Sábado, 8 de junho de 2024 - 08h45
O
Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação para que a Marinha do Brasil
apresente, em até 180 dias, um plano estratégico para incluir todas as capitais
brasileiras como locais de prova do processo seletivo para o Colégio Naval a
partir de 2025. A instituição deve aperfeiçoar o sistema de escolha das
cidades, considerando a quantidade de inscrições em cada estado e região do
país.
De acordo com o procurador da República Raphael
Beviláqua, autor da ação, o objetivo é reduzir as desigualdades sociais e
regionais e assegurar paridade de condições entre os candidatos no acesso ao
processo seletivo. “Atualmente, as provas são realizadas apenas em 21 cidades
brasileiras, em prejuízo a candidatos de localidades longínquas, embora com
grande número de inscritos”, afirmou.
Como exemplo comparativo, em 2022, o Rio Grande
do Sul teve somente 80 candidatos inscritos e as provas foram realizadas em
três cidades: Porto Alegre, Santa Maria e Rio Grande. No mesmo ano, a Região
Norte – a maior do país com uma área de 3,8 milhões km², 13 vezes maior que o
estado sulista – somou 512 inscritos e as provas foram realizadas apenas em
Manaus (AM) e BeIém (PA). Já na Região Nordeste, os nove estados obtiveram 1072
candidatos aos quais foram ofertadas quatro opções para realização das provas:
Salvador (BA), Natal (RN), Fortaleza (CE) e São Luís (MA).
Quando questionado pelo MPF, o Serviço de
Seleção do Pessoal da Marinha, setor responsável pela organização do concurso,
apresentou respostas evasivas sobre o uso do quantitativo de inscritos como
critério para a ampliação dos locais de provas. Segundo relatado, a escolha dos
locais busca a maior abrangência possível do território nacional e considera a
quantidade de inscritos e as limitações logísticas e orçamentárias da
instituição militar.
O MPF expediu recomendação, ainda em abril de
2023, para que a instituição verificasse a possibilidade de realização dos
próximos processos seletivos em todas as 26 capitais, e, caso inviável, que
fosse avaliada a possibilidade de distribuir os locais de maneira proporcional
à extensão territorial e à respectiva quantidade de inscritos. O edital mais
recente publicado pela Marinha, porém, previu as mesmas cidades das edições
anteriores para o certame de 2024, em desacordo com as medidas recomendadas.
Considerando que a seleção em andamento não
pode sofrer alterações devido à proximidade da data de realização das provas –
8 e 9 de junho –, o MPF requer, na ação, que o plano estratégico seja aplicado nos
concursos realizados a partir de 2025.
O pedido do MPF na ação prevê que, caso seja
devidamente comprovada a impossibilidade de ativação de todas as capitais, a
Marinha apresente a previsão de escolha de cidades de acordo com a extensão
territorial, e de outros critérios que garantam tratamento em igualdade aos
candidatos, como a possibilidade de rotatividade entre capitais que ainda não
foram incluídas.
Ação Civil Pública nº
1001408-98.2020.4.01.3700
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