Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020 - 10h54
Intitulado “Conversas Eficazes, Prestação Jurisdicional Excelente”, o projeto liderado pela juíza da comarca de Ji-Paraná, Ana Valéria Queiroz Zipparro, foi contemplada nesta terça-feira (18), com a menção honrosa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A entrega da premiação aconteceu durante a solenidade do X Prêmio Conciliar é Legal, realizada paralelamente a 1ª Sessão Ordinária de 2020, em Brasília-DF.
O trabalho, implantado em 2018, consiste em realizar conversa estruturada com os servidores e magistrado na busca pela mediação de possíveis conflitos, organizar as ideias que viabilizem a melhoria e eficácia da prestação jurisdicional de forma a aumentar a produtividade naquela comarca. As rodas de conversa têm como finalidade o desenvolvimento das relações interpessoais, que normalmente são subestimadas e desconsideradas em conversas profissionais. Neste sentido, alguns problemas que surgem podem ser resolvidos, tornando a comunicação mais fluida e eficaz, o que facilita a elaboração de novas estratégias para o atendimento ao público interno e externo.A comunicação se torna mais fluida e eficaz, o que ajuda a resolver problemas e facilita a elaboração de novas estratégias para o atendimento ao público interno e externo.
Para a juíza Ana Valéria Queiroz Ziparro, a ação também possibilita a melhoria na saúde e qualidade de vida do servidor, e por isso, o projeto está em consonância com a Resolução 207/2015. “O bem-estar físico, mental e social é diretamente afetado pelo modo como as pessoas se comunicam. Quando existem hábitos comunicativos ineficazes em um local de trabalho, os envolvidos tendem a entrar em quadros de mal-estar e estresse, tornando-se desmotivadas, desatentas e lentas no trabalho, além de ficarem suscetíveis ao adoecimento, desenvolvendo depressão e outros distúrbios. São hábitos comunicativos saudáveis, por sua vez, geram ambientes e processos de trabalho mais criativos, produtivos e eficientes, como os resultados apresentados na 2ª Vara Cível de Ji-Paraná a partir da implementação deste projeto”, observa a magistrada gestora da ação.
As etapas de trabalho compreendem as conversas estruturadas; apresentação da proposta para cada equipe; coleta de informações; organização das informações coletadas; validação das ideias a fazerem parte das reuniões – todas essas ações com as equipes divididas - ; nova rodada de conversa estruturada; conversa mediada entre duas partes ou mais (se houver a necessidade), organização da estrutura das reuniões, a ser utilizada pós intervenção e, por fim, o acompanhamento de uma reunião dirigida pela equipe – desta vez com todas as equipes reunidas.
Para desenvolver essa tarefa, a comarca conta com a atuação de uma facilitadora de conversas restaurativas, que é responsável por conduzir uma série de encontros em que os servidores entram em contato com os novos paradigmas dialógicos, por meio de conversas mediadas e se apropriam das ferramentas comunicacionais usadas no processo. “Quando as pessoas vêm de várias reuniões improdutivas, elas tendem a achar que a próxima será mais uma que não resultará em efeitos e então precisamos descobrir como era o modelo dos encontros anteriores e explicamos que temos ferramentas de comunicação que não são as mesmas utilizadas no passado. Outro ponto que podemos observar é que as pessoas não têm muita clareza a respeito da função que desenvolvem no ambiente organizacional e das tarefas que competem aos colegas, então às vezes espera ações da outra parte que na verdade não são atribuição dela, ou ainda, deixam de cumprir certas tarefas porque não reconhecem o papel que desenvolvem lá dentro”, explica a facilitadora de conversas restaurativas e mediadora, Karin Kansog.
Na avaliação quantitativa dos resultados do plano estratégico, a integração dos servidores possibilitou o aumento da produtividade na 2ª Vara Cível de Ji-Paraná. Em apenas 45 dias após a implementação das ações, as diligências saltaram: de 1.200 processos conclusos para 405, produzindo 1.199 atos jurisdicionais, pois não foram interrompidas as conclusões dos novos processos.
Construíram o projeto na 2ª Vara Cível, além da magistrada e facilitadora Karin Kansog, no gabinete, as assessoras Rivanne Ribeiro Feitosa Diegues, Nathiely Cavalheiro de Melo, Janete Balbinot, Martina Santos Queiros Vieira, e o cartório, a diretora Priscila Aguiar Freitas Diniz, a chefe de cartório Mariângela Chaves dos Santos, as técnicas Angela Pintar Garcia dos Santos, Rosilene Valkinir e Diméia de Oliveira Lino Rodrigues, os estagiários de direito Weliton do Nascimento Alexandre e Paula Fernanda de Lucena Gilio e a residente de direito Laísse Raphaelle Rufino.
Prêmio Conciliar é Legal
Nesta edição 46 práticas entraram na disputa pelo Prêmio, sendo 22 finalistas. São projetos que ajudam a fortalecer a política de resolução de conflitos por meio da conciliação e mediação. Entre os vencedores estão órgãos da Justiça e entidades que se destacaram por conseguir resultados representativos de composição consensual durante o ano.
O CNJ fez a entrega ainda de seis menções honrosas, sendo uma delas ao projeto liderado pela juíza da 2ª Vara Cível da comarca de Ji-Paraná, Ana Valéria Queiroz Zipparro.
Podem concorrer ao Prêmio Conciliar é Legal, tribunais, magistrados, instrutores de mediação e conciliação, instituições de ensino, professores, estudantes, advogados, usuários, empresas ou qualquer ente privado, que tenham práticas que contribuam para a solução consensual de conflitos.
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