Quinta-feira, 4 de abril de 2019 - 13h32
O
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse hoje (4), em
Brasília, que os governos que antecederam a chegada do presidente Jair
Bolsonaro ao Palácio do Planalto foram omissos em relação ao combate à
corrupção.
Para
ele, cabe ao governo federal, em qualquer tempo, encabeçar os processos de
mudanças legais que se façam necessárias, o que, afirmou, não ocorreu antes no
tocante ao enfrentamento ao pagamento e recebimento de propinas em troca de
vantagens pessoais ou políticas.
“O que
vimos no passado, especialmente em relação ao problema da grande corrupção, foi
uma quase total omissão por parte do governo federal em apresentar propostas
direcionadas a melhorar o quadro normativo em relação ao enfrentamento à
corrupção”, disse Moro, ao participar da cerimônia de abertura da primeira
reunião ordinária do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas,
realizada na Procuradoria de Justiça Militar.
Moro
mencionou o assunto ao defender, para membros do Ministério Público, a importância
da aprovação do projeto de lei que o governo federal encaminhou ao Congresso
Nacional, propondo mudanças em diversas leis com a justificativa de tentar
reduzir a corrupção, os crimes violentos e a atuação de organizações
criminosas.
Projeto tramita na Câmara
“As
outras áreas não vão ser negligenciadas, mas este será nosso foco”, disse,
comentando que, após algumas “turbulências iniciais”, o projeto de lei está
tramitando na Câmara dos Deputados, que criou um grupo de trabalho para
unificar as diversas propostas sobre o mesmo tema que já tinham sido
apresentadas, como a do ex-ministro da Justiça do governo Temer, Alexandre de
Moraes, atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além
disso, a fim de tentar acelerar a tramitação da proposta no Congresso, senadores
apresentaram projetos idênticos ao do Moro para que já comecem a ser debatidos.
“A
ideia por trás deste projeto é mandar um recado no sentido de que o governo
federal se posiciona desta e desta forma nestas questões. Isso eu acho que é
algo importante”, acrescentou Moro, ao mencionar que, no passado, o governo
federal agia “como se não tivesse nada a ver” com o enfrentamento à corrupção.
Neste ponto, o ministro mencionou o ex-ministro da Controladoria-Geral da União
(CGU), Jorge Hage.
Criada
como Corregedoria-Geral da União em 2001, pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, para dar “o devido andamento às representações ou denúncias
fundamentadas relativas à lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público”, o
órgão foi rebatizado em 2003.
“Deixavam
o [ministro] Hage fazer o seu trabalho e [consideravam] suficiente apenas
garantir a independência e a autonomia dos órgãos de investigação, persecução e
julgamento. Ótimo, mas isso é um dever. O governo tem que fazer mais que isso.
Ele tem que ser uma liderança em processos de mudança. Daí a importância
simbólica deste nosso projeto”, pontuou Moro.
Sentenças condenatórias de segunda
instância
Ele
destacou a previsão da execução de sentenças condenatórias de segunda
instância; a regulamentação dos procedimentos de escutas ambientais – ou
grampos eletrônicos – em investigações criminais; a consolidação de um registro
nacional de informações do perfil genético de criminosos; a regulamentação do
trabalho de investigadores disfarçados em operações policiais e a aposta em
ações integradas entre as forças de segurança federais, estaduais e o
Ministério Público.
Apesar
de o projeto proposto por Moro e encaminhado à Câmara dos Deputados pelo
Palácio do Planalto estabelecer mudanças em mais de uma dezena de leis, o
ministro o classifica como uma proposta “simples”.
“Temos
outras ideias para o enfrentamento à corrupção, criminalidade organizada e
crimes violentos, mas nosso propósito inicial foi apresentar um projeto
relativamente simples. Se fossemos colocar tudo o que nós teríamos, o projeto
ficaria muito longo e levaria a maiores dificuldades para enfrentar o
problema”, disse Moro, lembrando que, paralelamente, o Ministério da Justiça e
Segurança Pública vem procurando viabilizar medidas que não dependam do aval do
Congresso, como a unificação das pastas da Justiça e da Segurança Pública
(desmembradas durante o governo Temer).
“Algumas
pessoas são contrárias. Eu acho que foi uma medida oportuna, pois, nesta área,
precisamos de um ministério forte. A separação, no fundo, tinha enfraquecido
muito a área da Justiça – talvez nem tanto a Segurança Pública”, finalizou o
ministro.
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