL
Pepe e Ronaldo são um milagre
biológico do futebol ajudado por uma Vontade forte
O ortopedista e médico
desportivo Dr. Gerd Rauch, em entrevista à HNA, descreveu o fenómeno Pepe e
Ronaldo como um “milagre biológico do futebol”. Pepe com 41 anos e Ronaldo com
39 estão entre os jogadores mais velhos da história do Europeu.
Segundo o especialista, o que
sobressai nos dois jogadores é “disciplina de ferro...treino extra, regeneração
adequada com sono e sem álcool... e corpos robustos, com muito músculo. É
claramente o caso de Ronaldo e Pepe. São atletas excepcionais"...
Pepe e Ronaldo também tiveram
lesões, mas a sua condição física aliada à sua arte, disciplina e vontades
férreas fizeram deles grandes luzeiros no firmamento do futebol...
A velocidade no jogo,
geralmente, diminui com a idade, e é por isso que as equipas optam cada vez
mais por jogadores mais jovens dado o jogo se ter tornado incrivelmente rápido.
“A bola já não está parada, mas é apanhada e retirada imediatamente.” ...
Ronaldo ainda é muito
importante para Portugal pelo seu jogo de cabeça e pelo seu papel dentro da
equipa agindo como estímulo e padrão de líder, como se nota na
maneira como se dirige a colegas caídos em campo onde uma palavra dele parece
fazer milagres; porém essas qualidades humanas não se notam na TV...
O exercício da vontade ajuda a
viver com sabedoria se não se quer passar ao grupo de uma reserva abandonada ao
sobreviver...
Ronaldo e Pepe são o exemplo
do resumo ideal de tradição e inovação num mundo em apressada transformação...
A vontade, como impulso
natural de dominar e se autoafirmar expressa-se legitimamente em Ronaldo
começando pelo autodomínio adquirido através de autodisciplina, primeiro
pressuposto para se chegar à victória; essa qualidade de caracter é hoje
contrariada pelo espírito do tempo (Zeitgeist) interessado em fazer das pessoas
meras consumidoras numa sociedade que se quer comerciável (tanto a nível capitalista
como socialista) e para isso faz uso da ideologia do igualitarismo qualificando
de arrivistas pessoas e grupos que querem sair da cepa torta. Aquela
atitude simplicista, embora parecendo progressista, torna-se de facto no maior
inimigo das classes sociais menos privilegiadas porque mais apeadas à rotina e
ao hábito...
António da Cunha Duarte Justo
Ver texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9455
PARA ONDE VAI A EUROPA
População a viver cada vez
mais sozinha
O Serviço Federal de Estatística anunciou, em 02.07.2024, que 20,3% da
população da Alemanha vivia sozinha em 2023. Na média da UE 16,1% vivem
sozinhos. Na Finlândia 25,8% , na Estónia 31,5%, Portugal 9,8 % , Croácia
9,9 %, Irlanda 8,3%, Polónia 8,7 %, Chipre 8,0%, Eslováquia 3,8%.
A proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas é o dobro da média da
população. Na UE 31,8% têm 65 anos ou mais e na Alemanha 34,6%. No contingente
das pessoas que vivem sozinhas não estão incluídas as que vivem em alojamentos
partilhados ou em lares de idosos ou de terceira idade.
Embora Portugal registe 9,8 % da população a viver sozinha, é o país que
envelhece mais depressa na União Europeia. O Brasil está a tornar-se um grande
recurso para a compensar o envelhecimento da população.
Uma Europa velha e exausta, que ainda por cima nos esgota com guerras
económicas e militares, empobrece cada vez mais as suas populações e está a
levar as pessoas à solidão e ao desespero. Uma elite farta e cheia, que se
mostra tão aberta e misericordiosa com os refugiados que fogem da pobreza e das
guerras que ajudámos a instigar, deveria criar meio de ser também
misericordiosa com a sua população precária.
No final, continuamos a beneficiar da sua ânsia de vida, que há muito
perdemos. A nossa cultura despede-se de si mesma e fica um vasto território
para povoar e cultivar.
Uma esperança: o mundo e a natureza continuam.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9452
PARABÉNS SELECÇÃO PORTUGUESA
A selecção portuguesa jogou bem durante 120 minutos e depois não teve
sorte.
Depois de um empate de 0 a 0 no tempo normal com prolongamento os
penáltis (3-5) deram a victória à França.
De resto, a culpa morreria solteira se não fossem os erros a
desculpá-la.
Comoveram-me as lágrimas de Pepe ao dizer: “O futebol é cruel”.
Um bom fim de semana para todos.
Silêncio do prefeito eleito Léo Moraes quanto à escolha de nomes para o governo preocupa aliados
O silencio do prefeito eleito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), quanto à escolha de nomes para comporem a sua principal equipe de governo vem se
Zumbi dos Palmares: a farsa negra
Torturador, estuprador e escravagista. São alguns adjetivos que devemos utilizar para se referir ao nome de Zumbi dos Palmares, mito que evoca image
Imagino quão não deve estar sendo difícil para o prefeito eleito Léo Moraes (Podemos) levar adiante seu desejo de não somente mudar a paisagem urban
Aos que me perguntam sobre eventuais integrantes da equipe que vai ajudar o prefeito eleito Léo Moraes a comandar os destinos de Porto Velho, a part