Terça-feira, 3 de setembro de 2024 - 11h10
Em
ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), a Justiça
Federal determinou prazo de 72 horas para a União responder sobre os pedidos
feitos pelo MPF para aumentar o efetivo e assegurar condições de trabalho
adequadas às brigadas PrevFogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Na
ação, o MPF pede que a Justiça Federal determine, de forma urgente, a liberação
da verba da União para contratação de 15 brigadas com 30 brigadistas
temporários cada (totalizando 450 brigadistas), com equipamentos de proteção
individual (EPIs), duas viaturas e equipamentos de combate, para atuar junto ao
Ibama em Rondônia, no combate aos incêndios florestais da região. Como
alternativa, a União pode ser obrigada a requisitar bombeiros militares de
outros estados, na mesma quantidade de agentes e de equipamentos, para atuação
sob coordenação do Ibama em Rondônia, de forma a alcançar o mesmo resultado no
combate aos incêndios.
Outro
pedido é para que a União desloque o efetivo da Força Nacional de Segurança e
do Exército Brasileiro em quantidade suficiente para garantir o patrulhamento
do entorno das áreas onde ocorre o combate às queimadas e a escolta dos agentes
brigadistas dispostos nas brigadas regionalizadas da área de atuação do Ibama
em Rondônia – Rondônia, Acre, Sul do Amazonas e Oeste do Mato Grosso.
O
terceiro pedido do MPF na ação é para que Justiça Federal determine à União o
fornecimento de, no mínimo, três aeronaves de combate – modelo KC-390 com
capacidade para transportar até 12 mil litros de água em cada voo e
helicópteros Panteras equipados com dispersores de água –, com pilotos
treinados, por tempo suficiente para conter as queimadas em Rondônia.
O
MPF também quer, ao final da tramitação do processo, a União seja condenada a
pagar R$ 50 milhões como compensação por danos morais coletivos, valor que deve
ser revertido a ações de cunho ambiental, voltadas ao reflorestamento de áreas
públicas desmatadas e atingidas pelos incêndios em Rondônia, assim como
direcionadas à retomada de terras públicas federais irregularmente ocupadas por
particulares em todo o estado.
Calamidade
pública
– Atualmente, o Ibama em Rondônia possui apenas 205 brigadistas distribuídos em
oito bases que atendem o estado e o sul do Amazonas. O Sistema de Proteção da
Amazônia (Sipam) informou ao MPF que a maioria dos focos de incêndios ocorridos
em agosto deste ano se concentra em duas unidades de conservação estaduais: o
Parque Estadual de Guajará-Mirim, local onde houve recente retirada de
invasores, e a Estação Ecológica Soldado da Borracha, unidade de conservação
reivindicada pelo agronegócio da região.
Em
todo o estado, até 19 de agosto deste ano, ocorreram 4.887 focos de incêndios,
totalizando 107.216 hectares de florestas destruídas pelo fogo, alcançando
terras indígenas e unidades de conservação em Rondônia, como é o caso da Resex
Jaci Paraná e das terras indígenas Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau e Igarapé Lage.
Porto
Velho se encontra no epicentro do manto de poluição atmosférica extrema, com a
pior qualidade do ar do planeta, em situação de calamidade pública.
Ação
Civil Pública nº 1013869-27.2024.4.01.4100
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