Terça-feira, 24 de agosto de 2021 - 14h12
Muito mais solidária que antes, a Polícia Militar de Rondônia nascida há 45 anos, atualmente com mais de cinco mil policiais na ativa e três mil na reserva, é uma corporação com reconhecido papel na sociedade. De um ano para cá, ela estendeu o exercício de seu policiamento como principal aliado ao socorro direto prestado às pessoas desde o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020.
São os policiais militares os responsáveis por manter a ordem pública e o policiamento preventivo nas cidades. Mas é possível entender também os componentes do cenário de hoje.
Esse policiamento veio na forma de transporte de doentes, atendimento psicológico – estendido aos próprios policiais –, e nas inspeções diuturnas a bares, boates, parques e outros locais públicos, durante os decretos estaduais de isolamento social. Enfim, as patrulhas retiraram de circulação pessoas que por suas ações poderiam disseminar a doença.
Essa disposição foi possível graças ao remanejamento de escalas, incluindo administrativas, as quais, possibilitaram a formação da Patrulha Covid, cujo serviço incluiu até mesmo integrantes da Banda de Música.
Essa polícia ativa teve uma mudança no comportamento, métodos de trabalho e programações rotineiras devido ao contágio do coronavírus. Policiais do setor administrativo doaram-se à assistência às vítimas da covid-19 e guarnecendo o percurso dos imunizantes e o acesso à vacina.
Segundo comandante-geral, coronel Alexandre Almeida, a política administrativa e operacional da PM no âmbito estadual funcionou bem no controle de atividades internas e externas, desde o Quartel do Comando Geral a qualquer região rondoniense. Disse ter contado com o auxílio direto do subcomandante, coronel PM Plínio Cavalcanti.
“No mais longínquo rincão desta terra de Rondon, na última trincheira, onde ele estiver, ali estará seu comandante”, enfatizou o coronel Almeida.
A PM enfrentou os desafios da pandemia do coronavírus, mas não esmoreceu, lembrou o comandante: “Agimos com determinação e confiança em Deus e cumprimos nosso juramento de proteger a comunidade com o sacrifício da própria vida”, disse o comandante geral.
Uma PM dentro dos novos tempos e desafios da suas Forças Táticas recobrem malhas das áreas onde atuam equipes de rádio patrulha, cobrindo pontos de saturação nos bairros, bloqueio de vias e outras ações preventivas que visem à captura de foragidos, apreensão de armas de fogo, armas brancas e substâncias ilícitas.
Primeiro militar da história política eleito pelo voto para o cargo, o governador Marcos Rocha é oriundo da tropa da PM na patente de coronel. Em abril deste ano inteirou 36 anos a despedida do último governador militar, coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que fora nomeado pelo ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo.
Marcos Rocha enfatizou o rigoroso PM “no aprimorado e regular esforço” como órgão alinhado em políticas públicas de transparência. Lembrou ter sido “forjado nas forças militares”, vendo nesse aspecto um grande auxílio no trabalho visando ao desenvolvimento estadual.
“A PM de Rondônia é uma das melhores do País em desempenho e referência para outras corporações. Ela tem exportado para outros estados tecnologia e conhecimento sobre atendimento de ocorrências, porque adotamos como principal enfrentamento a ilícitos, o combate à corrupção”, enaltece o governador Marcos Rocha.
Nos dias atuais, a Polícia Militar, além de suas atribuições constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou indiretamente influenciam no cotidiano das pessoas, seja atuando, orientando, colaborando com todos os segmentos da comunidade, diminuindo conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade anseia.
Mas, apesar de todo esse trabalho ostensivo, há um outro lado pouco conhecido pela sociedade. Um ofício que trata do emocional de quem vive na zona de confronto todo dia. O subtenente capelão Sérgio Alves dos Santos, 52 anos, comentou seus momentos de alegrias e de angústias: “Minha missão consiste em atender aos policiais militares, levando assistência espiritual a eles, às suas família, e tenho feito isso com alegria e fé”.
Ao receber apoio e ouvir uma oração, o policial se sente motivado, e, da mesma forma, a tropa. “Há uma ligação com os céus, porque Deus vai à frente abrindo portas e caminhos”, assinalou o subtenente Sérgio Alves.
A PM buscou esse fator motivador desde 1993. Conforme ele explicou, os momentos de alegria acontecem quando a Capelania chega ao policial de manhã ou de madrugada, atendendo e ele, à esposa e aos filhos.
O subtenente tem ouvido elogios de superiores e de subordinados, a respeito das orações em grupo, que são diárias. Mas, houve muita tristeza desde a pandemia, pela necessidade de a Capelania ter que ir a cemitérios várias vezes no mesmo dia para sepultar policiais militares vítimas do coronavírus.
“Foram momentos delicados, nada pudemos fazer mais do que o dever, mas eu creio que Deus nos abençoou, porque, mesmo com tanta dificuldade, tivemos muitas vitórias”, disse referindo-se à recuperação de diversos policiais ‘em estado crítico’. (capelão Sérgio Alves dos Santos).
Na Capelania, cujas atividades iniciaram-se sob a gestão do tenente-coronel Marrieli, o subtenente Sérgio trabalha desde 2019, e atualmente conta com o auxílio de dois pastores: o aluno a sargento Simplício e o cabo Jazem.
Pela experiência de vida e de trabalho, Sérgio percebe que o policial motivado pela oração é capaz de mudar, e isso ocorreu entre 2020 e 2021, em plena pandemia. Nesse período, segundo o capelão, policiais intubados, com diagnósticos ruins, não davam sinais que voltariam a viver normalmente.
