Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Justiça

MPF quer que Incra identifique e regularize ocupações em assentamento no norte de Rondônia

Atraso do órgão tem facilitado invasões de áreas de preservação e conflitos por posse de terras em loteamento de reforma agrária em Candeias do Jamari


Arte: PFDC/MPF - Gente de Opinião
Arte: PFDC/MPF

O Ministério Público Federal (MPF) quer que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realize o mapeamento de uma área no norte de Rondônia onde famílias esperam há oito anos pela regularização das terras que ocupam no Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Jequitibá, no município de Candeias do Jamari.

Por falta de delimitação do território, o assentamento chega a ocupar, de forma irregular, áreas de reserva e proteção ambiental vizinhas. Além disso, a falta de informações por parte do Incra tem impossibilitado a adoção de medidas efetivas para regularizar a posse dos lotes e pôr fim aos conflitos agrários e à ocupação de áreas indevidas na região.

Os pedidos fazem parte de uma recomendação que o MPF emitiu ao Incra para que o órgão faça um levantamento sócio-ocupacional detalhado do local. A pesquisa deve apontar quais famílias estão fixadas tanto no PAF Jequitibá quanto nas áreas de preservação ambiental do estado de Rondônia e da área de proteção ambiental da usina hidrelétrica de Samuel, situadas no entorno. O perfil dos ocupantes também deve constar dos dados, com a indicação do tempo que lá estão e a descrição das atividades produtivas que desenvolvem.

O MPF pede também que o Incra tome as medidas necessárias para o assentamento de 25 famílias no PAF. Elas estão acampadas na área desde 2015 sob a promessa de que teriam a posse dos lotes, mas até hoje os títulos não foram concedidos. Enquanto aguardam, os ocupantes permanecem vulneráveis a investidas de particulares, que tentam expulsá-los e se aproveitam da indefinição administrativa sobre o assentamento para reivindicar as mesmas terras. Disputas judiciais, ameaças e uso de violência são práticas comuns nos últimos anos devido à falta de regularização fundiária no local.

Obstáculos - A demora do Incra é resultado, entre outros fatores, de atos normativos que o órgão expediu em 2019 a respeito dos processos de assentamento. Três memorandos-circulares daquele ano determinaram a suspensão de vistorias em áreas a serem desapropriadas para reforma agrária, o sobrestamento de processos em curso e a recusa de atendimento a entidades sem personalidade jurídica. As medidas não só criaram obstáculos para o avanço da reforma agrária nos últimos quatro anos, como também serviram de pretexto para diversas omissões que levaram a situações como a constatada em Candeias do Jamari.

“Amparado em tais memorandos, o Incra, por uma interpretação equivocada, não vem fazendo vistorias em áreas públicas, tampouco em áreas nas quais há provável propriedade pública da terra e com presença de litígio pela posse da terra”, destacou o procurador da República Raphael Luis Pereira Bevilaqua, autor da recomendação do MPF.

O documento estabelece prazo de 15 dias para que o Incra sinalize se acatará os pedidos. A resposta deve incluir também um cronograma sobre as medidas a serem implementadas. Caso se recuse a cumprir a recomendação, o órgão fica sujeito a medidas judiciais, como o ajuizamento de ação civil pública.

Acesse aqui a íntegra da recomendação 

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

MPF requer suspensão de licenciamento das obras em trecho da BR-319 que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO)

MPF requer suspensão de licenciamento das obras em trecho da BR-319 que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO)

O Ministério Público Federal (MPF) propôs ação civil pública, com pedido de liminar, para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

MPF quer informações sobre a cobertura vacinal em escolas de Rondônia

MPF quer informações sobre a cobertura vacinal em escolas de Rondônia

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofício à Agência de Vigilância Sanitária (Agevisa) pedindo informações sobre a cobertura vacinal infantoju

Após ação do MPF, unidades de saúde de São Miguel do Guaporé (RO) devem fornecer certidão a quem não for atendido

Após ação do MPF, unidades de saúde de São Miguel do Guaporé (RO) devem fornecer certidão a quem não for atendido

Atendendo a pedido de ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal condenou o município de São Miguel do Guaporé (RO) a

MPF cobra do Ibama providências para comunidade afetada por agrotóxicos, malária e dengue, em Porto Velho

MPF cobra do Ibama providências para comunidade afetada por agrotóxicos, malária e dengue, em Porto Velho

Contaminação por agrotóxicos, proliferação de animais peçonhentos, crescentes casos de malária e dengue são problemas enfrentados pelos moradores da

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)