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Teatro - O cordel da mentira


Abrem-se as cortinas, as ribaltas se iluminam... vai começar o espetáculo... senhoras e senhores, entra em cena, o cordel da mentira e da escrotice. A última e maior pieguice dos últimos tempos. Estou falando do cordel intitulado o Teatro Estadual de Rondônia, publicado pelo órgão oficial de cultura do Estado. Lá dentro, os rimados versos de puxa-saquismo e da mentira evidentes, acerca da construção do tão falado teatro (aquela obra há tempos iniciada e que hoje estampa o feio mosaico arquitetônico da cidade).

A princípio aquela coisa erigida ali, próximo ao complexo da esplanada das secretarias e que, talvez, um dia, venha a ser um teatro, representa o real sentimento e valor que se dá à cultura aqui nestas paragens do poente. Aquela ruína simboliza o grau de comprometimento, de investimento, de compreensão e responsabilidade com que governantes se inclinam para esfera cultural. É desse jeito! Queres entender, diagnosticar e definir o que seja cultura, enquanto política pública, por aqui, é só visitar o teatro olhar... refletir e... pronto.

Vejo aquele escombro (a obra inacabada) como sendo o diploma na parede, por tudo que aqui se faz no campo da cultura.  Seria demais exigir de quem não tem pra dar. Não queremos que esteja internalizado na cabeça desses caras (se é que eles tem cabeça), a compreensão de que cultura deve ser encarada como política pública de ponta no processo de transformação social. O malfadado teatro ainda nem está pronto e já tem literatura publicada, com enunciados que vangloriam e enaltecem o construtor. O verdadeiro teatro vigente que tenho avistado, por essas bandas é o grande sarro que essa cartilha ou cordel, tira da cara dos artistas, produtores culturais e do público em geral.

Tomo a liberdade de manifestar a minha indignação e protesto sobre este assunto, ancorado no tédio que isso representa para a opinião pública, afinal todo mês é uma conversa, um anúncio e não sei mais o quê. Pra piorar, agora nos presenteiam com este livreto de mau gosto, um autêntico produto da sacanagem cultural. Tô puto da vida com essas coisas, chega, vamos dar uma basta! Que se construa ou não o tal teatro. Isso é uma coisa. Agora encher o peito de comenda e reconhecimentos pelo que não existe, gozando da cara da população, gastando dinheiro com aquela cartilha sarrista é zombar da gente, é realmente chamar pra briga! Como nos parece o pessoal não está a fim de briga e, muito menos interessado em manifestar o seu repúdio, durma-se com esse barulho e sob o embalo dos versos grafados no cordel da mentira. Tô fora!         
 
Fonte: Altair Santos (Tatá)
Músico"
 

 

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