Quinta-feira, 14 de setembro de 2023 - 16h28
O
Ministério Público de Rondônia quer a integral desativação de lixões a céu
aberto no Estado até 2 de agosto de 2024, último prazo concedido pela Lei n.
12.305/2010 para a adequação de cidades com até 50 mil habitantes, índice
populacional predominante na região. Nesta quinta-feira (14/9), a Instituição
recebeu prefeitos e secretários dos 52 municípios para ampla discussão de um
plano de trabalho que resulte na interrupção da destinação inadequada de resíduos
e na recuperação das áreas contaminadas. A absoluta omissão de gestores poderá
implicar a adoção de medidas judiciais.
O
encontro, realizado no auditório do MPRO, em Porto Velho, foi coordenado pelo
Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, que falou da reunião como a
definição de um pacto de ajuda mútua entre MP e gestores para o atendimento à
Política Nacional de Resíduos Sólidos e à Lei n. 14.026/2020 – que estabeleceu
o Marco Legal do Saneamento Básico, cuja redação também trata do tema.
O chefe
da Instituição lembrou que, ao longo dos anos, o prazo final para a desativação
dos lixões sofreu sucessivas prorrogações, até que se chegasse ao cronograma
escalonado que se encerra em 2024. Na ocasião, ressaltou a transversalidade da
questão do lixo, afirmando que a destinação inadequada de resíduos sólidos
repercute no meio ambiente, saúde e outras políticas públicas. “Estamos fazendo
um contato dialógico com os senhores, propondo um entendimento, um alinhamento.
Queremos ajudar os municípios para que a lei seja cumprida e população
beneficiada”, disse, empenhando o apoio do Ministério Público aos gestores no
processo de atendimento à norma.
Cenário - O encontro com os prefeitos teve
a presença do Coordenador do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente
(GAEMA), Promotor de Justiça Pablo Hernandez Viscardi, que fez uma apresentação
acerca do cenário do Estado, sob o ponto de vista da gestão de resíduos
sólidos.
O
integrante do MP afirmou que, dos 52 municípios, apenas três – Guajará-Mirim,
Nova Mamoré e Costa Marques –, ainda destinam resíduos aos depósitos a céu
aberto, situação que deverá ser resolvida até 2 de agosto de 2024, conforme
prazo legal.
Reiterando
o caráter negocial da reunião, o Promotor de Justiça explicou que membros do
Ministério Público em todas as comarcas do Estado estarão disponíveis para
tratativas junto aos gestores, buscando a promoção de medidas para o
atendimento da norma.
Pablo
Viscardi lembrou que, isoladamente, a interrupção de destinação de resíduos
para as áreas abertas não significa o encerramento das atividades do lixão.
“Temos que lembrar que os locais deverão ser recuperados como áreas
contaminadas para que cesse a poluição do ar, do solo e das águas superficiais
e subterrâneas”, afirmou.
O diretor
do GAEMA pediu aos gestores responsabilidade social no tratamento de catadores,
a partir da desativação de lixões e do funcionamento de aterros sanitários nos
municípios, destacando que a inclusão dos trabalhadores está prevista no Plano
Nacional de Resíduos Sólidos.
Responsabilização
- Ainda em
sua abordagem, o Promotor de Justiça falou sobre as eventuais implicações
judiciais, na seara cível e criminal, na hipótese de não atendimento à lei e de
absoluta omissão por parte dos prefeitos. O art. 54 da Lei n. 9.605/98 prevê
ser crime causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora. “Queremos trabalhar em conjunto
para que isso não seja necessário”.
Sedam – A reunião no MP de Rondônia
oportunizou a apresentação da proposta de Gerenciamento de Áreas Contaminadas
por Lixões em Rondônia, desenvolvida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Ambiental (Sedam).
Na
ocasião, o analista ambiental da pasta, João Paulo Costa Moreira, exibiu o
estudo que prevê a recuperação de áreas destinadas a lixões e prazos para o
trabalho. O material está disponível no site da Secretaria para contribuições
dos municípios.
Prefeitos
– Presente
ao encontro, o vice-prefeito da Associação Rondoniense dos Municípios (Arom),
Marcélio Brasileiro, falou das dificuldades encontradas pelos Municípios para o
cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, destacando, entre outros
pontos, os desafios orçamentários e as distâncias geográficas para a
composições de consórcios para aterros sanitários.
O
prefeito de Nova Mamoré mencionou o cumprimento da norma por mais de 90% das
cidades rondonienses e elogiou a iniciativa do Ministério Público em prestar
apoio no processo.
Compuseram a mesa de honra a Diretora da Sedam, Ana Gabriela Rover; o
presidente da Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente (Anama),
Vilmar Ferreira; e, ainda, os prefeitos Jurandir de Oliveira (Santa Luzia do
Oeste); Cornélio Duarte (São Miguel do Guaporé) e Evandro Epifanio (Rio
Crespo).
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