“Ela tirou nosso sono, nosso sossego e nossa paz, mas vencemos, porque vimos o milagre da recuperação dos colegas, e isso se deve também ao trabalho de assistentes sociais, psicólogos, e orientadores profissionais treinados para proporcionar o bem-estar da tropa”, enfatizou dividindo o mérito do atendimento.
O Comando da PM pretende ampliar a Capelania, criando um núcleo para o atendimento ao interior do estado. Atualmente, a lacuna é preenchida por pastores voluntários.
“Sou grato ao comandante da PM, coronel Almeida, coronel Plínio, coronel Costa, chefe do Estado Maior, e aos 17 comandantes de batalhões que têm visto resultados e acreditam com alegria em nosso trabalho”, manifestou-se. Acrescentando: “Que os meus auxiliares, futuros capelães, continuem trabalhando bem para nossa tropa”.
O subtenente Sérgio Alves dos Santos, chegou a Rondônia em 1988, fez o concurso para a PM, foi aluno a soldado, concluiu o curso e graduou-se. Serviu no 1º Batalhão, e dez anos depois foi promovido a cabo e serviu no gabinete do comandante-geral por quase dez anos. Tem 33 anos de serviços e um filho, Rafael Alves.
Serviu na Casa Militar de 1999-2003, onde foi segurança; retornou ao 1º Batalhão por sete meses, dali, retornou ao Comando Geral e foi elevado ao posto de sargento, comandando a guarda do comando geral por aproximadamente dois anos.
Em seguida, foi o responsável pelo almoxarifado da ajudância do comando geral. Durante cinco anos também serviu no antigo Ceinfo (centro de Informática) e no departamento de comunicação social. O então comandante, coronel Ênedy Araújo, convocou-o para ser ajudante de ordem, onde ficou dois anos e meio. Voltou novamente à comunicação social, foi subchefe do major Miranda por um ano, e daí assumiu a Capelania.
“Na pandemia, nos reinventamos também”, disse o regente da Banda de Música, sargento Quélson Amorim Ferraz, 39, que fez apresentações em condomínios próximos. Em janeiro deste ano recebeu ordens para total paralisação. Em obediência a decretos governamentais que restringem aglomerações de pessoas, a banda e o combo chegaram a se reunir com apenas meia dúzia; a maioria foi integrar a Patrulha Covid.
Na velha Guarda Territorial no Governo, a banda conhecida por “Furiosa” apresentava-se em praça pública e abrilhantava solenidades, festejos e formaturas daquela instituição.
“Graças a Deus, a atividade física trouxe momentos de inspiração, especialmente aos instrumentistas de sopro, que o tempo todo testaram o seu sistema respiratório”, alegrou-se o regente. Apenas o sargento Félix, que toca trombone, esteve dez dias internados com coronavírus. Voltou e já ensaia regularmente.
Patrimônio cultural do Estado, banda e combo são atualmente o xodó da Corporação são muitos requisitados para atos oficiais e festividades escolares. Foi, porém, na pandemia, que suas lives viralizaram, e os grupos musicais ficaram conhecidos até no exterior.
O combo entra no segundo horário, enquanto na sala mais ampla os demais músicos tiram dúvidas. O som de um, não atrapalha o de outro, porque as paredes possuem abafadores de espuma tradicionais em estúdios de rádio e gravadoras. Há espaço suficiente para uma orquestra com pelo menos 50 integrantes.
Porto-velhense, formado pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), o sargento já fez parte da Corporação Musical da Escola Estadual Castelo Branco.
Bem instalados, os estúdios são visitados e requisitados para a gravação de CDs por escolas e instituições religiosas. “Olha, esses estúdios com excelente tratamento acústico são fruto de uma luta de 13 anos, mas na quarta tentativa deram certo e aí estão consolidando um sonho”, contou Quélson revelando-se o autor do projeto.
“Poucas bandas da PM do País possuem instalação assim, aqui podemos mesmo gravar CDs e voltar com as lives”, assinalou.
Foram três lives no ano passado, todas com mais de uma hora de sucessos. Obviamente, as apresentações foram parar no canal da PM no YouTube, e com isso, os mil inscritos passaram para 13 mil. Com esse canal, a PM de Rondônia está no Top 10 entre as corporações com grupos musicais conhecidos no Canadá, Estados Unidos e Japão, entre outros países.
Quélson assumiu a banda em maio de 2020. O quadro atual prevê 85 músicos, a banca tem 25 efetivos.
Durante a reforma do prédio no interior do terreno do Comando Geral, o combo permaneceu ensaiando sertanejos, forrós e pisadinhas durante a pandemia, um repertório mesclado.
A banda musical da PM tem 77 anos e fará 78 em setembro próximo. Iniciou as atividades no período da Guarda Territorial, no século passado. De 1989 a 1995, seu efetivo chegou a 48 músicos.
Incluída entre os melhores instrumentais do Brasil, a banda vem recebendo total apoio do Governo.
“O nosso comandante-geral toda semana toma café conosco”, disse Quélson. Segundo ele observa, a visita do comandante e de membros do Estado Maior da PM é uma forma de incentivo a todos. “Os músicos se sentem lisonjeados, e a própria frequência dos oficiais lhes diminui o estresse do dia a dia”, comentou.
O hábito desse encontro entre superiores e subordinados, ambos ouvindo músicas de todos os gêneros, também surpreendeu ao pessoal da reserva. Quélson conta que alguns deles também visitam os estúdios.
“Quero neste momento ser grato ao Comando Geral e ao Governo do Estado por nos proporcionar uma banda e um combo de primeira linha; esperamos que os músicos sigam estudando e se aperfeiçoando para continuar sendo vistos pelo mercado”, acrescentou.
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