Sábado, 2 de junho de 2018 - 13h45
Após o caos em que Pedro Parente mergulhou o país, ao provocar a greve dos caminhoneiros com os aumentos abusivos dos combustíveis, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sumiu. Certamente para não ter que responder a perguntas indiscretas, como responsável pela indicação de Parente para a presidência da Petrobrás, o guru dos tucanos preferiu fingir-se de morto até passar o mau tempo, que prenuncia tempestades próximas. Cresce a pressão, até entre aliados, para que Michel Temer renuncíe. Para muita gente, depois que perdeu autoridade para conduzir o país mesmo sem legitimidade, a renúncia de Temer é a melhor solução para permitir a antecipação das eleições presidenciais e, consequentemente, para tirar a Nação do buraco em que foi lançada pelo governo golpista. Estranha-se, porém, que o ex-presidente FHC, que chegou a sugerir grandeza a Dilma para renunciar, não tenha feito até agora a mesma sugestão a Temer, provavelmente porque sabe que se o presidente golpista sair o PSDB, que só conseguiu uma fatia do poder mediante o golpe, também sairá.
Diante do panorama criado pelo movimento dos caminhoneiros, que expôs a fragilidade do governo, tudo leva a crer que Temer não conseguirá chegar até o final do mandato que usurpou da presidenta Dilma Roussef, com ou sem renúncia. Se a terceira denúncia contra ele surgir agora, com base nas acusações sobre as propinas do porto de Santos, ninguém mais conseguirá segurá-lo no Palácio do Planalto. A esta altura ele já deve ter concluído que foi um mau negócio ter derrubado Dilma para assumir o seu lugar, mas teme deixar o cargo e ficar sujeito à prisão. Diante dessa perspectiva, portanto, se conseguir um acordo sobretudo com a Justiça para não ser preso, a possibilidade de renúncia ficará mais próxima. Como, porém, as forças responsáveis pelo golpe de 2016 não admitem a volta da esquerda ao poder, especialmente de Lula que seria eleito já no primeiro turno, nos bastidores da Justiça já está sendo tramada a supressão das eleições diretas de outubro com a mudança de regime: a ministra Carmem Lúcia, presidenta da Suprema Corte, já pautou para o próximo dia 20 o julgamento de uma velha consulta, de mais de 20 anos, sobre a adoção do Parlamentarismo sem plebiscito.
A manobra é escandalosa. A ministra, que tem marcado sua presença na presidência do Supremo Tribunal Federal por manobras para alcançar objetivos políticos – um exemplo foi a questão da prisão em segundo turno para garantir a prisão de Lula – obviamente não desencavou essa ação de 1997 por acaso: a iniciativa certamente foi muito bem pensada para impedir qualquer possibilidade do ex-presidente ou de qualquer outro candidato da esquerda chegar ao Planalto. Se a eleição for indireta ainda nesta legislatura, com esse mesmo Congresso corrupto que aprovou o impeachment de Dilma, estará assegurada a manutenção dessa cambada que tomou conta do poder. E tudo continuará como dantes. A não ser que a população, através das entidades de classe, decida sair da apatia e parar o país até que as instituições, especialmente o Judiciário, se conscientizem de que, conforme reza a Constituição, o poder emana do povo. O Brasil, afinal, não pode mais continuar à mercê de onze ministros que, já faz algum tempo, passaram a ditar as regras, ignorando a Carta Magna e atropelando o Legislativo.
Em recente pronunciamento a ministra Carmem Lúcia defendeu a democracia e destacou o papel da Justiça na garantia dos direitos do cidadão, mas a realidade não casa com o seu discurso. O Judiciário, na verdade, tem dado maus exemplos de injustiça e de desobediência à Constituição em todos os níveis. Todo mundo sabe, por exemplo, que numa democracia a greve é o instrumento legal de que dispõem os trabalhadores para defender seus direitos, mas aqui a própria Justiça do Trabalho entende o contrário e condena os movimentos, tornando-os ilegais. Foi o que acabou de acontecer com a greve dos petroleiros, declarada ilegal pelo Tribunal Superior do Trabalho que, inclusive, estabeleceu uma multa absurda caso o movimento não fosse abortado. Antes, o ministro Alexandre de Moraes, nomeado por Temer, já havia fixado outra multa milionária para acabar com a greve dos caminhoneiros, que recebeu o apoio da população por conta das suas reivindicações justas. A principal reivindicação dos caminhoneiros e petroleiros, no entanto, não foi atendida até agora pelo governo Temer: a demissão do tucano Pedro Parente da presidência da Petrobrás.
Temer, que é o grande responsável pelo caos que se instalou no país, conseguiu desagradar até os seus aliados, estando por um fio. Ele e seus cúmplices continuam agarrados ao poder porque temem a prisão, conscientes de que só ainda estão livres pela proteção do foro privilegiado. E dos tucanos que integram o Supremo Tribunal Federal, mas ninguém sabe até quando terão essa proteção, porque a população não está mais indiferente à ação seletiva da Justiça e já começa a pressiona-la. Apesar do esforço da mídia golpista em esconder ou minimizar o comportamento político da Suprema Corte, que mantém preso o ex-presidente Lula e liberta tucanos acusados de manipular milhões de dólares em propina, como Paulo Preto, o povo já percebe claramente a parcialidade de juízes. Por conta disso, recente pesquisa mostra que mais de 50% da população não confia mais na Justiça que, até pouco tempo, era uma das instituições de maior confiança e credibilidade. Até quando vai perdurar essa situação ninguém sabe, mas um dia tudo muda, porque não há mal que sempre dure. Quem viver, verá.
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