Professor Nazareno*
Há quase cem dias no comando do município, a nova administração de Porto Velho tenta, a duras penas, mudar a cara da capital mais feia, desorganizada, suja, fedida e imunda do país. O Dr. Hildon Chaves e seus assessores juntamente com os quase dois mil funcionários comissionados recém-contratados procuram mostrar que a capital dos rondonienses agora tem outro aspecto. Mas parece que o trabalho de “enxugar gelo” não tem dado muito certo por aqui. Torcendo para que o imponente rio Madeira não estrague ainda mais a rompança inicial, os gurus do PSDB e seus aliados de última hora improvisam com panos quentes o que certamente será mais um desastre administrativo na capital protegida pelo Satanás. Nada ou quase nada mudou na rotina dos mais de 500 mil sofredores que tiveram a triste sina de ter “isso aqui” para morar.
Na capital dos rondonienses, no entanto, a sujeira continua seu reinado infindável. Depois da passagem da famosa banda de carnaval, por exemplo, muitas toneladas de monturo podiam ser vistas nas ruas desertas atestando que a limpeza de uma cidade deve começar pela faxina na cabeça de seus habitantes. Porto Velho não é uma cidade suja, já que ela não se suja sozinha. São seus filhos, visitantes e moradores que a emporcalham desmesuradamente todos os dias. Porém, mesmo com um início desastroso no campo político, os novos administradores procuram em vão mostrar serviço. Pudera! Depois da tritura covarde dos quinquênios nos salários dos servidores municipais e da contratação sem concurso público de quase dois mil “aspones” não restava outra coisa para os caciques da prefeitura senão limpar também a sua imagem.
Talvez por isso a prefeitura municipal encabeçou mais uma campanha sinistra para tentar colocar um pouco mais de ordem no nosso conhecido caos: “Porto Velho uma cidade em construção”. O lugar tem mais de um século de existência e essa não é a primeira vez que tentam, sem sucesso, “ensinar missa a vigário”. Da outra vez alguns “empresários” locais mandavam as pessoas abraçarem a podre cidade. Como ninguém topou beijar a carniça e se locupletar com a fedentina, a campanha “deu com os burros na água”. Por que seria diferente agora? Não há pesquisas, mas acredita-se que mais de 90 por cento dos moradores de Porto Velho são porcos e imundos mesmo. Falta só defecarem no meio da rua. Além de muitos serem mal educados, claro. Basta observar a rotina macabra em repartições públicas, comércios e principalmente nas ruas e avenidas.
A campanha é absurda, pois tenta ensinar civilidades e bons modos a um povo acostumado ao lixo e à imundície. Eu não mandaria o sujeito limpar a sua própria casa. Além de ele já estar acostumado ao lodaçal, isso seria uma intromissão em costumes alheios. A panfletagem manda também cuidar das praças. Ironia das mais infames, pois quase não há praças nesta cidade. Nem praças, nem arborização e muito menos recantos de lazer. Tem o inacabado, eleitoreiro e sujo Espaço Alternativo, onde se verifica a maior concentração por metro quadrado de garrafas de bebidas quebradas e de preservativos usados. Os igarapés são esgotos infectos com merda boiando a céu aberto. O Instituto Trata Brasil mostra a nossa capital como a mais suja do país com apenas 2% de saneamento básico. Tomara que cheguem logo as férias. Curitiba e Gramado me esperam. Vivemos um caos e o Dr. Hildon pegou um dos piores abacaxis de sua vida.
*É Professor em Porto Velho.
Quarta-feira, 27 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)