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Um Congresso pouco edificante


Um Congresso pouco edificante  - Gente de Opinião

Acompanho, com vivo interesse, não é hoje, as coisas da política nacional, com relevo para a atuação dos representantes do povo nas duas casas da República (senado e câmara), e, reconheço, não tenho motivos para contentamento. Pelo contrário. Move-me um misto de revolta e decepção, para não carregar na adjetivação. A exceção fica por conta de uns poucos, que, por serem poucos, acabam quase sempre sendo atropelados pelo rolo compressor do “Mateus, primeiro os meus”.

Quando o assunto é presença na tribuna e produção legislativa, o resultado é desastroso. Alguns estão mais preocupados em aparecer na mídia, enquanto assuntos relevantes são relegados a um plano secundário. No fundo, não há a menor preocupação com o interesse público, não se discute e não se apresenta qualquer projeto. Enfim, não existem propostas, e o futuro do país nunca entra em cogitação.

Tem mais. Ainda na atual legislatura, em diferentes oportunidades, reiteradamente, congressistas legislaram em causa própria, quer criando privilégios, quer aumentando a lista dos já existentes. Não menos deplorável foi a criação da CPI da Covid, que não produziu absolutamente nada de concreto em proveito da sociedade e, como tantas outras comissões, instituídas com fins eleitoreiros, acabou na vala comum do esquecimento, sendo, inclusive, alvo de motejo por parte de muita gente. Não sem motivo foi batizada de a “CPI do Circo”. Some-se a isso o sinecurismo deslavado, o que, por si só, constitui uma afronta intolerável a tantos milhões de contribuintes que trabalham duramente ao longo do ano, em sua maioria, em troca de salários aviltantes.

Alguém pode até dizer que sempre foi assim em todas as épocas, ao que eu respondo com um sonoro não. É certo que o Congresso nunca foi e, evidentemente, jamais será um mosteiro, mas garanto, com absoluta convicção, que houve tempo em que nele atuava, com extraordinário peso, uma expressiva minoria de parlamentares de brilho incomum, pelo talento, pela cultura ou pela indiscutível integridade moral. 

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