Segunda-feira, 12 de junho de 2023 - 17h56
O
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (RO/AC) comemora nesta semana, dias
12 e 14 de junho, o aniversário de 50 anos de instalação das primeiras Varas do
Trabalho de Porto Velho/RO e de Rio Branco/AC. Na época, chamadas de Junta de
Conciliação e Julgamento (JCJ), as Unidades faziam parte da jurisdição do
Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com sede no estado do Pará.
O marco foi digno de uma placa comemorativa entregue pela Presidência do TRT-14
nesta segunda-feira (12/6) aos magistrados(as) e servidores(as) lotados na 1ª
VT de Porto Velho. Na ocasião, representando o desembargador-presidente Osmar
J. Barneze, o juiz Auxiliar da Presidência, Augusto Nascimento Carigé,
ressaltou a trajetória e importância da unidade para a sociedade rondoniense.
“É com imensa alegria e satisfação que chegamos a esse marco de 50 anos desta
Vara, uma Unidade que a sua implantação significou muito para a região,
significou o acesso à Justiça aos moradores da região norte. Então, em nome do
presidente do tribunal, agradeço a todos os servidores e servidoras,
magistrados e magistradas atuais e aqueles que passaram por aqui, que honraram
e honram a Justiça do Trabalho, e elevam o nome da 14ª Região a nível
nacional”.
Há exato meio século, Rondônia, na época território Federal, e o estado do
Acre, recebiam as primeiras instalações da Justiça do Trabalho. A criação
das JCJs se tornou possível com a edição da Lei nº 5.644, de 10 de dezembro de
1970. A instalação dessas Unidades foi um marco histórico, ocorreu 32 anos após
a implantação da Justiça do Trabalho no Brasil, acontecimento que representou o
acesso à justiça e à cidadania, aos brasileiros e brasileiras que habitavam em regiões
longínquas e de difícil acesso.
Ao longo desses 50 anos muitos fatos relevantes ocorreram. Momentos de
desafios, superações e evoluções que ficaram registrados na memória de quem
vivenciou esse período e também nas fotografias e documentos da época. Dentre
eles, os primeiros magistrados(as) e servidores(as) que atuaram nas Juntas de
Conciliação e Julgamento. Os juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro e
Aluízio Marçal Macedo Rodrigues foram os primeiros presidentes das JCJs de
Porto Velho e de Rio Branco, respectivamente.
Os magistrados(as) que atuaram na primeira VT de Rio Branco, e compuseram a
primeira corte trabalhista deste regional, foram os desembargadores (as) Pedro
Pereira de Oliveira, que iniciou sua carreira no Judiciário Trabalhista como
servidor, Eunice de Souza Botelho, juíza presidente em 1978, e Oswaldo de
Almeida Moura, o último juiz presidente do TRT-14.
Primeiros servidores (as) da JCJ de Rio Branco/AC
Nesta época, os servidores Valdir Reis, Clemente da Silva, Maria Uchôa, Áurea Vidal
e Waldecy Furuno da Silva também iniciaram suas atividades, quando essa região
ainda pertencia à jurisdição da 8ª Região.
Em 1981 as JCJs de Porto Velho e de Rio Branco, passaram a pertencer a 11ª
Região, com sede no estado do Amazonas, permanecendo assim, até a instalação da
14ª Região em 1986 por meio da Lei nº 7.523, de 17 de julho de 1986. Tanto a
Vara da Capital de Rondônia, quanto a do Acre, foram instaladas 13 anos antes
da criação do TRT-14.
Peculiaridade e desafios 1ª VT de Porto Velho/RO
Silmara Negrett é a atual juíza Titular da 1ª VT de Porto Velho. Antes dela,
vários juízes (as) titulares já atuaram na unidade. Alguns deles compõem
atualmente o 2º grau de jurisdição do tribunal de Rondônia e Acre.
Foto de servidores (as) com des. Shikou Sadahiro, na época juiz da VT de Porto
Velho/RO
Por se tratar de uma Vara antiga, a história da 1ª Vara de Trabalho de Porto
Velho está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento econômico e social do
estado de Rondônia. Por conta disso, possui vários processos antigos de difícil
resolução, que vêm sendo resolvidos ao longo dos anos. Como exemplo, podemos
citar o processo da categoria de vigilância e segurança, que após 18 anos de
muitos conflitos, recentemente foi solucionado.
Sendo pioneira, a 1ª VT de Porto Velho já acompanhou diversos ciclos econômicos
e sociais aqui no estado, o mais recente foi o da construção das usinas
hidrelétricas no Rio Madeira. Estima-se que pelo menos 80 mil pessoas chegaram
ao estado, atraídas por vagas nos canteiros de obras das hidrelétricas. “É
natural que ao longo desse crescimento ocorram novos conflitos entre empregados
e empregadores, e isso reflete nas demandas que chegam até a Unidade, porém
mesmo diante de todos os desafios enfrentados ao longo desses 50 anos, a Vara
vem alcançando bom desempenho”, destacou a juíza substituta Sabina Helena Silva
de Carvalho Rodrigues.
