Terça-feira, 1 de fevereiro de 2022 - 08h43
No dia 26 de janeiro de 1982 saiu a nomeação da primeira servidora do Poder Judiciário de Rondônia, Helena Carvajal, hoje registradora e notária de um cartório da capital. Na época, com 26 anos, e já mãe de sua primeira filha, Helena conquistava um feito que entraria para a história do Tribunal de Justiça de Rondônia, graças ao seu mérito e dedicação numa época em que tudo estava sendo ainda construído.
Formada em direito pela Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso- FUCMAT, hoje FUCMS, Helena passou no primeiro concurso do Poder Judiciário daquele Estado, como técnica judiciária, o que deu a ela experiência na elaboração de documentos, fluxo organizacional e até procedimentos jurídicos que, no momento de criação do Estado de Rondônia, traria grande contribuição para a instalação do Poder Judiciário local.
Casada com um boliviano, que gostaria de viver mais próximo da família, em Guayaramerín, Helena deixou o MS para vir a Rondônia. “Viemos de férias, mas já aproveitei para entregar meu currículo em alguns órgãos públicos, um deles a Procuradoria, que imediatamente me indicou para trabalhar com o Dr. Fouad (primeiro presidente do TJRO)”, contou. Seu empenho e desenvoltura nesse momento histórico crucial foram recompensados com a nomeação como diretora-geral, cargo que ajudou a delinear, porém sem sequer sonhar que seria seu. “Na hora de escolher quem ficaria, fui surpreendida”, destacou emocionada.
Assim que nomeada, já encarou outro grande desafio: a realização do primeiro concurso da magistratura. Por integrar a organização optou por não participar do concurso, mas chegou a fazer as provas, demonstrando que, se tivesse sido inscrita oficialmente, teria sido aprovada. “Poderia ter sido da primeira turma e até ter chegado a desembargadora como muitos magistrados dessa leva”, refletiu. “Mas não me arrependo, porque construí uma trajetória muito bonita, que ficou gravada nos anais do Judiciário”, ponderou.
Helena lembra com carinho desses primeiros anos, nos quais era preciso fazer de tudo. “Eu elaborava documentos complexos e, ao mesmo tempo, servia cafezinho. Até a limpeza da sala eu assumia, porque o quadro de servidores era muito reduzido”, relembrou a desbravadora do Judiciário. “Uma vez o desembargador Fouad pontuou para os demais desembargadores, que não era mais para me pedirem café, porque eu era a diretora-geral. Mas eu não me importava. O clima sempre foi de muito respeito e cooperação”, reforçou.
Ao todo, ficou 6 anos no Poder Judiciário, até se tornar delegatária pioneira na capital. Chegou a trabalhar em dois prédios do Poder Judiciário, o Fórum Criminal, primeira sede, e depois no antigo prédio da Caerd, onde o TJ funcionaria até 2008. “Tenho orgulho da minha jornada e fico muito feliz de ter contribuído para a formação deste Poder”, finalizou.
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