Sexta-feira, 20 de maio de 2022 - 09h51
Os dados que
revelam o alto custo do ajuizamento de ações de execução fiscal nos municípios
do Estado apresentados pelo desembargador José Jorge Ribeiro da Luz no Encontro
de Execução Fiscal chamaram a atenção de prefeitos (as), vereadores (as),
procuradores (as) e secretários de finanças dos municípios. O magistrado
destacou que quase 4.800 reais é o custo de um processo de execução fiscal, por
vezes, para recuperar créditos de valores baixos, o que poderia ser cobrado
extrajudicialmente. Buscar soluções mais eficientes e econômicas para a
cobrança desses créditos foi o foco do evento com grande adesão de prefeituras
e câmaras de vereadores, teve transmissão ao vivo pelo canal do TJ Rondônia no
Youtube.
Em uma
apresentação baseada em dados de créditos fiscais dos municípios nos últimos
cinco anos, o desembargador, que é o coordenador do Centro de Inteligência do
Poder Judiciário (Cijero), buscou sensibilizar os representantes dos poderes
executivos e legislativos municipais sobre a inviabilidade de se promover ações
judiciais para cobrar esses títulos. A capital Porto Velho, conta com um acervo
de mais de 13 mil processos de execução fiscal, sendo a maior parte, para
cobrar valores abaixo de 2500 reais, quase o dobro do custo do processo. “Tendo
em vista esse custo alto para os cofres públicos, ajuizar essas dívidas de
valores baixos é absolutamente inviável. Esclareceu, também, que os resultados
obtidos com essas ações são muito baixos, próximos de zero.
Para reverter
esse cenário, o magistrado defende que outros meios sejam adotados para
recuperar os valores, sem que isso importe em responsabilização do agente
público. Entre eles, a elaboração de lei municipal regulamentando a
desnecessidade de ajuizamento de ações de cobrança de pequenos valores. Tal
medida é vista com bons olhos pelo Tribunal de Contas do Estado e Ministério
Público de Contas. O presidente do TCE em Rondônia, conselheiro Paulo Curi
Neto, parabenizou a iniciativa do Tribunal de Justiça de Rondônia que deu
início a essa mobilização entre as instituições para buscar um consenso. “Esse
documento que deve ser entregue aos municípios deve racionalizar a gestão dos
créditos, trazendo economia e, quem sabe, aumento de arrecadação, garantindo
que essa gestão seja pautada pela economicidade, impessoalidade e moralidade”,
destacou o conselheiro.
Ao pontuar que
a medida tem produzido resultados positivos, o procurador chefe do Ministério
Público de Contas, Adilson Medeiros disse que tem recomendado essas
alternativas aos municípios e que a medida tem sido bastante efetiva. “Temos
recomendado que a dívida ativa conte com uma gestão mais eficiente”.
Representando
as prefeituras, o presidente da Associação Rondoniense dos Municípios e prefeito
de Urupá, Célio Lang, comemora essa mobilização que vai aperfeiçoar a
arrecadação dos recursos públicos. Lang destaca que algumas prefeituras já têm
iniciativas próprias para reduzir o ajuizamento das ações, mas o alinhamento
das ações deve facilitar a adesão por outros municípios. “Vamos ouvir essa
proposta para buscar uma forma melhor para trabalhar essa questão”,
disse.
Além de
viabilidade econômica, outro ponto destacado foi o impacto social do
ajuizamento. “É mais vantajoso, célere e econômico. Quando se promove um
protesto de alguém inadimplente, não há necessidade de se deparar com um
oficial de justiça à sua porta, o que pode causar algum constrangimento ao
devedor”, apontou o desembargador José Antonio Robles, corregedor Geral de
Justiça em Rondônia.
As discussões
também foram acompanhadas pelo Ministério Público do Estado, instituição que
zela pelos interesses difusos da sociedade como educação, saúde e meio
ambiente. “Nos municípios esses direitos só são efetivados com recursos
públicos e tudo o que venha a otimizar e garantir o aporte desses recursos
públicos tem o interesse do Ministério Público”, destacou o promotor de Justiça
Átila Sales.
Também
participaram do evento a presidente da União das Câmaras de Vereadores de
Rondônia (Ucaver), vereadora Rosária Helena e procuradores do Estado Danilo
Cavalcante e Fábio de Souza.
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