A magistrada reforçou sobre a excelência da prestação jurisdicional da Unidade
e falou dos desafios futuros. “Conseguimos alcançar o primeiro quartil, que
significa estar entre as melhores unidades do País em excelência do serviço
jurisdicional prestado. O desafio agora é manter esse padrão de excelência a
nível nacional para os próximos anos. Para isso, nossa equipe trabalha de forma
muito esforçada e dedicada, a fim de manter uma prestação jurisdicional célere,
eficiente, mesmo considerando nosso acervo decorrente dessa história de 50
anos”.
A 1ª Vara do Trabalho de Porto Velho sempre estará de portas abertas para
atender a sociedade que venha a precisar da Justiça do Trabalho, finalizou a
juíza substituta.
Peculiaridade e desafios 1ª VT de Rio Branco/AC
Foto da sede da JCJ de Rio Branco/AC em 1973Com a criação das Juntas de
Conciliação e Julgamento tanto de Porto Velho quanto de Rio Branco, em junho de
1973, muitas mudanças foram registradas ao longo dos anos. As
transformações no serviço foram muitas, principalmente em função do advento da
tecnologia.
O desembargador Ilson Alves Pequeno Junior, vivenciou esse avanço. Ele chegou a
ser juiz na 1ª Vara de Rio Branco, de 2001 a 2011. Segundo o magistrado foi um
grande desafio, com muitos processos antigos, oriundos e herdados da 8ª e 11ª
Região, além dos processos da 14ª região.
Logo que iniciou os trabalhos na Unidade, o magistrado se lembra que de
imediato fez um trabalho de mobilização e conscientização com os servidores, e
entre as medidas adotadas, estavam os mutirões realizados aos finais de semana,
a implantação da gestão por competência e o sistema de metas. A meta principal
era chegar no final do primeiro ano de gestão, com pelo menos 50% dos processos
de execução resolvidos, de público segundo ele. “Quando eu propus isso, lembro
que o servidor Antônio Tridenor Borges, responsável pelo setor de execução, que
conhecia de cor os processos de execução, nome das partes, números dos
processos, a situação de cada um, ele comentou que a meta era uma utopia, que
eu era um sonhador. Nunca me esqueci disso, até porque, quando atingimos a meta
estabelecida, Antônio se desculpou e disse que havia sucumbido às suas palavras
e dava a palmatória”.
Foto do des. Ilson Alves com os servidores (as) da 1ª VT de Rio Branco
Outras conquistas importantes foram realizadas com a ajuda dos servidores da
Vara, como a redução do número de processos de conhecimentos, que debutavam na
pauta diária que era extensa de acordo com o desembargador. “Para isso
aumentamos o índice de conciliação e julgávamos ao encerramento da instrução
processual, em audiência única, confesso que não foi fácil. Naquela época, o
prazo para aprovação de sentença era de 10 dias, mas conseguimos também essa
meta de enxugar a pauta para no mínimo 30 dias, com a média de prazo para
apuração de sentença para 36 horas”, recorda.
Naquela época não existia a figura do juiz substituto, o que tornou o desafio
ainda maior segundo o magistrado, que permaneceu na 1ª VT de Rio Branco até
junho de 2011, quando ascendeu ao tribunal. Depois dele quem assumiu a
titularidade da unidade foi o juiz Fábio Lucas, que permanece até hoje, e com
competência conseguiu aumentar o índice da Vara.
Evolução
Com o passar dos anos, o avanço da tecnologia foi transformando o serviço,
substituindo o trabalho manual, e tornando a prestação jurisdicional mais
célere e eficiente. Dentre os avanços tecnológicos, destaca-se como o mais
importante nesse período, a implantação do processo judicial eletrônico (PJe),
implantado em 2012, a princípio em três varas trabalhistas (1ª e 2ª Varas de
Ariquemes, e 2ª VT de Jaru). No final de 2013 o regional já tinha 100% do PJe
implantado em todas as varas, com todos os servidores treinados e capacitados.
O processo administrativo eletrônico também foi implantado logo depois. “Hoje
em dia não trabalhamos mais com papel, tudo é feito eletronicamente. O advogado
pode estar em qualquer lugar do mundo e pode peticionar e de imediato ter a
resposta do juízo, de forma que há uma maior tranquilidade para todas as partes
e com celeridade processual. O nosso tribunal conseguiu com esse feito durante
muitos anos ser um dos regionais mais céleres do país, isso é um motivo de
orgulho”, destacou o desembargador Ilson, que também parabenizou a 1ª Vara de
Rio Branco por seus 50 anos. “Tenho muito orgulho de ter feito parte dessa
história. Parabenizo também todos os servidores e magistrados que por lá
passaram e muitos que ainda trabalham, essas pessoas são a memória viva do
tribunal. Tenho certeza que as novas gerações que agora chegam, encontram a
Unidade e todo o regional com bases muito mais sólidas”, conclui o magistrado.
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