Sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007 - 05h03
Você está empregado? Quanto você ganha? Qual é o seu salário base? E a sua remuneração? E os descontos? E por fim qual o seu salário líquido? Você poderá até achar bobagens responder a essas perguntas, afinal você está empregado e já sabe de tudo isso. Mesmo assim, responderei caso haja alguém que não saiba. Vamos lá.
Salário base: é o valor bruto mínimo que todo empregado recebe. É o salário de carteira, ou seja, aquele registrado na CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social. Serve de base para cálculos de horas extras, entre outros.
Remuneração: é a somatória de tudo que você recebe e que compõe o popular salário bruto. É composto de salário base, gratificações, horas extras, ajuda de custos e outros valores que você recebe. É conhecida também como proventos. São os seus direitos.
Descontos: essa é a parte ruim, pois trata-se de desembolso. São as dívidas naturais, aqueles que você não tem controle. É composto de impostos com IRRF - Imposto de Retido na Fonte, INSS, Seguro de Vida em Grupo, e outras taxas que você autoriza o RH a descontar da sua remuneração, como taxa sindical, plano de saúde e taxa da associação de empregados.
Salário líquido: é o que restou da seguinte operação matemática: remuneração menos descontos. É o valor que efetivamente vai para a sua conta bancária ou que você recebe na "boca do caixa". Esse valor é real. Você vê a "cor da grana". É o que nos dar poder de escolha na hora das compras.
Mais é só isso? Necessariamente não. Aí é que a coisa começa complicar um pouco. Praticamente, qualquer empresa, por mais simples que seja, oferece algum benefício para seus empregados, exceto, claro, aquelas que não tem nenhum respeito e estão totalmente fora dos padrões mínimos de administração de recursos humanos atuais. São os valores invisíveis, pois normalmente não são recebidos em "espécie", dinheiro vivo, como o salário líquido. Não dão tanta liberdade assim. Mas são vantagens que você recebe e que normalmente representam desembolso significativos para as empresas. Porém, as empresas modernas não consideram esse desembolso como custos, mas como investimentos. Afinal, são concedidos além do salário líquido e objetivam melhorar a qualidade de vida do trabalhador.
E os empregados? Conseguem enxergar esses benefícios como parte de sua remuneração? Quando alguém pergunta a você quanto você recebe, você responde incluindo os valores dos benefícios? Aqueles que você, geralmente, não pediu para receber? Afinal, que é salário indireto?
Salário indireto: são incentivos que transcendem ao salário base, a remuneração. São os populares benefícios. Há empresas o que chama de mimos, vantagens, que objetivam reter talentos. É claro, também podem ser pagos na remuneração, em dinheiro vivos, mas não é a regra.
Os benefícios objetivam, basicamente, aprimorar a satisfação dos empregados no trabalho e também fora dele, atender aos requisitos de saúde segurança, atrair e motivar empregados, manter uma composição competitiva favorável. Isso porque empregados felizes produzem mais e melhor.
São muitos os tipos de benefícios, por exemplo: acesso a internet, custeio de cursos escolhidos pelos empregados, tíquetes alimentação ou refeição, assistência médica odontológica, muito subsidiada, custeio de atividade física, empréstimos pessoais com baixo custo, décimo quarto salário, plano de aposentadoria, complemento de salário quando afastado pelo INSS, programas de pré-aposentadoria, plano de pensão, assistência jurídica, transporte, serviços de lazer e atividades sociais, custeio de pós-graduação, recompensas por produtividade, e algumas empresas oferecem, literalmente, "casa, comida, roupa lavada, carro com motorista e um milhão por mês".
Os benefícios, principalmente, na rede pública, geralmente são concedidos através de acordos coletivos de trabalho. Isso faz com que a maioria dos empregados não se identifiquem com eles e praticamente não os enxerguem. Por quê? Simples, não pediram para tê-los. Apenas uma questão de conscientização, se você não fez muito esforço como é que vai valorizar? Acaba sendo entendido como uma obrigação da empresa, portanto, na mentes de desses empregados, não está computado como algo a mais, e sim como direito. O que é um erro.
