Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025 - 15h52
Quem já
tomou, como eu, “leite de camburão, um complexo vitamínico que temperava
a aveia cheia de “Tribolium”, o famoso gorgulho, vai lembrar do que vou
começar a falar agora. Nesse tempo, o ano era 1971, e eu tinha sete anos. Era
estudante da Escola Municipal John F. Kennedy, na avenida Salgado Filho, em
Porto Velho, acabara de entrar para alfabetização, mas por incrível que possa
parecer, eu já sabia ler. Fui alfabetizado em casa, pela minha prima Suely
Rodrigues, a quem rendo toda a minha gratidão. Essa merenda, servida numa caneca de fibra azul piscina, era oferecida pelo Governo Militar às crianças,
través da USAID- Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional, no programa chamado de “Aliança para o Progresso. Essa mesma que agora está na mídia de todo o
mundo, como uma grande influenciadora das eleições no Brasil. Essa agência tem
desempenhado ao longo dos tempos um papel controverso nos bastidores da política
e da economia brasileira. Criada supostamente para fomentar o desenvolvimento,
a entidade acumulou histórico de influência direta na formulação de políticas
nacionais, em especial nas áreas ambiental, educacional, econômica e, mais
recentemente, no próprio processo eleitoral.
Mas, pelo
que estou vendo, parece que ninguém sabia disso. Estou vendo todo mundo falando
disso ou daquilo como se fosse uma coisa nova. Aliança para o Progresso, programa
lançado pelo governo dos Estados Unidos em 1961, sob a administração de John F.
Kennedy, visava promover o desenvolvimento econômico e social da América
Latina, com investimentos em infraestrutura, educação e combate à pobreza. No
entanto, sua verdadeira função era estratégica: impedir a ascensão de governos
alinhados ao socialismo e garantir a influência norte-americana na região,
especialmente após a Revolução Cubana de 1959.
Documentos
históricos indicam que a agência não apenas financiou campanhas midiáticas
contra o governo de João Goulart, mas também ofereceu apoio estrutural para
setores militares que viriam a tomar o poder no golpe de 1964. Além disso, a
USAID esteve diretamente envolvida na reestruturação do sistema educacional
brasileiro, alinhando-se aos interesses norte-americanos e desestimulando o ensino
crítico e político. A agência não apenas forneceu apoio econômico e estratégico
aos militares, mas também influenciou diretamente políticas públicas no Brasil,
especialmente nas áreas educacional e econômica. Então, como é que todo mundo
parece surpreso com isso?
Além
disso, um dos primeiros impactos diretos da presença da USAID foi a
reestruturação do sistema educacional brasileiro na década de 1970. O objetivo
era conter a influência de movimentos estudantis e adaptar a educação aos
interesses norte-americanos. Na prática, isso se traduziu na extinção do ensino
crítico e político das escolas públicas e na ampliação da formação técnica
voltada para as demandas do mercado global. Quem se lembra dos “Centro
Cívicos”, dos Líderes de Sala, da matéria de OSPB- Orientação Social e Política
do Brasil? Oh, sério, quem diria! Nunca imaginei... (só que sim)”. Numa
linguagem chula, dona |Aurea, minha avó, se expressava, num caso desse, dizendo
assim: Não me venha com esses peitos moles dizendo que é moça!
O papel
da USAID não para por aí. Na minha formação em Direito, tratei do assunto em
minha monografia com o tema “A influência das ONGs na Soberania Brasileira”,
mostrando que com a ascensão dos debates ambientais no cenário internacional, a
USAID redesenhou sua atuação no Brasil, tornando-se um dos principais
arquitetos das políticas ambientais que vigoram até hoje. O livro Máfia Verde,
de Lorenzo Carrasco, que ajudei a financiar, denunciava como a agência
influenciou a criação de vastas áreas de conservação ambiental na Amazônia
exatamente onde existem riquezas minerais, impedindo que o Brasil explorasse
seus próprios recursos. Assim, como estou hoje, naquela época, eu era uma vó
solitária. Cheguei a dar palestras a convite da Escola de Comando e Estado Maior
do Exército Brasileiro- (ECEME), no curso para
formação de generais, em Porto Velho, mostrando essa realidade, mas me
parece que pouca coisa foi feita. Que diga a Marina Silva, do Meio Ambiente.
