Segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018 - 07h50
Professor Nazareno*
Com muita tristeza tenho acompanhado pelas redes sociais que a jornalista, ativista social e blogueira de Porto Velho, Luciana Oliveira da Silva, seria candidata a Deputada Estadual por Rondônia. Nada mais me abateu do que esta fatídica e triste notícia, que espero, seja falsa e que a amiga não caia nesta armadilha neste exato momento em que Porto Velho, Rondônia e o Brasil precisam muito de pessoas como ela. O seu trabalho crítico é de extrema importância. Com o recente advento das redes sociais não seria o premeditado fim da Luciana como pessoa crítica, como alguém que propaga a dialética e que abre os olhos da população explorada? Temo que decisões mais poderosas já tenham encontrado um meio “legal” de calhar-lhe a voz e de colocá-la na mesma esparrela que sempre ditou as grotescas decisões da nossa sociedade.
Luciana, assim como qualquer outro brasileiro que goze dos seus plenos direitos e deveres políticos tem todo o direito de ser candidata a qualquer cargo eletivo. Porém, o momento talvez não seja agora. Ela pode até dizer que na Assembleia Legislativa ou em qualquer outro pedestal ou janela sua voz ganhará mais força, mais altivez. Acho que não. Ela só poderá concorrer a qualquer cargo eletivo se for filiada a um partido político, se já não for (tremo na alma só de pensar nisto). Se eleita, perderíamos uma das melhores ativistas políticas dos últimos tempos. E na primeira crítica ou autocrítica mais dura à atuação de seus pares seria sem dó expulsa e até poderia perder o mandato. O trabalho dela hoje nas redes sociais é importante para todos nós enquanto sociedade esquecida e explorada pelo poder. E ela nunca correu risco de perder cargo nenhum.
O vídeo que ela produziu para a campanha fascista da Rede Globo, por exemplo, já atingiu quase três vezes o tamanho da população de Rondônia. Como deputada será que “Sua Excelência” poderia se arriscar com uma publicação destas? Acho que não. Mas sendo a ativista crítica que “desce o cacete” no erro e na estrutura de poder vigente não tem problemas. Acho que ela vai servir a este mesmo poder e talvez com ele compartilhar ou até mesmo compactuar. Alex Palitot, o atuante vereador, perdeu muito do seu encanto como um dos melhores professores de História da região para servir ao mesmo partido dos Capixabas, por exemplo. Hoje ele é sabotado na Câmara de Vereadores e seu trabalho não tem sido fácil. Dizem até que o “caçador de corruptos” mais competente da História de Rondônia será candidato a governador. Uma tristeza.
Eu não faria isto, Luciana! O momento talvez não seja agora. Primeiro tentamos mudar a tradicional estrutura podre e depois entramos. Eu há quase 40 anos ainda resisto às investidas de quem quer me fazer mudar de pensamento por que se incomoda com o meu pensamento. Nunca permitirei que me chamem de excelência, apenas de senhor já me basta. Não entre nessa, amiga! Se eleita você morre como ativista política e blogueira além de ser obrigada talvez a defender canalhas. Se perder, terá um fim mais melancólico ainda. Só na possibilidade de ser candidata a um cargo na política, ela parece que já está se alinhando aos discursos corriqueiros dos políticos tradicionais:“se aceitar ser candidata, vou perseguir a lealdade com pessoas que me enxergam como o senhor, professor. Não serei uma nova cara na política, mas uma forma diferente de atuar na política”, disse. Dessa vez não acreditei na Luciana Oliveira: uma nova cara?
*É Professor em Porto Velho.
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