Sábado, 19 de junho de 2021 - 10h24
Houve
uma época em que CPI era sinônimo da busca da verdade, da correção de rumos. De
uns tempos para cá, porém, algumas CPI’s viraram instrumentos de barganha, de
pressão política. Ninguém quer saber de investigar coisa nenhuma. O que muitos
políticos querem é aparecer na mídia. Alguns até arrumam o penteado quando
percebem que estão sendo filmados. A finalidade é tão-somente tumultuar o curso
natural dos acontecimentos, colocar mais lenha na fogueira para, destarte,
colher as melhores castanhas no braseiro.
Observe-se,
por exemplo, a CPI da Pandemia. Alguém, em sã consciência, acredita mesmo que o
senador Renan Calheira, relator da Comissão, está preocupado com os quase
quinhentos mil brasileiros que perderam suas vidas para o covid-19? Evidente
que não. Político da estirpe de Calheiro só se preocupe com seus mesquinhos e
inconfessáveis interesses.
Só
mesmo quem tem no lugar dos miolos aquilo que as moscas adoram pode acreditar que
ele quer justiçar alguém pela prática de eventual crime. Logo Renan, que responde
a dezessete processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Danem-se os interesses
da população. No fundo, o que importa para essa gente é a manutenção de velhos
e surrados arranjos políticos.
Na
cartilha política de Renan não existe a palavra ideologia, mas, sim,
pragmatismo. Ele é o tipo do político que migra para a oposição quando a
administração cai em desgraça. E faz isso não é de hoje. Começou em 1990,
quando foi líder do governo Fernando Collor de Mello na Câmara dos Deputados. Renan
foi um dos artífices da candidatura de Collor à presidência da República e o
primeiro abandonar o barco colorido quando ele começou a afundar. No caso de
Renan, aplica-se a máxima segunda a qual “macaco velho não trepa em galho
seco”. Tantos são os absurdos protagonizados pela CPI da Pandemia, que já tem
gente sugerido a criação de uma CPI para investigar a CPI.
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