Foi uma das que mais se beneficiou com os programas esquematizados pela USAID e
WWF, inseridos na politica ambiental brasileira, na cara de todos nós.
A
estratégia não é nova. Em diversos países, entre eles a África e América
Latina, a USAID financiou ONGs e grupos ambientalistas para implementar um
modelo de "preservação" que impossibilita a exploração mineral e o
desenvolvimento das regiões afetadas. Esse modelo de controle fez com que o
Brasil ficasse impedido de utilizar suas riquezas naturais, enquanto empresas
estrangeiras conseguem se posicionar para, futuramente, negociar a exploração
sob condições mais favoráveis aos interesses internacionais. A China, comendo
pelas beiradas, já se instalou na Amazônia comprando vastas áreas de terras
raras, num dos maiores contrapé, como se diz na capoeira.
Vejam só:
Se ONGs, são organizações não governamentais, como é que eu crio uma entidade
como esta para viver de recursos de governos? Não é um contrassenso? Algo está
bem claro, mas ninguém quer ver. Qual o efeito da CPI das ONGs montada no
Congresso? Não vi nenhum resultado.
Nos
últimos anos, a interferência da USAID passou a se concentrar no processo
eleitoral brasileiro. Durante a gestão do ministro do STF Luís Roberto Barroso
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram estabelecidos laços diretos entre a
agência e o órgão. Em 2021, a USAID promoveu eventos e parcerias com o TSE para
"combater a desinformação", um termo que se tornou
pretexto para a censura de oposição.
Tudo
passa a ficar às claras agora, depois da denúncia feita por Mike Benz, ex-chefe
da divisão de informática do Departamento de Estado dos EUA, durante o governo
Trump, ao afirmar que a USAID teria influenciado o processo eleitoral
brasileiro. Segundo Benz, a agência financiou organizações no Brasil para que
promovessem a censura sob o pretexto de combater a desinformação, mas o
objetivo final era enfraquecer a campanha do então presidente Jair Bolsonaro.
Ele declarou que, se não fosse pela atuação da USAID, “Bolsonaro ainda seria
presidente do Brasil”.
Documentos
gerados por essas iniciativas foram utilizados pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) para fundamentar a remoção de conteúdo e a penalização de figuras
conservadoras e de direita. A influência também se estendeu às grandes mídias.
A USAID destinou milhões de dólares para financiar programas de "verificação
de fatos", o que, na prática, resultou no direcionamento da
narrativa pública contra o governo Bolsonaro e seus apoiadores. Lembram-se do
consórcio de mídia, encabeçado pela Rede Globo? Estima-se que ao menos US$ 6,5
milhões tenham sido investidos em veículos de comunicação para reforçar uma
campanha negativa contra o projeto conservador e liberal no Brasil.
Ademais,
a censura imposta por decisões do TSE e do STF foi diretamente beneficiada
pelas diretrizes estabelecidas em parceria com a USAID. Com o pretexto de
combater discursos "antidemocráticos", jornalistas e influenciadores
de direita tiveram contas derrubadas e conteúdo bloqueado, alterando
significativamente o equilíbrio da disputa eleitoral. Esta semana a Folha de
São Paulo, que pra mim se transformou numa vergonha, disse em seu editorial que
a medida de Trump de parar as atividades da USAID, “vai afetar diretamente a
mídia independente”. Ora! Se a mídia é independente, porque precisa do dinheiro
de governos? Palhaçada.
A atuação
da USAID no Brasil segue um padrão já conhecido em outros lugares: São um
exército de milhares de funcionários agindo e mais de 40 países no mundo, com manipulação
política por meio de ONGs, interferência em eleições e restrição da soberania
nacional sob a justificativa de cooperação internacional.
O
bilionário Elon Musk, que está comandando o Departamento de Eficiência
Governamental, no Governo Trump, chamou a USAID de “organização criminosa” e
defendeu seu fechamento.
Quero ver agora o que os nossos parlamentares vão fazer. O
crime está feito, as vítimas abatidas, os assassinos e os mandantes descobertos.
O que falta? O Brasil reassumir o
controle sobre suas políticas públicas, suas riquezas e sua soberania. Parem de
espernear e ajam.
Rubens
Nascimento
é jornalista, com formação jurídica, Mestre-Maçom-GOB e ativista do Desenvolviimento.
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