Domingo, 25 de março de 2007 - 12h10
No fim de 2006 os parlamentares brasileiros iriam presentear o país com um auto-aumento salarial de quase cem por cento. A sociedade reagiu e não permitiu. Exerceu com força e brilhantismo a sua função de patrão, chavão fartamente veiculado pela Justiça Eleitoral para incentivar o cidadão a votar na eleição passada.
O tema foi retomado. O aumento agora é tido como num patamar justo. Assim definem parte da mídia e seus especialistas de sempre. A sociedade, de novo, tem que exercer seu patronato. E não pode aceitar aumento nenhum. Pelo resultado social até aqui, todos são, excessivamente, bem remunerados.
Para desfazer sua dúvida, imagine se o Estado fosse uma empresa privada. Existira alguma que pagasse este salário a um deputado (funcionário), tendo por meta o ensino de qualidade, zero de analfabetismo, emprego, valor de salário digno, moradia, segurança, e saúde, para não englobar outras coisas como prática de esporte, lazer, entretenimento, ruas limpas, e outros itens comuns em qualquer país desenvolvido. Essa relação país miserável, mordomias descabidas de elites precisa ser extirpada. Os palacetes ourificados da África mostram com clareza essa relação tacanha. Além disso, muitos nem deveriam estar no Congresso, pela retrospectiva de exemplos e condutas reprováveis. Comprova a recente exoneração de um pré-ministro. Para escancarar o escárnio com que a Câmara trata o dinheiro público, consta do texto a possibilidade de gasto sem prestação de contas. Como se não bastassem as fajutas prestações já existentes. De tão descabida, sem nem entrar no mérito da sandice, a utilização de dinheiro público tem respaldo no Princípio Constitucional da Publicidade. Qualquer lei em sentido contrário é flagrantemente inconstitucional. Se não for bastante, feriria o Princípio da Moralidade.
O jornal Folha de São Paulo já se manifestou contra o aumento em editorial. Mas todos as chamadas instituições representativas da sociedade não podem deixar de se posicionar contra mais esse acinte. A OAB, a CNBB, as centrais sindicais, e todas indistintamente. Os cidadãos tem que utilizarem os sítios (sites) www.camara.gov.br, www.senado.gov.br, 0800 - 612211 (gratuito), ou (0XX41) 3311-4141 (pago) enviar emails, telefones, telegramas, cartas e pessoalmente, nas famosas bases, tão dispendiosas com dinheiro público. Se essas medidas não forem suficientes para barrar o escárnio, manifestações devem ocorrer em todo o país. Caso não seja possível pelo distanciamento de que tanto se beneficiam nossos representantes, por estar mais próxima, a população do Distrito Federal precisa comparecer em frente ao Senado e Câmara e fazer o que for necessário para não deixar passar essa excrescência. Os parlamentares brasileiros têm abusado das prerrogativas da democracia, tão defendida quando precisam para proteção própria pelos exageros.
A sociedade brasileira decreta: abuso, jamais, nunca mais!
Pedro Cardoso da Costa - Bel. Direito
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