O problema que os benefícios conseguidos por acordo coletivo de trabalho, necessariamente, não são direitos adquiridos. Por quê? Simples, se fossem não seria necessário renegociá-los no final da duração do acordo. Mais um motivo para que você tenham noção, se não exata, o mais aproximado possível de quanto isso representa, em valor monetário a você. E que não é para a vida profissional toda. Uma sugestão é somar os custos dos benefícios caso você tivesse que pagar por eles e depois somá-los ao seu salário líquido. Aí sim, você saberá quanto você custa para a empresa que trabalha. Só assim, o salário indireto se tornará visível e mais valorizado.
É comum empregados mudarem de emprego somente pelo aumento de salário base, aquele da carteira e esquece dos benefícios e dos reflexos sociais. No final, o que poderia ser um grande negócio passa a ser uma decisão ruim. Há muitos fatores que devem ser considerando quando você for analisar porque continua no seu atual emprego. A mesma análise deve ser feita quando for procurar um emprego. É necessário materializar as vantagens invisíveis, como os benefícios e os reflexos sociais por estar na empresa atualmente, assim poderá tomar decisões mais acertadas.
Mas não são só essas as vantagens de permanecer no emprego? Não. Mas é mais difícil de mensurar, de enxergar. Trata-se da vantagens ou desvantagens de pertencer ao quadro de pessoal da empresa em que trabalha. Isso também precisa ser considerado.
Uma pergunta: você preferia ganhar um pouco mais numa empresa pequena ou trabalhar numa empresa grande? Pergunta difícil. O bom mesmo seria que todos nós pudéssemos ter o nosso próprio negócio, mas como empregados, somos nós o próprio negócio. Deixe-me esclarecer: você admitiria alguém que já teve experiência numa empresa pequena e desconhecida ou alguém que já trabalhou na Petrobrás, por exemplo? Você decide.
Pois é, além disso, podemos tirar vantagem do fato de pertencer a uma organização famosa. Que tipo de vantagem? Tente comprar fiado ou a crédito apresentando a informação que trabalha numa empresa grande e bem conceituada no mercado? Tente ser recebido por alguém importante sem apresentar o seu crachá onde esteja gravado uma marca de uma empresa grande? O que é mais importante: o seu nome ou a logomarca registrado no crachá? Claro que há exceções. Mas são poucas. Só para ficar na área das vantagens. Deixarei para você imaginar o oposto e tirar as suas próprias conclusões. Quais são as vantagens de trabalhar em uma empresa pequena e desconhecida?
A esse fenômeno damos o nome de externalidade. No Aurélio encontramos a seguinte definição: "Fenômeno externo a uma empresa ou indústria que cause aumento ou diminuição no seu custo de produção, sem que haja transação monetária envolvida." Adaptado ao empregado, são as vantagens ou desvantagens que teria sem investir um centavo. São conseqüências naturais do fato de prestar serviços a uma empresa importante. De conhecer alguém importante? Essas conseqüências são menos visíveis do que os benefícios, mas podem ter tanto valor quanto. Mas qual o empregado que já colocou na ponta do lápis os custos que teria que pagar por algumas mordomias concedidas pela sociedade somente pelo fato de pertencer a uma grande organização?
Tarefa difícil, mas você pode ter noção disso se fizer uma profunda reflexão. Pode ser iniciada com a seguinte pergunta: se você não trabalhasse na empresa em que trabalha você teria a aceitação ou negação da sociedade a qual pertence? Em nível seria essa aceitação ou negação?
Qual é a pergunta que alguém faz logo após perguntar seu nome? Depois de ouvir a resposta, geralmente você terá que responder a seguinte pergunta: trabalha a onde? E essa resposta pode definir o grau de aceitação no ambiente em que está tentando se inserir. Você já pensou nisso? Senão, está na hora de pensar. Aproveite também para imaginar a extensão do seu "status" no meio ambiente da sua família, no seu bairro, na escola dos seus filhos. Pergunte para seu filho o que ele responde quando tem que dizer quem é seu pai ou sua mãe? Geralmente é, "sou filho do Martinho". E aí vem logo a segunda pergunta: o que ele faz? Aí, dependendo do valor que você deixa passar para seus filhos sobre a empresa que trabalha, ele responderá, orgulhosamente ou não: meu pai trabalha na CERON - Centrais Elétricas de Rondônia. A empresa de energia elétrica. E a energia elétrica contribui decisivamente para o desenvolvimento do nosso Estado. Responde orgulhosamente, ou não, o filho, porque ouviu o pai falar, também com orgulho, ou não, da empresa em que trabalha. Quanto custo isso?
