Quinta-feira, 13 de abril de 2023 - 12h05
O Ministério
Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal oito pessoas por transportar
ilegalmente brasileiros aos Estados Unidos (EUA). Elas também irão responder
por lavagem de dinheiro, em valores que ultrapassam R$16 milhões, e por
organização criminosa. Segundo a denúncia, de 2019 até 2022, a organização foi
responsável pela entrada de, pelo menos, 444 pessoas ilegalmente no país
estrangeiro, sendo que quase um terço delas era menor à época da viagem.
De acordo com as
investigações, os integrantes da organização cobravam entre R$60 mil e R$70 mil
por pessoa (valores recentemente apurados) para levá-las do Brasil até os EUA.
Com o esquema, eles teriam movimentado, de maneira ilegal e não declarada,
aproximadamente R$16,5 milhões em 45 contas bancárias entre janeiro de 2017 e
agosto de 2021.
Na denúncia,
apresentada em 20 de março, o procurador da República Reginaldo Trindade afirma
que a organização, localizada no Estado de Rondônia, “era altamente organizada
e de caráter transnacional, atuando no contrabando de brasileiros tendo como
rota o México até a entrada irregular nos Estados Unidos”.
Segundo a denúncia,
a organização incluía sócios, funcionários e colaboradores da empresa de
turismo Voe+Turismo, com sede em Buritis (RO) - a 321 quilômetros da capital
Porto Velho -, além de outras pessoas atuantes nos EUA e no México e
colaboradores que atuavam nos trâmites burocráticos de emissão de passaportes
brasileiros, com o apoio e suporte de ”coiotes”.
Para Reginaldo
Trindade, autor da ação penal, “a forma de operação do crime organizado está
cada vez mais sofisticada. Uma quadrilha, do interior do Estado de Rondônia,
patrocinando, ilegalmente, a entrada de pessoas nos Estados Unidos e
movimentando milhões neste negócio. É um esquema surreal e criminoso. Os
responsáveis terão que responder na Justiça.”
Crimes - O MPF requer à
Justiça o recebimento da denúncia e a posterior condenação dos denunciados
pelos seguintes crimes:
·
Promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa;
·
Promover migração ilegal, nesse caso, a entrada ilegal de
brasileiro em país estrangeiro; e
·
Lavar ou ocultar bens e valores.
Agentes infiltrados - A
investigação foi a primeira e única no Brasil, até o momento, que utilizou a
infiltração de agentes policiais, com autorização judicial, em organizações
criminosas que atuam na migração ilegal de brasileiros. Os policiais
infiltrados conversaram por meio de mensagens via WhatsApp com dois dos
envolvidos e conseguiram indícios suficientes da autoria e participação dos
denunciados, além de informações sobre a divisão de tarefas na organização,
valores cobrados, logística do transporte e dados do processo de lavagem do
dinheiro.
Operação Yankee - As
investigações tiveram início em 2021, a partir de documento enviado pela
agência americana US Border Patrol sobre a abordagem a um cidadão brasileiro em
El Paso, no Texas. Ele informou receber ajuda de outros para entrar ilegalmente
no país.
A operação, que
levou à prisão e desmantelamento da organização, foi deflagrada em 13 de
fevereiro deste ano nos estados de Rondônia, Amazonas, Goiás e Tocantins para o
cumprimento de mandados de busca e apreensão e prisão preventiva. Dos oito
denunciados, três encontram-se em prisão preventiva, um em prisão domiciliar e
um com monitoração eletrônica. Há, ainda, um mandado de prisão preventiva
decretado e ainda não cumprido para um dos denunciados.
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