Terça-feira, 7 de fevereiro de 2023 - 13h01
O Ministério Público de
Rondônia promoveu reunião com integrantes de movimentos sociais para tratar da
inclusão de pessoas travestis e transexuais no ambiente escolar e educacional.
No encontro, realizado em 1º de fevereiro, no edifício-sede do MPRO, em Porto
Velho, foram discutidas várias questões afetas ao ambiente escolar, em especial
o uso do nome social pelos estabelecimentos de ensino.
Coordenada pelo Grupo de
Atuação Especial da Infância e Juventude e da Defesa da Educação do MPRO
(GAEINF), a reunião ocorreu como desdobramento do seminário “Empregabilidade de
Pessoas Travestis, Transexuais e Homens Trans”, realizado no final de janeiro,
pelo Comitê Interinstitucional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade,
composto pelo MP e demais órgãos do sistema de Justiça. No evento, a
palestrante Ilma Bezerra, integrante do Grupo Mães pela Diversidade, relatou a
recusa do uso do nome social do filho adolescente pela escola em que ele está
matriculado. O jovem é um menino trans, de 15 anos, morador da cidade de Porto
Velho.
O seminário está
disponível na íntegra no canal do TJRO no Youtube (https://www.youtube.com/
“Tentei conversar com a
diretora para falar sobre o meu filho, entender como a escola poderia
acolhê-lo. Expliquei que ele já estava fazendo o processo de transição com
acompanhamento psicológico e psiquiátrico. A resposta que tive é que o nome
social não seria aceito e o uso do banheiro masculino negado”, informa.
Como encaminhamento, ainda
durante a atividade, a Presidente da Comissão de Equidade de Gênero, Raça e
Diversidade, Promotora de Justiça Flávia Barbosa Shimizu Mazzini levou o caso para as Promotorias de Justiça com
curadoria nas áreas da Educação e Direitos Humanos.
Encontro no MP – Nas
tratativas realizadas no MP resultantes do seminário, a equipe do MP de
Rondônia fez uma abordagem da legislação vigente em âmbito municipal, estadual
e federal e constatou que a legislação local está em
descompasso com os atos normativos do Conselho Nacional de Educação. Em
vigor está a Resolução nº 1.209/2016 do Conselho Estadual de Educação de
Rondônia, que não autoriza o uso do nome social por adolescentes nas
instituições de ensino.
“É preciso fazer uma
atualização da legislação rondoniense, que hoje está em descompasso com a
brasileira”, afirmou a Promotora de Justiça titular da Educação na capital,
Luciana Ondei Rodrigues Silva.
Sobre a educação inclusiva, a
Promotora titular da Educação pontuou que “a acessibilidade arquitetônica é
imprescindível, mas outras barreiras no ambiente escolar existem e devem ser
removidas para que a escola seja de fato inclusiva e o acesso, participação e aprendizado
seja garantido a todos”.
Também presente, a
Coordenadora do GAEINF, Promotora de Justiça Tânia Garcia Santiago, falou da
importância do alinhamento da pauta entre os quatro representantes dos
movimentos sociais que atuam no tema, e que terão participação garantida pelo
Ministério Público em todas as tratativas que serão desenvolvidas para a
garantia dos direitos em questão.
A reunião teve a presença de
técnicos e servidores do MP e contou com a participação da Coordenadora do
Grupo Comunidade Cidadã Livre (Comcil), Karen de Oliveira Diogo.
Diversidade - O
Comitê Interinstitucional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade, que
organizou o seminário “Empregabilidade de Pessoas Travestis, Transexuais e
Homens Trans”, é composto pelo Ministério Público de Rondônia, Tribunal de
Justiça de Rondônia e Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região.
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