Acabou? Há algo mais invisível ainda, que é fundamental sua conscientização. É o seguinte. A partir do momento que você assina um contrato de trabalho, mesmo que não esteja explícito, você passa a fazer parte de uma cultura, a cultura da empresa. Raramente a cultura da empresa é igual a sua enquanto ser social. Mas o que eu quero dizer exatamente com isso? Bom, o que quero dizer é que depois que você assina um contrato você passa a ter responsabilidades de comportamento ético, mesmo fora do âmbito empresarial. Quer dizer que você não pode se comportar de maneira irresponsável, pois isso refletirá na imagem da empresa. E isso poderá causar perda de clientes, faturamento, de emprego, o seu emprego.
Em contra partida, a linha de relacionamento da empresa também deverá ser pautada em princípios éticos, caso contrário, a repercussão da empresa irresponsável manchará a sua imagem pessoal. Poderá haver resistências de alguém em querer receber, vender ou conviver com pessoas que pertencem a instituições que ferem os princípios e valores sociais naturais ou instituídos. A empresa é um indivíduo social com as mesmas responsabilidades de uma pessoa. Ou seja, não pode poluir, tem que pagar as dívidas, cumprir as leis, respeitar o próximo, adquirir produtos e serviços dentro dos padrões legais e por aí vai. Isso que dizer que uma empresa tem comportamento e conforme for esse comportamento trará vantagens ou desvantagens para quem trabalha nela. Assim como o comportamento do indivíduo empregado poderá trazer vantagens ou desvantagens para imagem da empresa. Quanto custo isso? É possível medir? A sugestão é perguntar: estou prejudicando o desempenho da empresa com o meu comportamento? O comportamento da empresa está afetando as suas relações sociais? Descobrindo as respostas cabem duas decisões, uma para cada caso. A primeira é caso você esteja se comportando mal poderá optar por mudar seu comportamento. Caso contrário à empresa poderá decidir por você. A segunda é se o comportamento da empresa está comprometendo a sua imagem perante a sociedade, o jeito é decidir desvincular-se dela, ou relaxar e se acostumar as repercussões "negativas" em sua vida. Complicado isso, hein! Mais são fatores que devem ser considerados, e posso garantir que a compreensão dessas dimensões de valor nas relações de trabalho fará de você um empregado empreendedor, consciente, objetivo e contribuirá efetivamente para seu crescimento, da empresa, da sociedade, de forma positiva.
Acabou? Ainda tem coisas invisíveis que podem ser valorados? Claro que sim, isso não acaba nunca. Por exemplo, quanto vale a experiência adquirida no âmbito empresarial? Quanto vale a horas de treinamentos financiados pela empresa? Vale empregabilidade. Você, poderá, um dia, deixar a empresa por outra por causa dessa experiência adquirida. Isso é valor de mercado. E quanto vale as suas experiências adquiridas sem a interferência da empresa, para a empresa? Valerá a manutenção e contribuição para o crescimento dela, e claro, seu emprego e crescimento profissional, ou seja, vale empregabilidade interna, que se transformará em valor de mercado, e assim por diante.
É engraçado que estamos, necessariamente, em algum ciclo. Quanto mais entendermos o ciclo, mas poderemos contribuir com o nosso crescimento, da empresa e da sociedade.
Isso vai longe. Portanto, meu caro leitor, pense duas vezes quando for reclamar da empresa em que trabalha. O nome dela está agregado ao seu. O que você contribuir para a empresa, para melhorar ou piorar, refletirá em você de duas formas: no seu bolso, porque poderá ficar desempregado e no seu "status" na sociedade. Você poderá perder a sua identidade social. O melhor mesmo é calcular as vantagens de ficar ou não no seu atual emprego. Caso decida continuar, comprometa-se, e agregue valor ao que faz. Assim, você estará contribuindo para aumentar seu salário líquido, seus benefícios e seu status social.
Por isso trate de tornar visível e mensurado todos os prós e os contra de trabalhar onde você trabalha atualmente. Assim, poderá valorizar o que faz e fará mais sem reclamar, e trabalhar não será mais um sacrifício, mas uma paixão, um prazer e nunca ouvi (já, mas só dos pessimistas) que paixão e prazer causam estresse.
Então, agora a grande pergunta: quanto você realmente recebe da empresa em que trabalha? Quanto você contribui para a sua empresa?
Você decide e boa sorte. Mas não esqueça: trabalhar é preciso.
Fonte: Sérgio Ramos
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