Quinta-feira, 5 de dezembro de 2024 - 16h55
Os dois
cemitérios históricos de Porto Velho (RO) estão abandonados pelo poder público
e precisam passar por reparos para ter condições mínimas de visitação pela
população. Tanto o Cemitério da Candelária quanto o Cemitério das Locomotivas
têm valor histórico-cultural para Rondônia. Diante dessa situação, o Ministério
Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública para obrigar a União, o
estado de Rondônia e a prefeitura de Porto Velho a adotarem medidas urgentes de
sinalização, de limpeza e manutenção e de segurança.
Na ação,
o procurador da República Gabriel de Amorim destaca que a União é a
proprietária dos dois cemitérios históricos e já reconheceu, por meio de
portarias, a importância desses patrimônios históricos. Ainda segundo ele, o
estado de Rondônia já fez o tombamento provisório do Cemitério da Candelária na
sua Constituição e tem o dever de providenciar segurança pública para os
visitantes.
Além
disso, o procurador aponta que o município de Porto Velho é responsável pela
limpeza, conservação, intervenção de melhorias e proteção, independente de
documentação. Amorim ainda cita que “o município já havia assumido a
responsabilidade de receber a obra de revitalização do Complexo da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré (EFMM), o que implica no dever de administração e conservação do
local”.
Dessa forma, para o MPF, a União, o estado de Rondônia e a prefeitura de Porto Velho estão descumprindo seus deveres de manter os dois cemitérios limpos e conservados e garantir segurança do patrimônio histórico e dos visitantes.
Recuperação e segurança – Na ação, o MPF pede, em caráter de urgência, medidas para melhorar a sinalização dos cemitérios, como placas de sinalização, bem como medidas de recuperação, limpeza, conservação e manutenção. O município de Porto Velho deve cumprir as obrigações no prazo de 30 dias para as medidas de sinalização e 45 dias para as medidas de revitalização dos cemitérios. Em caso de descumprimento, o MPF pede a aplicação de multa de R$ 50 mil por dia de atraso.
Também em caráter de urgência, o MPF pede que o estado de Rondônia seja obrigado a instalar, no prazo de 15 dias corridos, um totem de segurança com câmeras de vigilância em 360 graus e com monitoramento 24 horas, na frente da entrada do Cemitério da Candelária. As câmeras devem ser equipadas com “visão noturna”. A instalação do totem deve ser previamente comunicado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que deverá supervisionar a sua colocação.
Por fim, o MPF pede que a União e o município de Porto velho sejam condenados ao pagamento de R$ 500 mil por danos morais coletivos causados à população de Porto Velho. O valor deve ser destinado a projetos de preservação do patrimônio histórico-cultural de Porto Velho, mediante indicação técnica do Iphan. Já o estado de Rondônia deve ser condenado a instalar ao menos 10 câmeras de segurança no interior do Cemitério da Candelária, para monitoramento por 24 horas, mediante aprovação e supervisão do Iphan, além do policiamento ostensivo do cemitério, por meio de viatura policial.
História – O Cemitério da Candelária e o Cemitério das Locomotivas fazem parte do conjunto ferroviário da EFMM, localizados a 3,5 quilômetros do centro de Porto Velho. A EFMM marcou a fundação da capital rondoniense e tinha o objetivo de transportar o principal produto de exportação brasileiro da época: a borracha.
O Cemitério da Candelária foi construído ao lado do Hospital da Candelária. No local foram sepultados mais de 1,5 mil pessoas de mais de 40 nacionalidades que vieram para trabalhar na EFMM. Na década de 1970, com a desativação da EFMM, as locomotivas foram abandonadas próximas à linha férrea, criando o Cemitério das Locomotivas. Muitos dos vagões estão em estado de deterioração e outros já foram completamente perdidos.
Em 2018, a Hidrelétrica de Santo Antônio fez a revitalização do Cemitério da Candelária, como compensação ambiental, uma das suas obrigações pela construção da barragem no Rio Madeira. Só em 2021, quando a restauração feita pela hidrelétrica já havia deteriorado, a prefeitura elaborou um projeto próprio de revitalização, que também incluía o Cemitério das Locomotivas, mas esbarrou na negativa de cessão do Cemitério das Locomotivas por pendências apontadas pelo Iphan e pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU). As pendências foram resolvidas em setembro de 2022, mas até hoje não houve resposta dos órgãos federais sobre o projeto de revitalização da prefeitura.
Em 15 de março deste ano, em uma reunião no MPF, Iphan e Superintendência do Patrimônio da União (SPU) informaram não se opor a que a prefeitura fizesse a limpeza dos locais, nem que o fosse dado início às obras de preservação dos cemitérios. Entretanto, a prefeitura informou posteriormente que não assumiria esses compromissos sem a cessão formal do Cemitério das Locomotivas.
Pedidos – Na ação, o MPF pede que o município, o estado e a União sejam condenados cumprir diversas obrigações, entre elas:
A prefeitura deve ser condenada a:
O estado de Rondônia deve ser condenado a:
A União deve ser condenada:
Ação civil pública nº 1019356-75.2024.4.01.4100
Consulta pública
O Ministério Público Federal (MPF) fez um acordo (Termo de Ajustamento de Conduta – TAC) com a empresa Comando Diesel Transporte e Logística, transp
MPF apresenta ação para que União e INSS priorizem Rondônia em nomeações de concurso de servidores
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal para obrigar a União e o Instituto Nacional de Seguro Social (I
O Ministério Público Federal (MPF) expediu, nesta quinta-feira (19), uma recomendação ao Grupo Amazon Fort, ao Grupo Pisa Festival e à Prefeitura de
Ministério Público Federal (MPF) ajuizou 193 ações civis públicas contra 647 réus em razão de desmatamentos ilegais na Amazônia registrados entre ja