Terça-feira, 16 de agosto de 2022 - 12h32
O estado de Rondônia possui um advogado inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil para cada 191 habitantes. É o que mostra novo levantamento
do Conselho Federal da OAB. Com uma população de 1.815.278 habitantes, o
estado possui 9.477 advogados inscritos na OAB. É a maior proporção da região
Norte, contra 200 do Tocantins, 237 do Amapá, 244 do Acre, 364 de Roraima, 322
do Amazonas e 374 do Pará.
O levantamento mostra ainda que o Brasil é o país com a maior
proporção de advogados por habitante do mundo. Ao todo cerca de 1,3 milhão de
advogados exercem regularmente a profissão entre 212,7 milhões de pessoas,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Proporcionalmente, há um advogado para 164 brasileiros residentes no país.
À frente do Brasil em números absolutos está a Índia, com pouco
mais de 2 milhões de advogados, mas com uma população muito maior que a
brasileira: 1,4 bilhão de indianos frente aos 212,7 milhões de brasileiros, o
que resulta em aproximadamente 1 advogado para cada grupo de 700 habitantes. Os
dados são da International Bar Association (IBA).
Nos Estados Unidos, os números mostram os mesmos 1,3 milhão de
advogados, porém para uma população de 329,5 milhões de pessoas. As informações
são respectivamente da American Bar Association (ABA) e da ONU e mostram uma
proporção de 1 advogado para cada 253 habitantes.
Para se ter uma ideia do alto número de advogados entre a população
brasileira, é possível comparar os dados com outras nações, a começar pela
vizinha Argentina. Com uma população de 46,1 milhões de pessoas, segundo
estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), existem 126 mil advogados –
número informado pela Federación Argentina de Colegios de Abogados (FACA).
Logo, uma proporção bem menor que a brasileira: 1 advogado para 365 pessoas.
A Europa tem vários cenários. Entre os 10 milhões de portugueses,
por exemplo, apenas 16 mil são profissionais da advocacia: 1 advogado para cada
625 habitantes. O Reino Unido, por sua vez, tem 146 mil advogados atuantes para
uma população de 68,8 milhões de pessoas – 1 advogado para 471 habitantes.
Abertura de cursos excessiva
Uma das razões para o enorme número de advogados no Brasil é a
abertura indiscriminada de cursos de direito pelo país. Se o número de
inscritos na OAB é surpreendentemente grande, aquele referente aos estudantes
de direito é ainda maior. Existem, hoje, no país, cerca de 1,8 mil cursos
jurídicos e, atualmente, segundo dados do próprio órgão, são mais de 700 mil
alunos matriculados.
Luta antiga e histórica da OAB, a qualificação do ensino de direito
no país poderia ter avanços maiores se não fosse a autorização desenfreada de
cursos superiores na área jurídica pelo Ministério da Educação (MEC). A Ordem,
por meio do Exame de Ordem Unificado (EOU), acaba funcionando como uma espécie
de funil educacional, peneirando os alunos aptos a trabalhar na área. A maioria
não consegue passar no exame, e a taxa de aprovação, desde que a prova foi
unificada no país, não passa de 20% - uma exceção foi o 33° EOU, em 2021,
quando a taxa foi de 31,4%.
O presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, entende que o caminho
ainda é longo. “Precisamos avançar muito na formação de futuros advogadas e
advogadas. A OAB tem o compromisso de lutar e contribuir com a modernização do
ensino jurídico brasileiro, sem abrir mão de sua qualidade, eficiência e superioridade
técnico-científica”, afirma Simonetti.
OAB Recomenda
Uma das bandeiras da atual gestão é conseguir tornar vinculantes os
pareceres que a OAB elabora ao MEC, em relação à criação de novos cursos no
país. Hoje, estes pareceres são considerados apenas opinativos.
Para incentivar as faculdades a oferecerem uma graduação em direito
com nível qualitativo cada vez mais elevado, a OAB criou, em 1999, o Selo OAB
Recomenda. O indicador é mais uma das ferramentas da luta que a Ordem vem
travando em defesa da proteção da educação jurídica no país. Junto com o EOU, o
selo é um dos instrumentos fundamentais para a garantia da qualificação dos
profissionais de direito no Brasil.
Ao instituir essa forma de reconhecimento, o objetivo da OAB era
criar um balizador para os cursos da área no país. Em 1999 – ano da criação do
selo – o MEC contabilizava 380 cursos de direito no Brasil. Um número já
considerado grande na época, com mais de 300 mil alunos cursando faculdades de
direito.
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