Segunda-feira, 21 de setembro de 2020 - 11h04
Há um certo pensamento medíocre, que pavimenta o ideário
brasileiro, e quer impor uma visão distorcida, sobre fatos, questões, alguns
temas candentes, fundamentais para a dinâmica da nossa sociedade, sem qualquer
leitura aprofundada, estudo ou pesquisa devidamente balizados, se tornando em
mera opinião, palpite, descompromissados com a realidade concreta.
Vejam por exemplo, a desconstrução que muitos querem e
tentam fazer, sobre a figura do pedagogo Paulo Freire.
Eu me pergunto, o que uma figura amável, lúcida, preocupado
com a situação da educação brasileira, e por consequência, com a realidade
social do brasileiro, sobretudo, o trabalhador não alfabetizado, o que
demonstra a sua generosidade, poderia fazer de mal para o País?
Procurem qualquer fala desse intelectual, e vejam se em
algum momento, ele se coloca como ameaça para a educação e para a sociedade
brasileira.
O objeto de Freire por excelência, a depreender das suas
obras, foi construir um pensamento, capaz de possibilitar principalmente aos
mais oprimidos, uma identidade cultural, em relação ao seu ambiente
circundante, sua realidade, suas experiências, de tal sorte, a galgar um
estágio de consciência, através de uma educação libertadora. Ou seja, formar um
cidadão consciente, do papel que ele exerce na sociedade, e o seu engajamento,
no sentido de transformá-la para o seu bem estar e da imensa maioria.
Faço de novo a pergunta: onde reside alguma coisa de
nefasto, nos propósitos de Paulo Freire?
Para quem não possui nenhuma informação sobre esse pilar da
nossa educação, e se intoxica com a maldade gratuita dos seus detratores, ele
foi o primeiro pedagogo, a criar uma forma ou um método como queiram, de
alfabetização para adultos.
A primeira experiência exitosa com o seu método, foi
colocado em prática, na cidade de Angico-Pernambuco, início da década de 60,
alfabetizando 300 adultos em 45 dias, numa realidade de um Brasil
predominantemente rural, com milhões de analfabetos, nos mais diversos
quadrantes desse imenso pais, de dimensões continentais, e que cariciam de uma
luz para iluminar os seus caminhos, através da educação.
O que de fato incomoda as elites econômicas e os grupos
políticos, em relação ao legado de Freire? Uma coisa simples. Ele pensou uma
educação transformadora, dialógica, comprometida com a realidade, na
perspectiva de transformá-la, e em transformando-a, criando as melhores
condições, para a melhoria da situação
de cada cidadão ou cidadã.
O problema, que falar em transformação num país como o Brasil, de raízes agrárias, escravocrata,
oligárquica, que quer perpetuar um sistema, que aniquila a vida da maioria, e
beneficia sempre alguns poucos, é algo de subversivo, coisa de comunista.
Quanta má fé, desinformação e estupidez.
Muitos que o satanizam, se quer, leu uma orelha de alguma
de suas obras. Se comportam, quase que de maneira uniforme, naquilo que
vulgarmente costumamos denominar, massa de manobra. Reproduzem simplesmente,
algo já encaixotado, pronto, sem nenhuma reflexão sobre os seus conteúdos.
Ninguém é obrigado a concordar com o modo de pensar desse
intelectual. Desse ponto de vista, o debate sobre formas de educar, é algo que
está em aberto, e se impõe, como uma necessidade. Fundamental, é que seja
realizado com responsabilidade, com propósitos de contribuir com um tema, que é
essencial para o desenvolvimento de uma sociedade. Mas é preciso fazê-lo com
respeito, e sobretudo, com honestidade intelectual.
Problemas na nossa educação sempre existiram. Desde a
concepção elitista de um Brasil colônia, quando ela era apropriada apenas por
poucos, e foi se reproduzindo no tempo histórico, com acúmulos de problemas
nunca resolvidos, aprofundando-se cada vez mais, até os nossos dias.
Se temos um sistema de educação decadente, capenga, que não
atende aos parâmetros internacionais, não é por culpa de um cidadão, mas pela
situação estrutural da sociedade brasileira, e a incompetência dos governantes,
que se sucederam no tempo, sem
nunca estabelece-la, como uma
prioridade. Sem nunca aportarem os investimentos necessários, de forma adequada
e bem gerenciados. Nunca capacitaram esse sistema, na sua longa trajetória
histórica, desde um Brasil colonial, através de uma política, de um
planejamento para a educação, que de fato fosse capaz, de responder aos imensos
desafios, que o ensino impõe, para se atingir patamares de uma sociedade
civilizada.
Quanto a Freire, o que deixa como exemplo, é a dimensão das
suas obras, a gratidão e admiração, daqueles que se beneficiaram e ainda se
beneficiam do seu saber pedagógico.
Um cidadão respeitado em todo o mundo, premiadíssimo, com
as mais variadas formas de honrarias, que chegam às dezenas, sendo injustamente
vilipendiado, no seu torrão natal.
O que poderíamos referenciar com orgulho, se torna um
“perigo” para a sociedade.
Brasil! Como sempre, um País caminhado em marcha à ré, com
suas enormes contradições.
Edilson Lôbo
Prof. De economia - UNIR
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