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CRIME DA MOTOSERRA: 12 anos depois, justiça julga o chefe do esquadrão da morte



A força e a ousadia do Esquadrão da Morte 

CRIME DA MOTOSERRA: 12 anos depois, justiça julga o chefe do esquadrão da morte  - Gente de OpiniãoA data 30 de Junho de 1996, nunca será esquecida por grande parte dos Acreanos. Foi nesse dia no posto Parati, na avenida Antônio da Rocha Viana, que vai ser o início de uma das mortes mais violentas do Estado e quando o crime organizado vai mostrar a face mais negra do terror. Depois de uma discussão, todos que estavam próximo vão ouvir um tiro. Depois desse momento Rio Branco não será mais a mesma. O tiro atingiu Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando Pascoal, o homem mais temido do Estado, apontado como o chefe da organização criminosa chamada esquadrão da morte, um grupo de matadores que reunia policiais civis, militares, traficantes e matadores de aluguel. O homem que atirou: José Hugo Alves, será marcado para morrer a partir deste instante. O motorista dele, o mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, também tem sua sentença decretada.
Fatos

Itamar parou no posto para cobrar Hugo que teria recebido R$ 20 mil para interceder junto a um deputado, a liberdade de um traficante: Gerson Turino. Hugo pegou o dinheiro, mas não fez o serviço. Itamar seria o novo responsável pela negociação e queria o dinheiro. Na discussão ele dá um tapa no rosto de Hugo, que sacou a arma e atirou.

Hugo e Baiano fogem. Sabiam do problema que tinham comprado. Hildebrando aciona Aureliano Pascoal, primo e o comandante da Policia Militar do Acre. Todos os policiais são chamados para as buscas. Até quem estava de folga pega o próprio carro para vasculhar a cidade. Anúncios são colocados nos jornais, na televisão e espalhados pelos muros da cidade. Hildebrando promete recompensar com R$ 50 mil quem desse notícias de Hugo e Baiano.

Sequestros

Sem conseguir êxito na captura, o grupo então decide aterrorizar as famílias. A mulher de Hugo, Clerisnar dos Santos Alves e os dois filhos são seqüestrados. Todos são levados para a fazenda de Hildebrando e sofrem constantes ameaças de morte. No caso de Baiano, a esposa, Evanilda Lima de Oliveira é levada para o quartel da PM, um outro grupo leva o filho mais velho do casal para uma estrada. O garoto de 13 anos, Wilder Firmino é interrogado várias horas sobre o paradeiro do pai. Sem saber de nada, o deficiente mental é violentamente torturado. Ácido é jogado em seu corpo que fica todo queimado. No final o grupo deu um tiro na cabeça do adolescente.

Captura Baiano

No dia 2 de julho, depois de 3 dias de buscas, Baiano é encontrado em Sena Madureira. Colocado no porta-malas de um carro é levado para um galpão no bairro Nova Estação de propriedade do então vereador José Alípio. Num quarto de 16 metros quadrados Baiano vai conhecer o inferno. É torturado sem perdão, com uma motosserra. Muita agonia. O grupo vai arrancando parte de seus membros. Primeiro os braços, depois as pernas. Seus órgãos genitais são arrancados, a cabeça é perfurada com um prego. No final vários tiros são disparado no corpo já sem vida.

Para mostrar a sua força o esquadrão joga o que sobrou do corpo na avenida Antônio da Rocha Viana, próximo onde Itamar Foi morto.

Processo

A cidade se calou diante do crime Bárbaro e o caso só foi reaberto em 1999, com a CPI do crime organizado. A justiça finalmente aponta os acusados e detalhes do assassinato. 12 anos depois o julgamento será realizado. Das 9 pessoas apontadas como os matadores, dois já morreram: o vereador José Alípio e o protético Sete Pascoal, irmão de Hildebrando. Ele tinha sido o único a ser julgado. Foi condenado a 13 anos de prisão, mas já tinha cumprido a pena e estava em liberdade quando sofreu no ano passado um acidente de moto vindo a falecer.

No julgamento desta segunda-feira, segundo o processo, 7 pessoas responderão pelo crime. Hildebrando Pascoal desta vez não aparece como mandante, mas como executor; sargento Alex Fernandes Barros, braço direito de Hildebrando também. Participaram ainda do crime da motosserra: Adão Libório de Albuquerque; Amaraldo Uchoa Pinheiro, Pedro Pascoal, irmão de Hildebrando, Ney Roque e Manoel Maria Lopes o coroinha.

O Ministério Público Estadual entendeu que esses eram os principais envolvidos no crime. Outras dezenas que participaram das buscas e viram todo o sofrimento de Baiano, terminaram apenas como cúmplices da história.

Outros crimes

Hildebrando ainda vai responder pela Morte de Hugo. De acordo com o Ministério Público, ele foi encontrado no Piau e morto por Hildebrando e Raimundinho. Não tem como confirmar a história de que a cabeça de Hugo veio para o Acre como forma de prêmio. Tem ainda o julgamento do seqüestro de Clerisnar Alves e do assassinato do garoto Wilder Firmino.

Por tudo isso, ainda esta semana, espera-se que a Justiça terá dado uma resposta a um dos crimes mais bárbaros do Acre e marcou para sempre sua história.

Roberto Vaz - da redação ac24horas 
Rio Branco, Acre

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