Quinta-feira, 1 de julho de 2021 - 08h38
A juíza auxiliar da
presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Sandra Aparecida Silvestre
de Frias Torres, representou a Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia
(Ameron), no webinário “Mães em Luta por Justiça: a Resolução CNJ n. 253/18 e o
Papel do Poder Judiciário”, ao ser convidada pela presidente, juíza Euma
Tourinho. O evento tratou sobre o movimento de mães de desaparecidos e vítimas
de violência com o objetivo de criar uma rede de proteção e informar a
sociedade sobre os serviços e programas de prevenção, atendimento e repressão.
O evento contou com a
realização de dois painéis: o primeiro teve a participação da juíza federal
Adriana Mello; da integrante do Movimento Mães do Brasil, Raquel Gonçalves; e
da representante da ONG Mães do Brasil, Lenivanda Souza de Andrade que trataram
sobre o tema “Desaparecimento Forçado de Meninas: desafios do Sistema de Justiça”.
Enquanto que o segundo painel abordou o tema “Violências pelo Estado” tendo
como foco os acontecimentos em que as forças públicas estiveram presentes na
morte de crianças e adolescentes. Este último painel foi trabalhado pela juíza
da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Adriana Cruz; a integrante do Movimento
Mães de Manguinhos, do Rio de Janeiro, Ana Paula Oliveira; e da representante
do Movimento Mães de Maio do Nordeste e fundadora do Coletivo Familiares de
Vítimas do Estado e Integrante da Coalização Negro por Direitos, Rute Fiuza.
Para a juíza Sandra
Aparecida Silvestre de Frias Torres, o webinário correspondeu às expectativas
propostas. “O objetivo primeiro era conscientizar e debater o tema, pois a
ampliação do conhecimento sobre os movimentos de mães e suas necessidades é que
permitirá a criação de uma rede de proteção. Essa rede deve incluir o
Executivo, a sociedade civil e o sistema de Justiça cuja função é dar acesso às
vítimas e seus familiares ao processo, além de informar sobre os serviços e programas
de prevenção, atendimento e repressão”, indica a magistrada rondoniense. “Hoje
não existem atendimentos no Judiciário ou programas específicos para estas
mães. Tudo o que elas tem são os movimentos que foram constituídos e mantidos
por elas mesmas. O seminário foi o primeiro passo para avançar na construção de
políticas institucionais”, complementa.
Entre as principais
dificuldades indicadas e narradas pelas mães estão a discriminação – uma vez
que a maioria são mulheres pobres e negras – ou seja, são alvo de preconceitos
e maus-tratos desde o primeiro atendimento pela polícia, culpabilizadas e até
criminalizadas pelo que ocorreu aos seus filhos; e não possuem qualquer
mecanismo de acesso ao Judiciário e tampouco informações sobre o andamento dos processos.
Vale destacar que a
Resolução 253/2018 do CNJ propõe que o Poder Judiciário crie instrumentos para
o acesso de mães de pessoas desaparecidas ou vítimas de violência ao sistema de
Justiça, como parte do plano de atenção às vítimas previsto na normativa. A
pauta está no Observatório de Direitos Humanos do CNJ e na comissão de proteção
às vítimas
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