Segunda-feira, 31 de janeiro de 2011 - 22h07
Exatas 203 pessoas já buscaram a Delegacia Especial da Cidade Operária para denunciar um homem que se passava por advogado usando três registros falsos. Ele usava dois nomes: Júlio César Sarmento (OAB de São Paulo 14.668) e Júlio César Santana (OAB Maranhão 12.359) – ambos registros fictícios.
O golpista foi descoberto em dezembro passado. Ele fugiu e até hoje a polícia não o encontrou.Quando começou a dar os golpes, ele se instalou no São Francisco. Tinha, inclusive, uma secretária. Atendia pendências judiciais normalmente. Após algum tempo, abandonou o escritório e fugiu. Mudou-se para o Jardim América. Ficava na Avenida Principal.
O falso advogado atendia muitos moradores do bairro. Com alguns, inclusive, construiu relação de amizade. Ele chegou a ter 31 processos em seu nome na comarca de São Luís. Tinha trânsito em vários órgãos do judiciário e chegou a acompanhar “clientes” em audiências nas Varas dos Fóruns Judiciais de capital, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, na Delegacia da Cidade Operária e no 6º Batalhão da Polícia Militar. Num dos casos, apresentou-se como advogado e capitão reformado do Exército Brasileiro. Dentro do batalhão, chegou a prestar continência a um comandante.
O Delegado Ednaldo Santos, titular da Delegacia Especial da Cidade Operária, encontra dificuldade em investigar o caso. A polícia quer pedir a prisão preventiva do acusado. Mas, apesar das dezenas de denúncias, ninguém sabe o verdadeiro nome dele. Caso seja preso, ele responderá pelos crimes de falsidade ideológica, estelionato e responsabilidade pessoal.
Funcionários também enganados
A reportagem conversou com um estudante de direito que trabalha com o golpista na época. E também com Suely Campos, uma de suas secretárias. Emerson Diego Ferreira conta que “Júlio César” agia com desenvoltura em fóruns e chegou a ganhar muitas causas. Diego também sofreu um golpe. Ele pegou quatro livros de direito na faculdade e emprestou para o chefe.
O falsário fugiu com os livros. Diego ficou com a dívida. Suely também conviveu de perto com Júlio César. Ela começou distribuindo panfletos sobre o escritório do falso advogado. Depois tornou-se secretária. Ganhava R$ 600 por mês. Mas só recebeu o primeiro salário. Em 7 de dezembro ele fugiu e ela nunca mais o viu. “Ninguém desconfiava de suas mentiras porque ele tinha muito acesso nos tribunais”, afirmou.
Principais golpes
Atuou num crime de homicídio. A vítima era o presidente da Colônia de Pescadores de São Bento José Carlos Arouche Soares, morto a tiros no dia 7 de setembro de 2003, em São Bento. O golpista atuou como advogado de defesa dos três acusados. Durante o processo, chegou a ganha R$ 60 mil de honorários. - O “Doutor Júlio César” é comunicativo, tem um grande poder de persuasão e faz amizades com muita facilidade. Num desses casos convenceu um cliente a comprar um carro para que o estelionatário usasse. O golpista prometeu pagar as prestações. Quando seus golpes foram descobertos, ele fugiu usando o carro.
Fonte: O Imparcial
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