Sexta-feira, 2 de dezembro de 2011 - 13h20
O novo modelo de escuta telefônica a ser adotado pela Polícia Federal, batizado de Sistema de Interceptação de Sinais (SIS), permitirá que juízes acompanhem, em tempo real, conversas de pessoas investigadas. Hoje, a polícia ouve as conversas, grava os diálogos considerados mais relevantes e faz relatórios quinzenais aos juízes.
A estrutura, um marco na era do inquérito digital, deverá ser implantada a partir de 2012. O sistema está orçado em R$32 milhões. Para a cúpula da PF, o novo sistema tornará o monitoramento mais seguro e mais fácil de ser fiscalizado.
Entre 2008 e 2009, advogados criminalistas e um grupo de parlamentares fizeram um movimento para pressionar a polícia a reduzir as escutas telefônicas. Pelo novo sistema, o juiz de determinado inquérito autorizará as escutas e, com um simples comando no computador, poderá dar início ao serviço. Hoje as ordens são escritas em papel e cabe a empregados de operadoras telefônicas desviar as chamadas para as centrais de escuta da polícia. Com a possibilidade de acompanhamento online do juiz e o fim dos intermediários, a polícia entende que se reduzem as chances de vazamento.
- Qualquer cópia das gravações ficará registrada. Vais ser mais fácil auditar o sistema - disse um delegado.
Com a implantação do sistema, toda correspondência entre policiais, procuradores e juiz de um determinado caso deverá ser feita por meio eletrônico. O mecanismo também diminuirá riscos de vazamento de informações sigilosas. A polícia deu fôlego ao projeto depois da volta da bonança financeira. Mesmo com os cortes do primeiro semestre, a PF fechará o ano com um aumento de 18% no orçamento numa comparação com as contas do ano passado. A entrada de mais recursos, permitiu a compra de armas, coletes, barcos e diversos outros instrumentos de trabalho.
Também ajudou a polícia a manter o calendário de operações em dia. De janeiro até ontem, a PF contabilizou 241 operações, duas a mais que as 239 registradas no mesmo período ano passado. Segundo um delegado, a polícia teve condições ainda de bancar o treinamento de 120 novos policias do Comando de Operações Táticas (COT), que reforça a segurança de grandes eventos, entre eles a Rio + 20, no próximo ano. Nesta mesma linha, a PF já está preparando um banco de dados de torcedores problemáticos que deverão visitar o país na Copa de 2014.
O sistema será abastecido com informações repassadas pelas polícias de outros países. Com a lista, policiais poderão identificar torcedores arruaceiros já no aeroporto, no momento do desembarque.
Fonte: O Globo
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