Segunda-feira, 17 de junho de 2024 - 15h25
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma
ação civil pública para obrigar a Universidade Federal de Rondônia (Unir) a
efetivar a política de cotas para indígenas nos vestibulares. Diversos
estudantes indígenas procuraram o MPF para reclamar das poucas matrículas de
indígenas para os cursos da universidade, especialmente no de Medicina. Após
analisar o caso, o MPF concluiu que a lentidão da Unir está impedindo o acesso
de indígenas às vagas reservadas.
Neste ano, a Unir
lançou dois editais. Um deles trazia vagas reservadas para indígenas do
território brasileiro, transfronteiriço ou transnacional, de escolas públicas
ou indígenas, ou aprovados no Enem ou exames oficiais (cota RI). O outro edital
tinha vagas reservadas para indígenas de escolas públicas, com renda familiar
bruta até um salário-mínimo per capita (cota C4) ou independentemente de renda
(cota C8).
Após serem aprovados no
vestibular, os estudantes indígenas precisam ter suas autodeclarações como
indígenas confirmadas por uma banca de heteroidentificação. Ocorre que a Unir
realizou neste ano apenas duas chamadas (convocações) para as bancas e cada uma
delas com poucos candidatos indígenas. A justificativa da Unir para não
realizar mais chamadas para bancas é que a legislação não autoriza a matrícula
de estudantes após passar 25% do semestre letivo.
O procurador da
República Leonardo Caberlon explica na ação que, caso um aprovado indígena não
compareça à banca de heteroidentificação ou, mesmo aprovado na banca, não
realize a matrícula, não há tempo para convocar outros candidatos indígenas.
“Por causa disso nenhum indígena ocupou três das vagas reservadas no curso de
Medicina neste ano, embora haja candidatos aprovados e que manifestaram
interesse em preencher as vagas do curso. A justificativa de prejuízo do ano
letivo pela Unir para não realizar mais bancas de heteroidentificação ofende os
princípios constitucionais da razoabilidade, da proporcionalidade, da
eficiência e da legalidade, bem como é contrária à política de cotas”.
Na ação proposta, o MPF
pede com urgência que a Unir seja obrigada a convocar os próximos 20 candidatos
indígenas aprovados em cada curso oferecido nos dois processos seletivos
abertos em 2024 e a realizar a matrícula dos aprovados pela banca de
heteroidentificação, até que todas as vagas destinadas às cotas RI, C4 e C8
sejam preenchidas. Outro pedido do MPF é para que a Unir disponibilize em seu
site duas listas separadas por cotas, em cada processo seletivo, sendo uma
lista dos candidatos que já foram chamados e outra lista dos próximos aprovados
a serem chamados.
Em maio deste ano, o
MPF enviou uma recomendação à Unir para que convocasse os próximos 20
estudantes indígenas aprovados nos vestibulares, entre outras medidas, mas a
recomendação não foi acatada pela universidade.
Ação Civil Pública nº
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